[OBS deste blog 'democracia&política': Em manifestação anterior, no ano passado, Fernão Mesquita, dono do "Estadão", já empunhava na sua campanha pró-Aécio esse cartaz escrito no padrão de linguagem e cultura da "elite paulista", e coerente com a política externa norte-americana e com a tradição do jornal de ser ardorosamente submisso aos interesses dos EUA]
Protestos golpistas no Brasil e a rejeição ao governo venezuelano
Por Roberto Bitencourt da Silva
"No domingo, na esteira das manifestações reacionárias que se desenrolaram no país, chamou bastante a atenção uma faixa estendida na Avenida Paulista: "Aqui não é a Venezuela". No que tange às referidas manifestações, aquela é a única mensagem ou ideia com a qual tendo a concordar com a turma reacionária, vestida com o verde-amarelo "by CBF". Uma turma teleguiada, sobretudo, pelas "Organizações Globo".
Do ponto de vista histórico, remotamente, Brasil e Venezuela guardam em comum a experiência de um passado colonizado, escravista e oligárquico, que ainda hoje possui força de incidência sobre as suas respectivas estruturas sociais.
Contemporaneamente, ambos os países, na condição de periferia capitalista, apresentam inserção econômica e tecnologicamente dependente no "sistema-mundo" (como chama Immanuel Wallerstein ao capitalismo mundial, hierárquico e desigualmente espoliativo).
Entretanto, em relação às vivências políticas dos últimos anos, nos respectivos países, é difícil discordar da mensagem veiculada pela faixa dos manifestantes reacionários.
Por Roberto Bitencourt da Silva
"No domingo, na esteira das manifestações reacionárias que se desenrolaram no país, chamou bastante a atenção uma faixa estendida na Avenida Paulista: "Aqui não é a Venezuela". No que tange às referidas manifestações, aquela é a única mensagem ou ideia com a qual tendo a concordar com a turma reacionária, vestida com o verde-amarelo "by CBF". Uma turma teleguiada, sobretudo, pelas "Organizações Globo".
Do ponto de vista histórico, remotamente, Brasil e Venezuela guardam em comum a experiência de um passado colonizado, escravista e oligárquico, que ainda hoje possui força de incidência sobre as suas respectivas estruturas sociais.
Contemporaneamente, ambos os países, na condição de periferia capitalista, apresentam inserção econômica e tecnologicamente dependente no "sistema-mundo" (como chama Immanuel Wallerstein ao capitalismo mundial, hierárquico e desigualmente espoliativo).
Entretanto, em relação às vivências políticas dos últimos anos, nos respectivos países, é difícil discordar da mensagem veiculada pela faixa dos manifestantes reacionários.
Realmente, o Brasil não é a Venezuela, porque se fosse:
1. Já teria implementado a reforma agrária.
2. Já teria investido mais de 20% do orçamento do governo federal em educação pública (a).
3. Já teria reestatizado empresas estratégicas, que permitem ao país exercer alguma soberania efetiva sobre o seu destino.
4. Já teria incrementado mecanismos constitucionais de participação popular direta nos rumos dos governos e maior controle público sobre as ações dos governantes e partidos, como o instituto do "recall".
5. Já teria implementado o marco regulatório das comunicações e a "Globo", senão perdesse a concessão de radiodifusão, teria decisivamente reduzido o seu poder de influência semimonopólica, simbólica, política e socialmente perniciosa.
6. Em vez de um governo, dito de esquerda, subserviente ao capital e que se submete docilmente às forças sociais e políticas mais reacionárias, teríamos um governo anti-imperialista e popular, que não tergiversa com os guardiões de uma ordem social, econômica e internacional anacrônica.
7. Nada disso, evidentemente, caiu do céu. Em boa medida, deve-se à aposta, típica de uma esquerda coerente, na politização e na capacidade organizacional e mobilizatória das classes populares, trabalhadoras. Tais mudanças não foram promovidas sob os estritos limites das instituições representativas consolidadas, historicamente moldadas pelo poder econômico e pelas forças políticas conservadoras.
Noves fora, as diferenças em destaque, o único traço de semelhança entre o Brasil, de hoje, e a Venezuela bolivariana é a existência de uma empedernida direita reacionária. Por ora, nas ruas brasileiras, especialmente paulistanas, essa direita abraça a polícia, tira suas "selfies", é incentivada, entre outros, pelo telejornalismo da "Globo" e da "Band" e rumina inúmeras barbaridades antidemocráticas. No mais, por razões radicalmente distintas, concordo com a faixa: "Aqui não é a Venezuela". Seguramente, nada a ver."
