Por Fernando Brito
“A relação da mídia com a presença
do Estado na economia é muito curiosa.
Todos criticam quando o Governo
coloca dinheiro em tarifas de natureza social.
Gasto público é, como se sabe,
palavrão no santuário neoliberal.
O “Estadão” mancheteia hoje que
“Dilma pressiona” para segurar o preço das passagens de ônibus em São Paulo.
A “pressão” foi desonerar a tarifa
da cobrança PIS e Cofins.
Portanto, retirar impostos, é maldito
pelos xiitas neoliberais.
Já “O Globo”, que tem horror à
Princesa Isabel, diz que o Governo tem simpatia pelo que chama de “retirar a
multa” de 40% no FGTS para as domésticas, no caso de demissão.
Independentemente da adequação da
proposta do Senador Romero Jucá, não se retira coisa alguma, porque isso é
compensado pela elevação de 8% para 11% do recolhimento mensal ao fundo. 40% a
mais, portanto.
Como não foi combinado com o “Estadão”,
o jornal paulista esclarece: “Em vez de ter de desembolsar de uma só vez uma
indenização no caso de demissão sem justa causa, a proposta aumenta os encargos
de FGTS de forma a compensar a extinção da multa. (…) O porcentual da
contribuição permanece o mesmo, mas os três pontos porcentuais de diferença
serão revertidos a um fundo e constituirá a indenização por dispensa”.
Mas “O Globo” já estava preparado
para isso, e arranjou um advogado trabalhista, o Dr. Luiz Migliora – que, segundo
seu próprio site, “possui vasta experiência com
planejamento e contencioso trabalhista, com foco na defesa de casos envolvendo
executivos de alto nível” –
para “defender as domésticas”:
- Os 40% iriam direto para as mãos
do trabalhador, não do governo. Agora, terá mais dinheiro para investir em “Minha
Casa, Minha Vida”.
Quem sabe, talvez, para fazer casas
para as domésticas, não é?
Agora, quando o Governo corta os
juros e diminui o subsídio que paga aos rentistas – a economia, só em março, chegou a R$ 1,7 bilhão, comparado ao que se
pagava em março de 2012 -, aí não tem conversa: é “queremos juros,
queremos juros!”
FONTE: escrito por Fernando Brito no seu
blog “Tijolaço” (http://www.tijolaco.com.br/index.php/queremos-juros-queremos-juros/).
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