Há muito tempo tenho admiração pelos lúcidos textos do jornalista, economista e blogueiro Luis Nassif. Quando criei este blog em janeiro último, imediatamente coloquei o “blog do Nassif” na lista dos endereços recomendados.
Contudo, ele, ultimamente, me causa perplexidade, por vezes. Por exemplo, ao ler ontem um texto dele em seu blog, pensei que era de autoria de Míriam Leitão, consagrada na TV Globo, desde janeiro de 2003, como comentarista e catastrofista de todas as políticas econômicas e financeiras do governo do Presidente Lula.
Cito o caso da elevação do Brasil ao nível de recomendação de investimento por importantes agências de classificação de risco dos EUA e Canadá. Toda a mídia internacional comentou como muito positivo o novo grau do Brasil de “investment grade”. Míriam Leitão não achou. A grande mídia brasileira não achou. E Luis Nassif também não. Tenho a convicção de que a mídia nacional estaria em euforia orgásmica se a referida menção honrosa ao Brasil houvesse sido conferida durante o governo PSDB/FHC/PFL-DEM.
Vejamos a postagem de Luis Nassif ontem (30/05):
“O GRAU DE INVESTIMENTO”
“Laderia abaixo. Provavelmente hoje em dia as exportações correntes já estejam correndo atrás das importações. O que há é um fluxo financeiro de antecipação de contratos. Mesmo assim, grau de investimento de um lado, juros altos do outro, mantém o dólar em queda. Quero ver o que essas agências irão explicar aos seus clientes quando sobrevier o nó nas contas externas brasileiras.”
Não compreendo esse novo miriamleitonismo de Nassif. Sempre acreditei nos seus pontos-de-vista. Com certeza, ele aponta fragilidades reais da economia brasileira. Tudo bem. Mas daí a acharmos que foi ruim o "investment grade" para o Brasil há muita diferença. Seria desejar, como corolário, que fôssemos rebaixados por apresentar alto risco de inadimplência.
A propósito, revejo, numa pasta que reencontrei, o seguinte registro antigo de valioso artigo dele que eu havia guardado.
RECORTES-8: A RUÍNA FHC
SÉRIE “RECORTES”
Antes, uma explicação. Inaugurei esta série em 18 de maio. Este é o oitavo artigo. A série começou porque achei uma pasta com recortes e anotações que eu fazia desde a década de 80, até há poucos anos.
Hoje, trago à luz uma anotação que fiz de trechos do texto de Luis Nassif publicado na Folha de São Paulo de 30 de março de 2005:
“O governo FHC/PSDB torrou o patrimônio brasileiro, dizendo que usaria o dinheiro arrecadado nas privatizações (US$ 105 bilhões) para abater a dívida pública. Conseguiu dobrá-la.”
“Em 1995, a relação dívida/PIB estava em 30%. Elevaram para 66,5% em 2002.”
“Os mandarins de Washington e os sábios locais, que atrelam sonoras doutrinas econômicas a vulgares interesses municipais”. “A manutenção do dólar a R$ 1,20 durante o ano eleitoral de 1998 foi o mais grosseiro exemplo de manipulação e ruína da economia do país para atender um propósito político: a reeleição de FHC, que interessava àqueles sábios de Washington e à tecnocracia brasileira, vergonhosamente comprometida com a banca internacional”.
Concluo: quem escreve um texto claro e verdadeiro como esse acima não pode agora estar a reboque de Míriam Leitão.
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