quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

BRASIL INAUGURA USINA DE SANTO ANTÔNIO, EM RONDÔNIA

Parte da usina onde fica a turbina que será ligada, na margem direita: a primeira do tipo na Amazônia

Do portal “iG”

BRASIL INAUGURA NOVA ERA DE GERAÇÃO HIDRELÉTRICA NA AMAZÔNIA

Usina de Santo Antônio, em Rondônia, deve produzir primeiro megawatt no dia 28, com turbina que traz menor impacto ambiental

Por Pedro Carvalho, do portal “iG”, em São Paulo

“A Hidrelétrica de Santo Antônio, que será a sexta maior do País, fica em Rondônia, no Rio Madeira; deve começar a gerar energia no próximo dia 28. Nessa data, a primeira das 44 turbinas da usina deve ser ligada de forma definitiva. Será a primeira turbina do tipo "bulbo" a operar na bacia amazônica – uma questão técnica que representa enorme mudança no modo como a região utiliza seu potencial hidrelétrico. Isso porque a turbina bulbo aproveita a correnteza natural do rio, sendo capaz de gerar energia em larga escala sem que uma grande área da floresta seja alagada.

Assim, Santo Antônio será o oposto dos últimos empreendimentos feitos na bacia hidrográfica mais importante do País. Em 1980, o governo inaugurou a usina de Balbina (AM), considerada um desastre pela imensa área alagada e a produção pífia. Ainda no fim do regime militar, foi construída a hidrelétrica de Tucuruí, uma das maiores do Brasil, mas que também deixou muita floresta debaixo d'água (2.414 km2, contra 350 km2 em Santo Antônio) – e que, no mais, fica numa região do Pará já quase fora da bacia amazônica.

Santo Antônio fica próxima ao coração da região amazônica e terá a melhor relação entre área alagada e energia gerada, em comparação com qualquer usina brasileira. Sozinha, irá produzir 3.150 MW, cerca de 3% da atual capacidade elétrica do País. Em conjunto com Jirau, vai formar o Complexo Hidrelétrico do Rio Madeira, que deve adicionar 6.600 MW ao sistema nacional de energia.

Após a entrada em operação dessa primeira turbina, as outras serão inauguradas num ritmo médio de uma por mês, até que, em 2016, todas estejam funcionando. A concessionária adiantou em um ano o início da geração, que ocorreria em dezembro de 2012, para antecipar receitas, mas não divulga o quanto isso vai adicionar ao caixa. O plano era fazer um evento de inauguração, que contaria com a presença da presidenta Dilma. Mas, por motivos técnicos, a turbina só poderá ser ligada nos últimos dias de dezembro, data desfavorável para a agenda política.

Primeira grande obra do governo Dilma e parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a usina de Santo Antônio é também um superlativo esforço de engenharia. No momento, 18 mil pessoas trabalham no canteiro de obras – chegou a ser 20 mil. Elas consomem 78.800 quilos de carne, 800 mil xícaras de café e 11.400 sacos de arroz por mês. A quantidade de concreto usada na construção seria suficiente para erguer 37 estádios do Maracanã. O aço empregado faria 18 torres Eiffel. O custo total deve passar dos R$ 15 bilhões.

Santo Antônio será a primeira grande usina brasileira a usar turbinas bulbo. A tecnologia já existe no País, mas em projetos menores, como a hidrelétrica de Igarapava (MG). A hidrelétrica do Rio Madeira será a maior do mundo a usar turbinas do tipo – a segunda fica no Japão e tem apenas nove turbinas. A turbina que será ligada no final do mês mede 8,15 metros de diâmetro – é menor apenas que as usadas em Murray Lock (EUA) – e tem capacidade de gerar, numa vazão ideal, 71,6 MW.

As turbinas bulbo permitem a criação de usinas do tipo “fio d’água”, ou seja, todo o volume de água que chega à barragem corre para o outro lado – não há reservatório. Isso faz o impacto de Santo Antônio ser menor. A variação da altura do rio, na parte anterior às turbinas, será de 13,9 m, pouco maior que a cheia natural do Madeira. “Isso é possível porque a turbina bulbo é mais eficiente", explica Andre Morello, engenheiro e coordenador de fornecimento eletromecânico em Santo Antônio. "Com ela, a velocidade natural da água, sem barragens, é suficiente para gerar energia significativa.”

A obra de Santo Antônio, em novembro. Repare que parte do leito está "ensecada", com o curso desviado, para permitir a construção

Além disso, um recurso que já está em funcionamento é o sistema de transposição de peixes. Para subir o rio na época da piracema, os peixes passam por um canal construído na Ilha do Presídio, que fica no meio do rio. “Eles são atraídos para lá pela velocidade da água que sai do canal”, explica Morello. “Já a água que sai das turbinas, numa velocidade muito maior que a correnteza natural, não atrai os animais”, diz. O sistema foi testado no Madeira e já está sendo usado pelos animais.

Mesmo com tantos números grandes, Santo Antônio pode aumentar de tamanho. O grupo concessionário, formado por Odebrecht, Andrade Gutierrez, Eletrobras Furnas e outras empresas, submeteu à agência controladora de energia um plano para incluir mais seis turbinas no projeto, o que aumentaria a capacidade de geração para 3.580 MW. O projeto está em análise pela ANEEL e pelo Ministério de Minas e Energias.

