O deputado federal Paulo Pimenta (à direita) e o procurador Frederico Paiva
O DARF não pago da Globo está na Zelotes?
Por Miguel do Rosário
"Leio que a 'Globo' ficou chateada porque o STF deu habeas corpus aos empresários presos há mais de 100 dias, sem condenação, pelo juiz Sergio Moro, responsável pela operação Lava Jato.
Ué, por que a "Globo" não fica chateada com o fato de o Judiciário, na "Operação Zelotes", não ter aprovado NENHUM pedido de prisão preventiva feito pelo Ministério Público?
Na "Lava Jato", o Judiciário prende indiscriminadamente, e por tempo indeterminado, sem acusação, sem sentença, sem condenação, um monte de gente. Por 100, 200 dias.
Na "Zelotes", que lida com desvios muito maiores, o Judiciário não prende ninguém nem por 24 horas.
Que desequilíbrio é esse?
Claro que isso tem a ver com as pressões da mídia, que afetam profundamente um Judiciário conservador e pusilânime.
O juiz Sergio Moro mandou prender a cunhada de Vaccari porque achou que era ela que aparecia num vídeo depositando R$ 2 mil na conta da irmã…
Não era ela, mas mesmo se fosse, é um motivo ridículo para prender uma pessoa.
Semanas antes, o mesmo Sergio Moro veio ao Rio receber uma propina, em forma de prêmio, das mãos de um cidadão acusado pela Receita Federal de sonegar quase R$ 1 bilhão.
Era o Prêmio "Faz Diferença", a propina que a "Globo" dá aos juízes que se “comportam bem”, ou seja, que seguem à risca o roteiro traçado pela Vênus.
Esse é o Judiciário brasileiro. Castiga o pequeno e bajula o grande.
Por que a mídia não se interessa pela "Operação Zelotes", que lida com desvios dezenas de vezes superiores aos da "Lava Jato"?
Segundo a Polícia Federal, já foram identificados R$ 6 bilhões em desvios, mas esses podem chegar a mais de R$ 19 bilhões.
E a corrupção de que falamos aqui é parecida à cocaína [440 kg!!!] encontrada naquele helicóptero do senador (que a mídia abafou, e o Judiciário fingiu que não viu): 100% pura.
É uma corrupção que não construiu uma pracinha de interior.
A corrupção mais pura que se possa imaginar.
Merval Pereira, colunista da "Globo", diria que é a corrupção “do bem”.
Diferentemente da "Lava Jato", onde o juiz mandou prender a cunhada de Vaccari porque achou que ela tinha depositado R$ 2 mil na conta da irmã, na "Zelotes" não tem essas operaçõezinhas miseráveis.
Na "Zelotes", ninguém vai ser preso porque movimentou R$ 300 mil em oito anos (como na ridícula denúncia do Ministério Público contra a mulher do Vaccari)…
Na "Zelotes", as movimentações são de bilhões para cima.
Por que a mídia nunca pediu acesso ao processo da "Zelotes", em mãos da Polícia Federal e do Ministério Público?
Por que a mídia nunca fez infográficos, que explicassem o esquema?
No entanto, a "Zelotes" permitirá à sociedade, caso seja tocada adiante com valentia pelo Ministério Público e com imparcialidade pelo Judiciário, desmontar uma cultura histórica de sonegação.
Uma cultura que põe o Brasil, segundo denúncia da "Tax Justice", uma ONG internacional, na posição de país com a maior taxa de evasão fiscal do mundo.
Paulo Pimenta, relator da submissão da Câmara dos Deputados criada para acompanhar a "Operação Zelotes, visitou na terça-feira o Procurador da República, Frederico Paiva, que lidera a equipe que atua no caso.
O deputado estranha que a Justiça tenha negado todos os 26 pedidos de prisão preventiva feitos pelo Ministério Público, e pede que o Conselho Nacional de Justiça monitore o caso.
O deputado não pede que o juiz da "Zelotes" seja um Sergio Moro, e prenda indiscriminadamente, pelo tempo que quiser.
