quinta-feira, 25 de novembro de 2010

LULA: "NÃO É POSSÍVEL FALAR EM LIVRE COMÉRCIO E SOBRETAXAR O ETANOL BRASILEIRO"


Presidente Lula (de macacão laranja) acompanha o trabalho de solda que deu início às obras do alcoolduto São Sebastião/Paulínia/Ribeirão Preto/Uberaba no terminal terrestre da Transpetro (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

"O presidente Lula criticou terça-feira (23/11), em Ribeirão Preto (SP), a sobretaxa que alguns países criam para o etanol brasileiro e o recuo destes nos seus respectivos programas de mistura do etanol no combustível. Segundo Lula, os países desenvolvidos demonstram incoerência entre discurso e ações. “Não é possível falar em livre comércio e criar sobretaxa para o etanol brasileiro quando não se cria sobretaxa para outros produtos”, afirmou o presidente, que participou da cerimônia de início das obras do alcoolduto São Sebastião/Paulínia/Ribeirão Preto/Uberaba no terminal terrestre da Transpetro e, em seguida, conferiu os resultados das ações governamentais para o setor sucroenergético (período 2003-2010), em solenidade realizada no Centro de Convenções de Ribeirão Preto.

A disputa no setor, afirmou o presidente, está ficando mais concreta e o Brasil precisa se preparar para competir nesse cenário mais agressivo. Daí a importância dos investimentos da Petrobras no setor.
Em entrevista concedida aos jornalistas após os eventos em Ribeirão Preto (SP), Lula afirmou que é preciso tornar o etanol brasileiro cada vez mais competitivo e, para isso, é fundamental que seu preço não fique acima de 70% do preço da gasolina:

Quando o preço do etanol ultrapassa 70% do preço da gasolina, fica mais econômico usar a gasolina, e todo mundo sabe disso. Então, é importante que a gente crie condições do etanol ficar competitivo, porque é combustível limpo, gerador de empregos e o Brasil precisa mostrar ao mundo que é imbatível na produção desse combustível renovável.

Também falou sobre o conflito armado entre a Coreia do Norte e a Coreia do Sul, ocorrido nesta terça-feira, afirmando que condena qualquer tentativa de ataque por parte dos norte-coreanos, mas frisou que havia desencontro de informações, porque a Coreia do Norte alegava ter sido atacada primeiro. Por isso, disse que precisava se informar melhor sobre o caso.

Olhe, por enquanto, por enquanto, a minha palavra é de condenação a qualquer tentativa de ataque da Coreia do Norte à Coreia do Sul. A Coreia do Norte está dizendo que foi atacada primeiro, provocada primeiro. Eu estou há quatro horas sem informações, porque estava ali ouvindo discursos, vocês ouviram bem quantos discursos eu ouvi hoje, mas eu vou me informar agora com o Itamaraty. Mas, de qualquer forma, a posição do Brasil é ser contra qualquer ataque a um outro país. Nós temos que respeitar a soberania de cada país e não permitiremos, em hipótese alguma, que haja qualquer tentativa de transgredir a soberania de outro país.

O presidente creditou o bom momento que o País vive à ação conjunta de governo, empresários e trabalhadores nos diversos setores da economia, que vem beneficiando a sociedade como um todo.

O Brasil entra naquele momento de conquistar o século 21 para ser o século do Brasil. Eu dizia no começo do meu mandato: o século 19 foi da Europa, o século 20 foi dos Estados Unidos – e uma parte da China -, e o século 21 pode ser da China, pode ser da Índia, mas será também do Brasil.

Na entrevista aos jornalistas, Lula falou também sobre a formação da equipe ministerial da presidente eleita Dilma Roussef, reafirmando que não está defendendo o nome de ninguém para o novo governo:
“Eu defendo o seguinte: quem está comigo tem garantia de ficar até o dia 31 de dezembro de 2010. A partir daí, a bola está com a nossa presidente Dilma. Ela indica quem ela quiser, pro cargo que ela bem entender. Então, não cabe a um ex-presidente ficar defendendo quem vai ficar no governo. Ela conhece todo mundo, ela conhece porque ela está junto comigo há oito anos, ela conhece todo mundo.

Ela vai escolher livremente quem ela quiser, vocês sabem da minha tese: a minha tese é que a Dilma tem que montar o governo que seja a cara e a semelhança dela. Porque você só pode indicar para ministro ou para um cargo de uma empresa pública, quem você pode tirar. Se você indicar alguém porque é amigo do ex-presidente e depois você fica preocupado em mexer porque foi o ex-presidente quem indicou, vai criar dificuldade para quem governa. Então, da minha parte, a companheira Dilma sabia disso antes da campanha, sabe agora, de que ela está livre para montar o governo e eu apoiarei qualquer que seja a decisão dela.

O presidente afirmou ainda que ao deixar a presidência pretende ‘desencarnar’ do cargo para ser ‘um cidadão brasileiro’. “Não tem nada pior do que um jogador de bola parar de jogar e pensar que ainda está jogando”, disse Lula, afirmando que vai surpreender muita gente porque pretende andar muito pelo País.

O meu papel vai ser de um cidadão comum, mas eu quero desencarnar do cargo, quero fazer uma limpeza do cargo para voltar a agir dentro da mais primorosa normalidade de um ser humano. Apenas isso. Aí depois que eu desencarnar da presidência é que eu vou pensar no que vou fazer. Também não quero ficar tomando medidas precipitadas e me arrepender… não, vamos parar. Ficar em casa tranquilo e depois pensar no que fazer.”

FONTE: Blog do Planalto (http://blog.planalto.gov.br/nao-e-possivel-falar-em-livre-comercio-e-sobretaxar-o-etanol-brasileiro/#more-19184).

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