Nesta terça-feira (27/05), o jornal “O Estado de São Paulo”, em reportagem de Fernando Dantas, informa sobre conceitos emitidos por renomadas personalidades presentes no “Fórum Nacional”.
O Instituto Nacional de Altos Estudos, INAE, é a entidade que organiza os Fóruns Nacionais, projeto intelectual independente e apartidário, com sentido pluralista, nascido em 1988 da preocupação de seus principais integrantes com o agravamento da crise nacional e a ausência de convergência quanto a um projeto nacional de desenvolvimento.
Eu li a matéria abaixo transcrita no “blog do Favre” (ver “recomendamos”):
“BRASIL, O FUTURO É AGORA”
Analistas esbanjam otimismo com o Brasil
“O Fórum Nacional, que surgiu num dos momentos mais turbulentos da história econômica brasileira, em 1988, e durante a maior parte de sua existência se voltou ao debate de problemas nacionais intratáveis, como hiperinflação e crises externas, chega a seu 20º aniversário sob o signo do otimismo e da retomada da confiança no futuro.
Em concordância com a fala do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, oradores após oradores bateram na tecla de que o País está vivendo um dos melhores momentos da sua história, com amadurecimento democrático, estabilidade macroeconômica, crescimento e melhora na distribuição de renda.
[ALBERT FISHLOW]
“Sou muito positivo quanto ao futuro do Brasil”, disse o economista e brasilianista americano Albert Fishlow, diretor do Instituto de Estudos Latino-Americanos e do Centro de Estudos do Brasil da Universidade Columbia.
Fishlow considera que, depois de 20 anos de esforços, durante os quais o País abriu sua economia, privatizou empresas ineficientes e controlou a inflação, chegou-se à etapa de integração com a economia global e de convergência de opiniões que garante a manutenção do rumo.
O economista notou que, até alguns anos atrás, o status do Brasil como membro dos Brics era contestado, o que não ocorre mais. A sigla Brics significa Brasil, Rússia, Índia e China, os grandes países emergentes cujas economias devem estar entre as maiores do mundo até meados deste século.
Fishlow, porém, colocou como prioridades, para o Brasil manter o bom momento, uma forte melhora na educação básica, o aumento da taxa de investimentos e poupança (com mais superávit primário) e a reforma da Previdência.
[ROGER COHEN]
Roger Cohen, colunista do New York Times, em uma entusiástica exposição com o título de “Brasil, o futuro é agora”, lembrou que o País tem 394 milhões de hectares aráveis, dos quais apenas 16% são usados, comparado com 269 milhões dos Estados Unidos, com uso de 70%.
Classificando de “nonsense” a acusação de que o etanol brasileiro eleva o preço global dos alimentos, Cohen notou que, em tempos de escassez global de recursos básicos, o patrimônio de terras aráveis do Brasil “assumiu uma importância crítica”.
[EDMUND PHELPS E O “BOLSA FAMÍLIA”]
O economista Edmund Phelps, prêmio Nobel de Economia e convidado especial do Fórum, fez uma exposição mais teórica, e não ligada diretamente ao Brasil, em que explicou o conceito de “dinamismo econômico”, que não deve ser confundido com o do crescimento econômico puro e simples.
Definindo o dinamismo como “a capacidade de inovação em direções comercialmente viáveis”, ele disse que o conceito está relacionado com a satisfação dos trabalhadores e com o constante revezamento das empresas que dominam os diferentes setores da economia.
Para Phelps, os inimigos do dinamismo econômico - que ele defende como um valor em si mesmo, ligado à realização do ser humano - são a prevalência de benefícios sociais sobre o trabalho e o espírito empreendedor, e das reivindicações de ativistas sociais sobre os direitos de propriedade.
Ele frisou, porém, que considera o Bolsa-Família “um passo no rumo certo”, e não um programa assistencialista. Outro adversário do dinamismo, para o prêmio Nobel, é o fechamento da economia. Phelps deixou claro que o pólo de dinamismo está nos Estados Unidos, e não na Europa.”
Sobre essas palavras de Edmund Phelps sobre o “Bolsa Família”, eu já havia lido ontem no “blog do Nassif” o seguinte texto de Silvia Constanti que ele extraiu do jornal Valor também de ontem:
A BOLSA FAMÍLIA, SEGUNDO PHELPS
“Crítico dos gastos públicos na área social, o prêmio Nobel de Economia de 2006, o americano Edmund Phelps, vê no programa Bolsa Família um acerto do governo Lula que pode melhorar o dinamismo da economia brasileira. "É um grande passo na direção certa", afirmou ontem, após participar da abertura do XX Fórum Nacional, organizado pelo Instituto Nacional de Altos Estudos (Inae), no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Phelps defende o conceito de dinamismo econômico no lugar de crescimento econômico, com o aumento do número e da qualidade dos empregos, da produtividade e a inclusão social.”
Comentário de Luis Nassif:
“Compare-se a avaliação do Prêmio Nobel com o padrão Ali Kamel [GLOBO] de avaliação do Bolsa Família. E considere a repercussão que o senso comum de Kamel - se pobre compra eletrodomésticos fica mal acostumado... - conseguiu na mídia, e será suficiente para se avaliar o grau de banalização das análises nos jornais. É o senso comum embrulhado em uma pretensa aura de modernidade, que não esconde o extraordinário provincianismo desses conceitos tidos como "neoliberais". Antes nossos neoliberais fossem do quilate dos norte-americanos.”
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