Antes de tratar dessa notícia, faço algumas considerações.
O Brasil (e outros países da América Latina e do mundo) caiu na cilada do Consenso de Washington durante o governo PSDB/PFL/FHC.
Uma das imposições aqui obedecidas foi a abertura radical e sem reciprocidades da nossa economia em benefício das grandes potências.
Em resposta a um comentário de leitor postado no artigo “Afinal, foi bom ou ruim o investment grade?”, já toquei no assunto das nefastas “privatizações” feitas no Brasil que em muitos casos foram “reestatizações” para governos estrangeiros.
Abordei as “privatizações que modernizaram a Europa” citadas pelo leitor. Eu morava lá na época de várias delas. Elas não foram feitas com passagens radicais para estrangeiros como no Brasil no governo PSDB/DEM-PFL/FHC.
Citei casos de indústrias de setores estratégicos, como o aeronáutico, somente para conceituar.
Quando Tatcher privatizou a Rolls Royce, estabeleceu um limite máximo de 17% de ações ordinárias em mãos estrangeiras. Houve um descontrole, passou de 25%, mas tiveram que voltar ao limite de 17%.
Por falar em Rolls Royce, quando essa companhia inglesa comprou a Allison dos EUA (que fornece os motores de muitos dos aviões da EMBRAER), apesar de a Allison ser uma empresa privada pequena em relação às demais do setor nos EUA (P&W,GE etc), o governo norte-americano estabeleceu vários limites. Exemplo: todo o conselho de administração somente poderia ser composto por norte-americanos natos; as visitas dos donos ingleses à fabrica deles deveriam ser solicitadas ao governo americano com 30 dias de antecedênca; alguns setores "secretos" da fábrica, como aqueles que atendiam à USAF, teriam o acesso negado aos próprios donos ingleses etc.
Outro aspecto. A barreira protecionista legal "buy american" em compras governamentais perduram até hoje em vários setores da economia norte-americana.
Aqui, o "moderno" era "abrir" tudo, sem privilégios para a indústria nacional e sem exigir reciprocidades. Ao contrário, muitos produtos brasileiros eram carregados com mais impostos que o competidor estrangeiro, forçando o mercado nacional a preferir comprar bens e serviços do primeiro mundo.
Realmente, esse assunto merece ser mais ampliado, para que os brasileiros sejam melhor informados. Eles não sabem que hoje, graças a Collor e aos tucanopefelentos, nossas brilhantes empresas, Vale, Petrobrás e outras estão em grande parte em mãos estrangeiras. É o caso da EMBRAER. A quase totalidade das suas ações (ON) é propriedade de estrangeiros. Em boa parte das nossas principais empresas há até Estados estrangeiros proprietários.
Assim, os gordos lucros delas vão para o exterior, desequilibrando nosso balanço de pagamentos.
A Rússia, imitando os países desenvolvidos como os EUA, a Inglaterra, a França que, ao contrário da imagem que nos vendem, são fortemente nacionalistas e protecionistas, agora também coloca um freio na “abertura” dos seus setores estratégicos.
Essa é a notícia divulgada às 16h08 de hoje pela agência espanhola EFE, postada pelo site “Folha Online”:
“Limitação ao investimento externo em setores estratégicos na Rússia é promulgada”
(da Efe, em Moscou)
“O presidente da Rússia, Vladimir Putin, promulgou nesta segunda-feira (05/05) uma lei que restringe os investimentos estrangeiros em um total de 42 setores estratégicos da economia nacional.
Entre esses setores, estratégicos do ponto de vista da defesa e segurança nacional, estão a indústria de armamento, aviação, mineração, pesca e meios de comunicação, informou a agência Interfax.
Segundo a nova lei, as companhias estrangeiras precisarão de autorização oficial para comprar mais de 50% das ações de uma companhia estratégica russa.
Além disso, os investidores estrangeiros deverão obter o respaldo do governo russo para adquirir mais de 25% de companhias em setores controlados pelo Estado ou vinculados a este.”
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