A energia produzida a partir do dia 28 já será distribuída para o sistema Acre-Rondônia. Os 3 km de linhas que ligam Santo Antônio ao sistema elétrico, também construídos pela concessionária que vai administrar a usina por 35 anos, ficaram prontos há cerca de dois meses. O potencial elétrico brasileiro, um dos diversos gargalos de infraestrutura que o país precisará solucionar nos próximos anos, será um pouco maior nos primeiros dias de 2012 do que foi em 2011 – com custo ambiental que também olha para o futuro.”

FONTE: portal do jornalista Luis Nassif  (http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/brasil-inaugura-usina-de-santo-antonio-em-rondonia).

5 comentários:

Probus disse...

Maria Tereza, boas festas de final de ano e um feliz e próspero 2012 para você e todos os seus.

Mas, a LUTA continua!!!

Viva o Povo BraSileiro. Viva a Classe Operária!!!

Unknown disse...

Probus,
Muito obrigada.
Desejo também Feliz Natal e ótimo 2012 para você e família.
Maria Tereza

Probus disse...

E vivas e muitas saúde a Luiz Inácio LULA da Silva, viva a Hidrelétrica de Santo Antônio!!!

Unknown disse...

Probus,
Endosso todos os seus Vivas!
Viva!
Maria Tereza

Probus disse...

22 de Dezembro, 2011

Encomendas impulsionam a indústria naval no país

Um estudo da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) indica que os investimentos no setor de óleo e gás no país podem chegar a US$ 400 bilhões até 2020 por causa do pré-sal. A "Agenda de Competitividade da Cadeia Produtiva de Óleo e Gás Offsohore no Brasil - Propostas para um novo ciclo de desenvolvimento industrial", elaborada em parceria com a Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip), estima o aporte de pelo menos US$ 100 bilhões para a construção de unidades produtoras na próxima década. Outros US$ 10 bilhões devem ser investidos na construção de petroleiros e embarcações de apoio.

A Transpetro, subsidiária da Petrobras na área de transporte, já pensa em lançar a terceira fase do Programa de Modernização e Expansão da Frota, o Promef III, com a encomenda de mais vinte navios. O Promef I e II licitou a construção de 41 petroleiros e 20 comboios hidroviários com investimento de R$ 9,6 bilhões. Outros oito navios estão em fase final de licitação. As encomendas permitiram a abertura de dois novos estaleiros no país: Atlântico Sul e STX Promar.

Um terceiro, o Estaleiro Rio Tietê, está em construção em Araçatuba (SP). A Petrobras vai investir no projeto R$ 40 milhões. Lá serão construídas 80 barcaças e 20 empurradores, a um custo de R$ 432 milhões, destinados à implantação da Hidrovia do Tietê para o escoamento de 152 milhões de litros de etanol das zonas produtoras do Centro-Oeste e Sudeste.

"Com o pré-sal, o Brasil vai se tornar um dos maiores produtores mundiais de petróleo e isso significa que vamos precisar de mais navios para transportar essa produção", diz o presidente da Transpetro, Sérgio Machado. O país tem hoje a quarta maior carteira de encomendas de petroleiros do mundo e a quinta de navios em geral. A construção de outros 39 navios já está prevista pelo programa Empresa Brasileira de Navios. As embarcações, financiadas pelo Fundo de Marinha Mercante, serão afretadas pela Petrobras para o escoamento da produção do pré-sal.

A Petrobras aguarda propostas de empresas interessadas na licitação para a transformação dos cascos de quatro navios petroleiros em plataformas de produção destinadas aos campos da cessão onerosa do pré-sal. O projeto é estimado em US$ 2 bilhões - cerca de US$ 500 milhões cada unidade. A previsão era que a Petrobras assinasse o contrato para a transformação dos cascos no primeiro semestre de 2012, mas um atraso na concorrência pode adiar a assinatura. A primeira das quatro unidades flutuantes de armazenamento e transferência, conhecidas no do setor pela sigla em inglês FPSO, está ancorado no porto do Rio.

A embarcação, que veio da Indonésia e foi renomeada como P-74, será instalada na área de Franco e terá capacidade para processar 150 mil barris de petróleo por dia. Vai ser a primeira plataforma destinada aos campos da cessão onerosa da Bacia de Santos. A cessão onerosa é um conjunto de áreas localizadas no pré-sal que foram transferidas pela União à Petrobras em troca de uma remuneração pelo direito do exercício das atividades de pesquisa e produção de petróleo e gás natural. A companhia terá o direito de explorar e produzir até 5 bilhões de barris de óleo equivalente. Os outros três navios que vão operar na área também virão da Malásia e vão receber os nomes de P-75, P-76 e P-77. A expectativa é de que as unidades sejam entregues entre 2015 e 2016.

Os reflexos da revitalização da indústria naval na geração de empregos são bastante significativos. O setor, que tinha menos de dois mil trabalhadores na virada do século, agora emprega 60 mil pessoas.

Estão em andamento nada menos de 278 empreendimentos. Uma das maiores encomendas movimenta o Pólo Naval de Rio Grande, no litoral gaúcho. É lá que estão sendo construídos os cascos de oito navios FPSO para operar no pré-sal.

FONTE: VALOR ECONÔMICO