quinta-feira, 26 de junho de 2014

A 2ª INDEPENDÊNCIA DO BRASIL




Maior que Libra, cessão onerosa é só da Petrobras. É o horror para "o mercado" [megaempresas e megainvestidores estrangeiros]

Por Fernando Brito, no "Tijolaço"

"Em plena Copa, uma notícia passa sem o impacto que deveria ter na mídia.

Talvez porque seja uma das melhores notícias que se pudesse dar.

Como este blog havia informado em novembro do ano passado, o Governo entregou à Petrobrás, como estava autorizado pelas leis que aprovaram o regime de partilha, aprovadas no final do Governo Lula, quatro das seis áreas de cessão onerosa utilizadas como garantia no processo de capitalização da empresa.

Concentradas no campo de Franco, agora chamado de Búzios, tem entre 10 e 14 bilhões de barris de petróleo recuperáveis, quase o mesmo que as reservas provadas do nosso país. Algo como 25% mais do que Libra, o maior campo de petróleo descoberto no mundo neste milênio.

Além de Búzios, foram entregues as áreas do entorno de Iara, Florim e Nordeste de Tupi, que provavelmente serão unitizados (reunidos, em linguagem do setor) em uma só área de exploração.

Fora as receitas de impostos, só de lucro líquido para o país – que fica com três quartos do lucro, cabendo um quarto à Petrobras – o campo renderá à educação é a saúde brasileiras algo como 700 bilhões de reais, a preços de hoje.

É uma área capaz de, ao longo de 30 anos de produção, permitir uma extração média de 1,3 milhão de barris diários, ou metade do que tudo o que é produzido hoje no país.

E, curiosamente, a reação do mercado, na negociação das ações da Petrobras, derrubou o valor dos papéis da empresa.

É que isso irá, nos próximos anos, fazer a Petrobras ter de investir – e quase tudo dentro do Brasil – cerca de R$ 500 bilhões.

Ou, para os que gostam de comparações, 20 vezes tudo o que se chama de “gastos” com a Copa. Ou 120 vezes o valor dos empréstimos do BNDES para a construção de estádios.

São pelo menos 20 navios-plataforma, dezenas de sondas, centenas de barcos de apoio e instalações em terra.

Uma imensa máquina de distribuir receita, impostos, indústrias e serviços da cadeia de suprimento necessária.

Aos que estranharam a posição deste blog quando se tratou de leiloar o campo de Libra, à procura de parceiros capazes de injetar capital na exploração do campo de Libra, aí está a resposta do porque.

Era preciso “guardar” a capacidade da Petrobras de explorar esses campos ainda maiores.

E fazê-lo de forma a proteger o patrimônio nacional das tentativas, que não terminam, de entregar essa riqueza ao capital estrangeiro.

No final de 2016, início de 2017, Búzios produzirá seu primeiro óleo comercial e, nos dois anos seguintes, sua produção vai começar a pagar parte deste volume de investimentos.

Em um período de sete ou oito anos depois disso, a extração alcançará o limite de 5 bilhões de barris contratados, em condições mais favoráveis à Petrobras, pois passam a vigir as regras mais pesadas acertadas hoje com o Governo.

Até lá, esse dinheiro vai remunerar o crescimento da participação governamental no aumento de capital da empresa, o que tornou possível recuperar parte do pedaço da Petrobras entregue por Fernando Henrique Cardoso/PSDB, ao vender suas ações na bolsa de Nova York.

Hoje, este assunto se resumirá em pequenas e ácidas matérias nas páginas de economia dos jornais.

Em 20 anos, talvez, meus netos aprendam nos livros de escola sobre essa segunda independência – a econômica – do Brasil."


FONTE: escrito por Fernando Brito no seu blog "Tijolaço"  (http://tijolaco.com.br/blog/?p=18648).

COMPLEMENTAÇÃO

ENTREGUISTAS GAGUEJAM COM MEGACAMPO DA PETROBRAS



Entreguistas gaguejam com megacampo da Petrobras. A ressurreição da “era FHC” morreu de véspera

Por Fernando Brito, no 
"Tijolaço"

"A contratação direta da Petrobras como exploradora exclusiva do megacampo de Búzios (e a áreas de Tupi Nordeste, Florim e entono de Iara, a ele agregadas) deixou sem reação o campo entreguista da política e da economia brasileira.

Foi para o espaço a primeira das “medidas impopulares” do sonho de governo tucano: revogar o modelo de partilha do petróleo e leiloar uma quantidade de petróleo que se aproxima de todas as reservas já provadas do país até hoje.

Embora a contratação direta da Petrobras estivesse autorizada em lei e, depois de a empresa ter feito toda a prospecção preliminar das jazidas, isso fosse apenas uma consequência lógica, eles estavam certos que o enfraquecimento político da Petrobras, com a onda de “denúncias” dos últimos meses, e as dificuldades econômicas do Governo obrigassem ao planejamento de um leilão do petróleo excedente aos 5 bilhões de barris concedidos à petroleira nacional quando da capitalização, cessão que seria juridicamente quase impossível de revogar.

A esperança era esse excedente.

E esse excedente é uma imensidão de até outros 15 bilhões de barris, além daqueles cinco bilhões já contratados.

Tanto é assim que se estabeleceu um conveniente silêncio sobre o tamanho dessas reservas.

E que, sabemos agora, podem chegar a ser o dobro do megacampo de Libra.

Porque o quadro divulgado terça-feira pelo Governo e registrado na CVM como “fato relevante” pela empresa fala em até 15 bilhões de barris como “volume excedente” ao já contratado e não como volume total.

Como a gente avisou, no ano passado, Franco (agora Búzios) é maior do que Libra e, com as demais áreas agregadas, muito, muito maior.

É claro que não era só este "Tijolaço" que sabia dessa imensidão. Muito antes de mim, toda a indústria do petróleo já tinha ciência disso.

Por isso, estão sem palavras.

O inevitável “consultor” Adriano Pires, o homem que queria vender Libra pelo preço de um quarto-e-sala, lamenta no jornais: “é muito estranho fazer isso perto da eleição” e que a decisão espantará os maravilhosos “investidores estrangeiros”.

Muito pelo contrário, o que a indústria do petróleo quer é que baixem as exigências de conteúdo nacional para a exploração e como isso só acontecerá nos casos absolutamente necessários para o cronograma de exploração que a Petrobras já vem dilatando, vão é continuar a se instalar aqui. E as petroleiras estão loucas para a Petrobras vender pequenas partes das concessões que tem no pós-sal para liberar capitais para a exploração das megajazidas.

E pode ser até que o faça, muito seletivamente.

Por não terem o que falar, vão dizendo besteiras desconexas, como “sem licitação”, “dinheiro para acertar as contas públicas” e outras tolices.

A contratação direta da Petrobras está clara e explicitamente prevista na Lei da Partilha.

E os R$ 2 bilhões – do total de R$ 15 
bilhões, equivalente ao bônus de Libra – que a Petrobras pagará neste ano e em 2015 não são sequer 3% da meta de superávit primário do Governo Federal.

O governo, por seu turno, também conduziu o processo muito discretamente, para evitar o recrudescimento das campanhas antiPetrobras.

Até agora, a própria mídia está meio atônita que não “pescou” o que mencionei lá em cima: trata-se de uma área com até o dobro das reservas de Libra.

Mas escreva aí: vai começar uma imensa chiadeira.

A choradeira de perdedor."


FONTE da complementação: escrito por Fernando Brito, no seu blog "Tijolaço"   (http://tijolaco.com.br/blog/?p=18663).

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