terça-feira, 7 de fevereiro de 2012
“THE AMERICAN WAY OF LIFE”: A DOUTRINA DOS ASSASSINATOS SELETIVOS
“Ao defender, no programa ‘Manhattan Conection’ o assassinato de cientistas iranianos como meio válido de fazer política, o “jornalista” Caio Blinder, apoiado pelo imbecil conhecido como Diogo Mainardi, dá as mãos ao fundamentalismo e à intolerância. Independentemente da natureza religiosa ou ideológica, a afirmação abre precedente muito perigoso no Brasil que não pode ser tolerado.
Por Pedro Benedito Maciel Neto
Essa afirmação é reflexo de visão bárbara e do declínio da ideologia e do modo de vida proposto pelos EUA pós 2ª. Guerra mundial.
Esses dois senhores parecem que não perceberam que vivemos num outro mundo, mundo que busca a compreensão, o respeito e a tolerância das diferenças nas relações entre nações, corporações e pessoas, e essa posição dos senhores Blinder e Mainardi vai na contramão disso.
Como é possível que jornalistas, que presumivelmente têm formação humanista, assumam a defesa explícita da prática de assassinatos como meio válido de fazer política? Mas isso foi feito abertamente, no dia 15.01.2012, por Diogo Mainardi e Caio Blinder.
Caio Blinder afirmou que os cientistas que trabalham no programa nuclear iraniano são empregados de um “estado terrorista”, que “viola as resoluções da ONU” e que, por isso, o seu assassinato não constituiria um ato terrorista, mas sim um ato legítimo de defesa contra o terrorismo. Trata-se, é óbvio, de lógica bárbara, primária e rudimentar, com a qual o imbecil do Mainardi concordou integralmente.
Estariam os citados senhores defendendo também o assassinato daqueles que ordenaram e realizaram a invasão ao Iraque sem autorização da ONU? Vale relembrar que, antes do início da guerra no Iraque, em março de 2003, EUA e Grã-Bretanha tentavam convencer o mundo de que seu objetivo era eliminar as armas de destruição em massa.
A invasão ocorreu sem autorização das Nações Unidas e Tony Blair, Primeiro Ministro na época da invasão, fez, recentemente, comentários que sugerem que o objetivo principal da operação era o de depor Saddam Hussein. Que vergonha para a humanidade... E não me lembro de críticas dos jornalistas a essas atitudes.
O mais sério é que os comentários de Blair colocam dúvidas sobre a existência de armas de destruição em massa, especialmente considerando que, após centenas de inspeções, não foram encontradas armas e a evidência principal havia caído por terra, essa convicção teria como base a falta de posição crítica.
Também não se ouve dos dois imbecis críticas ao fato de o Estado de Israel ser liderança mundial quando se trata em violar as resoluções da ONU, e que é acusado de prática de terrorismo pela imensa maioria dos países-membros da entidade.
Será que Caio Blinder defende, também, o assassinato de cientistas que trabalham no programa nuclear israelense? O programa nuclear israelense não é oficializado, jamais reconhecido, mas amplamente conhecido e documentado pela imprensa séria.
Esse fato nos remete ao um artigo do Professor Reginaldo Mattar Nasser, que é professor de Relações Internacionais da PUC (SP) e do Programa de Pós-Graduação San Tiago Dantas (UNESP, UNICAMP e PUC-SP) que nos denuncia nova doutrina dos EUA e de Israel, que prega ser necessário matar preventivamente os inimigos.
Segundo essa “nova doutrina”, são necessários os assassinatos seletivos como “única maneira de evitar ataque iminente e, sobre isso, que Blinder fala, é essa a doutrina que ele defende. Blinder tornou-se e prestou-se a ser o porta-voz brasileiro dos fundamentalistas norte-americanos.
E o faz de má-fé, faz como militante da direta, pois Blinder, que é pessoa bem informada, sabe que, além da quantidade e qualidade de urânio ou plutônio, necessária à produção de armas nucleares, também requer os meios para levá-las ao seu destino (mísseis e ogivas) e que é projeto que envolve grande quantidade de cientistas, engenheiros e operadores, meios que o Irã não dispõe.”
FONTE: escrito por Pedro Benedito Maciel Neto, advogado e professor universitário, sócio da Maciel Neto Advocacia e autor de “Reflexões sobre o estudo do direito”, Ed. Komedi (2007). Artigo publicado no portal “Vermelho” (http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=174917&id_secao=1).
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