Antes do atual governo, a região nordeste do Brasil era estereotipada por viver de esmolas de recursos públicos, sob o pretexto das secas periódicas, e por fornecer, para as regiões sudeste e sul, os mendigos e operários de baixa qualificação, os imigrantes nordestinos fugidos da miséria.
Nos últimos cinco anos, esse quadro mudou radicalmente, resultado dos programas sociais do Governo Federal, da estabilidade econômica e da instalação de novas empresas na região.
Vejamos o que disse sobre isso o jornalista Paulo Henrique Amorim em seu blog “Conversa Afiada”, bem como o diretor da Consultoria Target, Marcos Pazzini, em entrevista ao Conversa Afiada ontem (13/05):
“CLASSE C COMPRA MAIS E CONSUMO CRESCE NO NORDESTE”
Uma pesquisa da consultoria Target, especializada em consumo, mostra que o consumo da região Nordeste cresce expressivamente há cinco anos seguidos. Este ano, com um crescimento de 25,4% em relação ao ano passado, a região Nordeste passou a região Sul no ranking do consumo nacional.
A região que mais consome no país é a Sudeste, que é responsável por 51,8% do consumo do Brasil. Em seguida vem a região Nordeste (18,2%), região Sul (16,8%), região Centro-Oeste (7,8%) e região Norte (5,4%).
O diretor da Target, Marcos Pazzini, disse em entrevista ao Conversa Afiada nesta terça-feira, dia 13, que o consumo da região Nordeste cresce principalmente na classe C, que se divide em C1 (com renda entre R$ 1,4 mil e R$ 1,5 mil) e C2 (com renda de R$ 900).
“Você tendo uma região como a Nordeste, com essa concentração ainda na classe C1 e C2, você tem um movimento anterior ao que já aconteceu no Brasil de migração social, ou seja, domicílios das classes mais baixas migrando para as classes sociais mais elevadas”, disse Pazzini.
A pesquisa da Target mostra que o consumo no Nordeste cresceu expressivamente nos últimos cinco anos por causa dos programas sociais do Governo Federal, da estabilidade econômica e da instalação de novas empresas na região.
“A persistir esse cenário econômico atual, a região Nordeste deve consolidar mais ainda esse crescimento nos próximos anos. É só continuar fazendo o que já está sendo feito, porque a gente já verificou esse fenômeno acontecendo no Brasil em outras regiões geográficas”, disse Pazzini.
Leia a íntegra da entrevista com Marcos Pazzini:
"Conversa Afiada – Uma pesquisa da consultoria Target mostra que o volume de compras dos nordestinos passou de R$ 252,9 bilhões em 2007 para R$ 317,2 bilhões em 2008. Sobre esse assunto eu converso agora com o diretor e coordenador da Target, Marcos Pazzini. É verdade que os consumidores da região Nordeste já gastam mais do que os consumidores da região Sul?
Marcos Pazzini – A região Nordeste ultrapassou a região Sul no ranking de potencialidade de consumo das regiões brasileiras. Historicamente, a região Sul era a segunda colocada, atrás da região Sudeste. E, já de forma esperada este ano, a região Nordeste galgou essa posição e ultrapassou a região Sul, que não perdeu participação, é muito importante isso. Ela se manteve estagnada no cenário do consumo nacional.
Conversa Afiada – O que ocorreu então foi um crescimento expressivo do consumo na região Nordeste, não é isso?
Marcos Pazzini – Exatamente. E isso já vem acontecendo já há algum tempo. A região Nordeste já vem chamando a atenção de empresa e de planejadores por conta do crescimento que ela vem apresentando nos últimos anos. Neste ano, ela atingiu, vamos dizer assim, o ápice desse crescimento e alcançou essa segunda posição no mercado de consumo brasileiro.
Conversa Afiada – Há quanto tempo cresce o consumo na região Nordeste?