Não precisa ser medieval como Moro.
Mas não aceitar nem UMA prisão?
O deputado poderia acionar também o Conselho Nacional do Ministério Público, e perguntar ao órgão por que a Procuradoria Geral da República dá tantos poderes à "Lava Jato", faz até mesmo um "hotsite" especial, e a "Zelotes" não recebe quase nada.
A Força-Tarefa da "Zelotes" tem muito menos recursos do que a Força-Tarefa da "Lava Jato".
Os procuradores da "Zelotes" não podem se dedicar exclusivamente a essa investigação, como podem os da "Lava Jato".
Ou seja, é uma Força-Tarefa pela metade. Seus procuradores não podem se dedicar exclusivamente à uma investigação que envolve, repito pela enésima vez, desvios muito superiores a qualquer outro escândalo nacional.
Pior, a "Zelotes" pode furar o olho de uma corrupção que, segundo o Sindicato dos Procuradores da Fazenda Nacional (Sinprofaz) desvia mais de R$ 500 bilhões ao ano.
O deputado Pimenta também estranha a indiferença da mídia.
Seria porque, entre os sonegadores, estariam as próprias empresas de mídia?
A RBS, a filial da "Globo" no Rio Grande do Sul, está lá. A RBS sozinha roubou mais do que uns vinte mensalões.
Estaria a "Globo" com medo de encontrarem o seu DARF, não pago, no meio da papelada da Zelotes?
Abaixo, segue o texto que o deputado federal Paulo Pimenta distribuiu à imprensa terça-feira à noite:
Zelotes: Subcomissão da Câmara apresenta plano de trabalho nesta quarta-feira (29)
Relator, deputado Paulo Pimenta, esteve hoje com o Procurador da República que atua no caso
Relator da subcomissão da Câmara dos Deputados que acompanha a Operação Zelotes, da Polícia Federal, o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) esteve na manhã desta terça-feira (28) com o Procurador da República Frederico Paiva que lidera a equipe que atua no caso. Segundo o parlamentar, as agendas estão servindo para ajudar na construção do plano de trabalho que será apresentado na tarde desta quarta-feira (29).
Ao final do encontro, Pimenta informou que irá propor à subcomissão que encaminhe ao Procurador Frederico Paiva convite para uma reunião entre ele e o colegiado. Amanhã, o deputado Pimenta será recebido pelo delegado da Polícia Federal Marlon Cajado, responsável pela Operação Zelotes.
Preocupado com o rumo que a Zelotes terá na Justiça – o Ministério Público Federal pediu a prisão preventiva de 26 investigados, mas todas foram negadas pelo Poder Judiciário – o deputado Pimenta estuda solicitar ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que acompanhe o caso. “A sociedade não aceitará operação abafa sobre a Zelotes”, garantiu o parlamentar.
O deputado também criticou a cobertura da mídia sobre o maior esquema de sonegação fiscal do País. “Curiosamente, a Zelotes não é noticia, e a chamada grande mídia não demonstra nenhum interesse em ter acesso ao processo, em cobrar providências. Como explicar à sociedade brasileira que um esquema que causou um prejuízo aos cofres públicos de R$ 19 bilhões não seja de interesse público”, questiona Pimenta.
Especialistas acreditam que, comprovadas as denúncias de que grupos criminosos agiram em processos no CARF – Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – será possível que o órgão determine a revogação dessas decisões, e o Estado recupere parte dos recursos desviados. Pelo esquema, grandes empresas atuavam em conjunto com escritórios de advocacia e pagavam propinas a servidores e conselheiros do CARF para escaparem de dívidas tributárias. Segundo informações, as primeiras denúncias serão oferecidas pelo Ministério Público Federal entre os meses de junho e julho."
FONTE: escrito por Miguel do Rosário em seu blog "O Cafezinho" (http://www.ocafezinho.com/2015/04/29/o-darf-nao-pago-da-globo-pode-estar-na-zelotes/). [Título acrescentado por este blog 'democracia&política'].
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