Eduardo Campos queimou a largada para a corrida presidencial de 2018 e não se viabilizou como uma segunda via para 2014
Por Maria Inês Nassif, no “GGN”
“O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), está menos próximo de uma candidatura à Presidência da República pelo PSB do que há um mês.
Se desistir, todavia, não será porque o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu isso a ele, mas porque ele próprio concluiu que foi precipitado, ao expor suas intenções de se candidatar contra a presidenta Dilma Rousseff no ano que vem; que suas chances eleitorais são muito pequenas e o caminho que trilhou para tentar um voo solo o colocou numa situação difícil: não está mais junto ao governo federal, que o ajudou firmemente na construção de projeto de desenvolvimento do Estado, e a proximidade com a oposição não acena para ele com a possibilidade de vir a ser um candidato de unidade contra Dilma.
Não pareceu ser factível, também, a fórmula que pretendia – a ideia de um candidato de oposição a Dilma que é amigo de Lula, definitivamente, tinha poucas chances de emplacar.
Desde o ano passado, o ex-presidente Luiz Inácio Lula usou de infinita paciência e gastou muita saliva para evitar que o PT entrasse em rota de colisão com o governador Eduardo Campos. Não era o seu desejo perder Campos como aliado, inclusive porque considerava que o governador pernambucano poderia ser uma boa opção de candidatura à Presidência para 2018, quando Dilma deixaria o seu segundo mandato e o PT completaria 16 anos de governo.
O neto de Miguel Arraes seria uma opção de candidatura porque é nordestino, tem carisma, foi um bom aliado nos seus dois mandatos e mostrou capacidade administrativa no governo do seu Estado. O PT, depois de mais um mandato de Dilma, precisaria também de um tempo de afastamento do Palácio do Planalto para se rearticular internamente.
Há muito tempo responsável pela Presidência, o partido foi obrigado a colocar em segundo plano a vida partidária, a formação de quadros e a definição programática. Internamente, isso fortaleceu as burocracias em detrimento da militância. Para o ex-presidente, 2018 seria um bom momento para o PT sair de cena, e seria melhor que isso acontecesse pela vitória de um aliado, e não pela derrota do partido para as forças oposicionistas.
Durante o processo eleitoral para a escolha de prefeitos e vereadores, Lula usou de toda a sua influência no partido para impedir uma cisão com o PSB, na definição do candidato a prefeito de Recife. O PT de Recife não foi inteligente ao preterir o prefeito João Costa (PT) na disputa, mas essa escolha foi apenas o pretexto que Campos usou para lançar o seu próprio candidato.
Nada que o PT fez foi à revelia do governador, porque Lula garantiu pessoalmente que isso não acontecesse. E o ex-presidente, até o último momento, não acreditou que fossem sérios os boatos de que Campos lançaria a sua própria candidatura à Presidência.
Quando o governador de Pernambuco explicitou sua intenção de ser candidato contra Dilma, queimou a largada para a corrida presidencial de 2018 e não se viabilizou como uma segunda via para 2014. Naquele momento, as pesquisas internas do PT já deixavam claro que Campos apostara muito alto: Dilma havia reunido, como candidata à reeleição, a aprovação de eleitores incondicionais de Lula e do PT e havia construído um próprio patrimônio político em função de sua firmeza, ao demitir sucessivos ministros devido a denúncias de corrupção.
As pesquisas de opinião divulgadas no último mês mostram o que PT já sabia: a presidenta Dilma desfruta situação de conforto muito maior do que a de Fernando Henrique Cardoso em 1997, um ano antes da disputa pelo seu segundo mandato presidencial, que venceu já no primeiro turno; e de mais conforto em relação à Lula em 2005, um ano antes do processo eleitoral.
Campos demorou a perceber que, se são remotas as chances da oposição contra Dilma, é igualmente difícil imaginar que um candidato possa dividir votos que já são dela, no campo progressista. Em 2014, se dará a quinta eleição em que vale a regra da reeleição. Essa é lei nova para a tradição eleitoral brasileira, mas o eleitor já mostrou que, na vigência dela, vale a máxima de que “time que está ganhando, não se mexe”.”
FONTE: escrito por Maria Inês Nassif, no “GGN”. Transcrito no portal “Viomundo” (http://www.viomundo.com.br/politica/maria-ines-nassif.html).
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