(a) Consultar: http://www.vermelho.org.br/noticia/244336-7; http://www.ebc.com.br/educacao/2015/04/paises-precisam-aumentar-investimento-em-educacao-diz-unesco; http://www.brasil.gov.br/governo/2015/03/orcamento-de-2015-e-aprovado-pelo-congresso .
FONTE: escrito por Roberto Bitencourt da Silva – doutor em História (UFF), professor da FAETERJ-Rio/FAETEC e da SME-Rio. Publicado originalmente no "Diário Liberdade"; transcrito no "Jornal GGN" (http://jornalggn.com.br/blog/roberto-bitencourt-da-silva/protestos-golpistas-no-brasil-e-a-rejeicao-ao-governo-venezuelano). [Título, imagens do google e legenda da foto acrescentados por este blog 'democracia&política'].
1. Já teria implementado a reforma agrária.
2. Já teria investido mais de 20% do orçamento do governo federal em educação pública (a).
3. Já teria reestatizado empresas estratégicas, que permitem ao país exercer alguma soberania efetiva sobre o seu destino.
4. Já teria incrementado mecanismos constitucionais de participação popular direta nos rumos dos governos e maior controle público sobre as ações dos governantes e partidos, como o instituto do "recall".
5. Já teria implementado o marco regulatório das comunicações e a "Globo", senão perdesse a concessão de radiodifusão, teria decisivamente reduzido o seu poder de influência semimonopólica, simbólica, política e socialmente perniciosa.
6. Em vez de um governo, dito de esquerda, subserviente ao capital e que se submete docilmente às forças sociais e políticas mais reacionárias, teríamos um governo anti-imperialista e popular, que não tergiversa com os guardiões de uma ordem social, econômica e internacional anacrônica.
7. Nada disso, evidentemente, caiu do céu. Em boa medida, deve-se à aposta, típica de uma esquerda coerente, na politização e na capacidade organizacional e mobilizatória das classes populares, trabalhadoras. Tais mudanças não foram promovidas sob os estritos limites das instituições representativas consolidadas, historicamente moldadas pelo poder econômico e pelas forças políticas conservadoras.
Noves fora, as diferenças em destaque, o único traço de semelhança entre o Brasil, de hoje, e a Venezuela bolivariana é a existência de uma empedernida direita reacionária. Por ora, nas ruas brasileiras, especialmente paulistanas, essa direita abraça a polícia, tira suas "selfies", é incentivada, entre outros, pelo telejornalismo da "Globo" e da "Band" e rumina inúmeras barbaridades antidemocráticas. No mais, por razões radicalmente distintas, concordo com a faixa: "Aqui não é a Venezuela". Seguramente, nada a ver."
(a) Consultar: http://www.vermelho.org.br/noticia/244336-7; http://www.ebc.com.br/educacao/2015/04/paises-precisam-aumentar-investimento-em-educacao-diz-unesco; http://www.brasil.gov.br/governo/2015/03/orcamento-de-2015-e-aprovado-pelo-congresso .
FONTE: escrito por Roberto Bitencourt da Silva – doutor em História (UFF), professor da FAETERJ-Rio/FAETEC e da SME-Rio. Publicado originalmente no "Diário Liberdade"; transcrito no "Jornal GGN" (http://jornalggn.com.br/blog/roberto-bitencourt-da-silva/protestos-golpistas-no-brasil-e-a-rejeicao-ao-governo-venezuelano). [Título, imagens do google e legenda da foto acrescentados por este blog 'democracia&política'].
4 comentários:
É, aqui não é venezuela.
Graças a Deus.
Um lugar que não fabrica nem papel higiênico.
Um paisinho exportador de commodities governado por simios populistas travestidos de "grandes líderes".
Ao Iurikorolev,
Haja preconceito, até racial ("símios"!?!).
Você assim parece um paulista que se julga raça superior envenenado pela mídia tucana que sempre foi braço dos interesses dos EUA.
Há muita coisa por trás desses ataques à Venezuela. Lembre-se de que ela possui a maior reserva de petróleo do mundo. Não foi à toa que ela (absurdamente) foi recém-declarada "ameaça à Segurança Nacional dos EUA"!!!
Maria Tereza
Sim, Brasil é Brasil, Venezuela é Venezuela, cada um tem seus prós e contras, mas o _soft power_ do Brasil é muito maior que o da Venezuela.
Ao G. Marangoni,
Concordo.Nosso softpower cresceu muito neste século XXI.
Maria Tereza
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