quinta-feira, 20 de agosto de 2015

NÃO MAIS PODEMOS DIZER: "EU NÃO SABIA O QUE VIRIA DEPOIS"





Estado de Exceção: desta vez, ninguém poderá dizer que ‘não sabia o que viria depois’…

"As grandes famílias tradicionais brasileiras não se emendam. Agora, marcham as filhas e netas daquelas mesmas marchadeiras, que saíram de terço na mão em 64, fazendo coro ao desejo golpista de Carlos Lacerda, na "Marcha Pela Família, Tradição" etc e tal. 

As novas marchadeiras não estão de terço na mão. Estão com seus IPhones 6, postando selfies no Facebook, enquanto marcham à beira-mar no Rio ou na Paulista, no footing “cívico”, ao som de alto-falantes que berram pela intervenção militar. 

Será que não se lembram da vergonha que passaram, quando eram jovens, pelos seus pais reacionários serem os co-responsáveis pela ditadura, enquanto seus amigos artistas, diplomatas, jornalistas, intelectuais eram torturados e, até, mortos nas prisões? Então, posavam de simpatizantes da esquerda, chegavam a acolher foragidos em suas casas de campo, tão grande era a vergonha e a culpa que sentiam pela participação naquele jogo sujo, sem limite, em que nossas mentes mais brilhantes eram destroçadas. 

Agora, repetem a dose. Não, desta vez elas não poderão mais dizer, como faziam naqueles negros dias, que “não sabiam o que viria depois”. Já será tarde, quando a truculência voltar à carga e novos carrascos brotarem, com toda a gana e sangue nos olhos, com o poder ilimitado conferido por um Estado de Exceção." 

FONTE: escrito por Hildegard Angel em seu blog   (http://www.hildegardangel.com.br/).

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