Editorial do New York Times exalta ajuda de Cuba no combate ao ebola
"Mais uma vez, o jornal norte-americano New York Times voltou suas atenções para Cuba. A edição impressa de segunda-feira (20) elogiou a "impressionante" contribuição da ilha caribenha no combate à epidemia de ebola. De acordo com o texto editorial, a iniciativa do governo cubano deve ser “aplaudida e imitada”.
"Mais uma vez, o jornal norte-americano New York Times voltou suas atenções para Cuba. A edição impressa de segunda-feira (20) elogiou a "impressionante" contribuição da ilha caribenha no combate à epidemia de ebola. De acordo com o texto editorial, a iniciativa do governo cubano deve ser “aplaudida e imitada”.
Ainda de acordo com o jornal, Cuba possui “uma longa tradição” de enviar médicos e enfermeiros para áreas de desastre em diversos lugares do mundo, como nos terremotos do Paquistão e do Haiti. Ao citar esse outro país caribenho, o New York Times reconhece a coragem dos cubanos, relembrando que o estafe médico da ilha foi quem tomou a dianteira no tratamento de pacientes haitianos com cólera, com alguns deles retornando doentes ao país – no que resultou no primeiro surto de cólera em Cuba em mais de 100 anos.
O editorial afirma ainda que tal situação deveria servir com um “lembrete urgente” à administração Obama que os “benefícios de restaurar as relações diplomáticas com Cuba são de longe muito maiores que seus revezes”.
Recentemente, o diário estadunidense abordou também a necessidade de acabar com o "embargo insensato" contra Cuba. A publicação pediu ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que "reflita seriamente" para "retomar relações diplomáticas" com esse país. Em resposta, Fidel Castro, ex-presidente cubano, publicou um artigo no jornal estatal cubano, Granma, intitulado “O que não poderá ser esquecido nunca”, por meio do qual comenta as declarações do editorial norte-americano.
Dias depois, Fidel publicou o texto "Está na hora do dever", afirmando que ambos os países deveriam colocar de lado suas diferenças, “ainda que apenas temporariamente, para combater um flagelo mortal” como o ebola.
Leia a seguir a íntegra do texto editorial do New York Times, publicado na segunda-feira (20):
"Cuba é uma ilha pobre que permanece em grande parte isolada do mundo e encontra-se a cerca de 4 500 quilômetros das nações do Oeste Africano, onde o ebola está se espalhando a uma velocidade alarmante. Ainda assim, comprometida a enviar centenas de profissionais médicos para as linhas de frente da pandemia, Cuba desempenha o papel mais robusto entre as nações que buscam conter o vírus.
A contribuição cubana sem dúvidas indica a intenção de, pelo menos em parte, reforçar a sua já sitiada posição internacional. No entanto, ela deve ser elogiada e imitada.
O pânico global com o ebola não ainda não trouxe uma resposta adequada das nações que têm mais a oferecer. Enquanto os Estados Unidos e vários outros países ricos ficaram felizes em somente prometer "fundos", apenas Cuba e algumas organizações não-governamentais estão oferecendo o que é mais necessário: profissionais de saúde no campo da epidemia.
Médicos na África Ocidental precisam desesperadamente de apoio para estabelecer instalações de isolamento e mecanismos para detectar casos mais agilmente. Mais de 400 profissionais de saúde foram infectados, e cerca de 4.500 pacientes morreram até o momento. O vírus já chegou aos Estados Unidos e à Europa, aumentando os temores de que a epidemia poderá em breve tornar-se uma ameaça global.
É uma pena que Washington, o principal doador na luta contra o Ebola, seja diplomaticamente afastado de Havana, justamente o contribuinte mais ousado. Neste caso, o cisma tem consequências de vida ou morte, porque as autoridades americanas e cubanas não estão equipadas para coordenar os esforços globais em alto nível. Isso deve servir como um lembrete urgente ao governo Obama de que os benefícios de se restabelecer rapidamente as relações diplomáticas com Cuba de longe superam as desvantagens.
Os profissionais de saúde cubanos estarão entre os estrangeiros mais expostos, e alguns poderiam muito bem contrair o vírus. A Organização Mundial de Saúde (OMS) está orientando a equipe de médicos, mas ainda não está claro como a instituição iria tratar e evacuar os cubanos que adoecerem. O transporte de pacientes em quarentena requer equipes sofisticadas e aeronaves especialmente adaptadas para tal fim. Mas a maioria das companhias de seguros que oferecem serviços de evacuação médica disse que não fará voos de pacientes com ebola.