Marcos Pazzini – Olha, eu sou responsável por esse trabalho aqui na Target desde 1994 e desde aquela época a gente verifica um ganho de crescimento de participação em potencial de consumo da região Nordeste, mas crescimentos não tão expressivos como o que aconteceu neste ano. Agora, essa região já tem atraído a atenção porque, graças aos incentivos dados pelo Governo através dos programas sociais, questão de instalação de empresas naquela região, você observa que nos últimos cinco anos de forma mais expressiva as condições de consumo daquela população vem se destacando no cenário nacional e vem apresentando um crescimento que chama a atenção.
Conversa Afiada – E que pontos o senhor destacaria para esse crescimento expressivo este ano, que foi de 25,4%, não é isso?
Marcos Pazzini – Em termos nominais, sim, sem levar em consideração a inflação e tudo mais. Agora uma diferenciação que eu faria do Nordeste é uma diferenciação sob o ponto de vista positivo é que hoje lá na região Nordeste você ainda encontra uma concentração muito forte tanto de domicílios quanto de concentração de potencial de consumo na classe C1 e na classe C2, que são classes que estão localizadas no meio da pirâmide. E isso vai contra o que já está acontecendo na média nacional, que já tem uma concentração de potencial de consumo na classe B2, que é a classe imediatamente acima da classe C1.
Então, o que acontece é o seguinte: você tendo uma região como a Nordeste, com essa concentração ainda na classe C1 e C2, você tem um movimento anterior ao que já aconteceu no Brasil de migração social, ou seja, domicílios das classes mais baixas migrando para as classes sociais mais elevadas.
Então, a persistir esse cenário econômico atual, a região Nordeste deve consolidar mais ainda esse crescimento nos próximos anos. É só continuar fazendo o que já está sendo feito, porque isso a gente já verificou esse fenômeno acontecendo no Brasil em outras regiões geográficas.
Conversa Afiada – Só para entender esse ponto, quando o senhor fala em classe C1 e C2, o senhor fala de que faixa de renda?
Marcos Pazzini – Vou dar os números exatos dessas classes, porque realmente é uma confusão nesse aspecto. A classe B2, que já é tratada pelo mercado como classe média, ela tem um rendimento na faixa de R$ 2,5 mil por mês. A classe C1, na faixa entre R$ 1,4 mil e R$ 1,5 mil por mês e a classe C2 é na faixa de R$ 900 por mês.
E esse ano houve uma atualização do critério de classificação e uma demanda que existia no mercado era que a classe C fosse segmentada nesses dois formatos, classes C1 e C2, para que você possa trabalhar um planejamento, por exemplo da classe C1, mais focando o consumo da classe média e o comportamento do consumo da classe média e a classe C2 mais focando o comportamento de consumo como população de baixa renda.
Conversa Afiada – O senhor disse anteriormente que a persistir esse cenário esse crescimento do consumo no Nordeste deve se consolidar ainda mais. O senhor acredita que o Nordeste pode se tornar a região que mais consome no país?
Marcos Pazzini – A distância para a região Sudeste, que é a primeira colocada, é muito grande. Só para você ter idéia, a região Sudeste participa com mais de 50% com tudo o que é consumido no país. E a região Nordeste, este ano, alcançou 18%. Quer dizer, esse degrau pode até atingir, quem sou eu para dizer que não? Agora, isso vai demorar algum tempo e depende de uma série de outros fatores, que no momento não são possíveis de serem atingidos.
Conversa Afiada – Mas a análise que vocês da Target fazem é que não é uma bolha, pelo menos isso?
Marcos Pazzini – Não, ela já vem apresentando um crescimento consistente ao longo, pelo menos, dos últimos cinco anos. Não é uma bolha. É um crescimento que já vem acontecendo. Ao contrário da região Sul, que até apresentou algum crescimento nos anos anteriores, mas crescimentos pequenos, e esse ano ela se manteve estagnada no cenário do consumo nacional.”
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