Por Fernando Brito
“Jânio de Freitas, um dos raros colunistas que não se desmancha tolamente para a conversa fiada de “nova política” – até porque já viu passarem sob seus olhos vários exemplares dela, desde o seu xará Quadros até o meu xará Collor – escreve hoje um artigo na "Folha" indispensável à compreensão do noticiário sobre as “dificuldades” de formulação de um programa comum entre Eduardo Campos e a turma de Marina Silva.
Mesmo que o papel aceite tudo, dificilmente se irá além do que caracteriza a “velha política” brasileira: muitas declarações de intenção, muito rara sinceridade e menos ainda coerência entre o que se diz e o que se precisa fazer.
Porque o verdadeiro ponto comum entre Campos e Marina é a ambição e a ambição é sempre egoísta, jamais solidária. Dois ambiciosos podem andar juntos, jamais unidos."
DESUNIDOS PELA UNIÃO
Por Jânio de Freitas
"Mais do que “discutir um programa em conjunto”, a reunião de 120 integrantes autênticos do PSB e informais do quase-Rede da Marina Silva inicia uma tentativa de convivência entre os dois contingentes.
Esse artifício é, por si só, demonstração clara da extrema dificuldade, para não dizer da impossibilidade, de integração efetiva das duas correntes. Ao menos, agora para dizer alguma coisa positiva, enquanto não estiver decidido, de fato, quem será o candidato do partido à Presidência.
Nenhum programa autêntico sairá desses encontros planejados pelas cúpulas dos dois PSB, tamanhas são as diferenças de propostas. O que podem fazer é acrescentar mais um mal à artificialidade partidária brasileira, com outra contrafação de programa.
Só o propósito da Rede de suscitar um enfrentamento com o agronegócio, por exemplo, basta para impossibilitar entrosamento autêntico com o PSB de Eduardo Campos, que tem todo o interesse no entendimento com a riqueza e a força política desse setor.
Em sua oração pela unidade, diz a deputada Luiza Erundina que “Marina se juntou ao PSB para construir um caminho comum às duas forças, mas cada uma delas mantendo as identidades e os compromissos”. Uma beleza.
Mas, primeiro, Marina Silva juntou-se ao PSB para assegurar-se uma perspectiva que o seu frustrado partido não pôde dar. Se houvesse identificação com o PSB, “para construir um caminho comum”, Marina não precisaria “concentrar-se sozinha” para escolher sua adesão, uma vez negada a existência ao seu partido.
Além disso, as duas correntes “mantendo as identidades e os compromissos” é justamente o que as impedirá de serem “algo novo” como partido, ainda no dizer de Erundina. Ou “um jeito novo de fazer política”, nas palavras de Marina. A franqueza é um jeito velho, mas ainda é melhor.”
FONTE: escrito por Fernando Brito no seu blog "Tijolaço" (http://tijolaco.com.br/index.php/sociedade-de-ambicoes-nao-e-uniao/).
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