O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, elogiou na última sexta-feira “a coragem de qualquer profissional de saúde que encara este desafio”, e fez um breve reconhecimento da iniciativa de Cuba. Por uma questão de bom senso e compaixão, os militares dos Estados Unidos, que agora têm cerca de 550 tropas na África Ocidental, devem comprometer-se a oferecer a qualquer cubano doente o acesso ao centro de tratamento do Pentágono construído em Monrovia e a auxiliar com a evacuação do paciente.
O trabalho desses médicos cubanos beneficia todo o esforço global e deve ser reconhecido por isso. Mas as autoridades do governo Obama têm insensivelmente se recusado a dizer se lhes oferecerão alguma ajuda.
O setor de saúde cubano está ciente dos riscos em missões perigosas. Médicos cubanos assumiram o papel principal no tratamento de doentes de cólera no rescaldo do terremoto do Haiti em 2010. Alguns voltaram para casa doente, fazendo então a ilha ter seu primeiro surto de cólera em um século. Uma epidemia de ebola em Cuba seria um risco muito mais perigoso e aumentaria as chances de uma rápida propagação do vírus no hemisfério ocidental.
Cuba tem uma longa tradição de envio de médicos e enfermeiros para áreas de desastre no exterior. Nos dias seguintes ao furacão Katrina, em 2005, o governo cubano criou um corpo médico de reação rápida e se ofereceu para enviar médicos para New Orleans. Os Estados Unidos, sem surpresa, não aceitaram o bom gesto de Havana. No entanto, autoridades em Washington pareciam sensibilizadas ao saberem nas últimas semanas que Cuba havia preparado equipes médicas para missões em Serra Leoa, Libéria e Guiné.
Com o apoio técnico da OMS, o governo cubano treinou 460 médicos e enfermeiros sobre as precauções rigorosas que devem ser tomadas para tratar pacientes com o vírus altamente contagioso. O primeiro grupo de 165 profissionais chegou a Serra Leoa nos últimos dias. José Luis Di Fabio, representante da OMS em Havana, disse que os médicos cubanos já estavam especialmente preparados para a missão, pois muitos tinha trabalhado na África.
- Cuba tem profissionais médicos muito competentes – disse Di Fabio, que é uruguaio.
Di Fabio afirmou ainda que os esforços de Cuba para ajudar em situações de emergência de saúde no exterior são frustrados pelo embargo dos Estados Unidos impõe na ilha, que luta para adquirir equipamentos modernos e manter as prateleiras médicas adequadamente abastecidas.
Em uma coluna publicada no fim de semana no jornal estatal de Cuba, "Granma", Fidel Castro argumentou que os Estados Unidos e Cuba deveriam colocar de lado suas diferenças, mesmo que apenas temporariamente, para combater o flagelo mortal. Ele está absolutamente certo".
FONTE: editorial do New York Times, publicado na segunda-feira (20). Publicado pela redação do Portal Vermelho, com informações do "Brasil de Fato" e do "Diário Centro do Mundo" (http://www.vermelho.org.br/noticia/251809-9).
O editorial afirma ainda que tal situação deveria servir com um “lembrete urgente” à administração Obama que os “benefícios de restaurar as relações diplomáticas com Cuba são de longe muito maiores que seus revezes”.
Recentemente, o diário estadunidense abordou também a necessidade de acabar com o "embargo insensato" contra Cuba. A publicação pediu ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que "reflita seriamente" para "retomar relações diplomáticas" com esse país. Em resposta, Fidel Castro, ex-presidente cubano, publicou um artigo no jornal estatal cubano, Granma, intitulado “O que não poderá ser esquecido nunca”, por meio do qual comenta as declarações do editorial norte-americano.
Dias depois, Fidel publicou o texto "Está na hora do dever", afirmando que ambos os países deveriam colocar de lado suas diferenças, “ainda que apenas temporariamente, para combater um flagelo mortal” como o ebola.
Leia a seguir a íntegra do texto editorial do New York Times, publicado na segunda-feira (20):
"Cuba é uma ilha pobre que permanece em grande parte isolada do mundo e encontra-se a cerca de 4 500 quilômetros das nações do Oeste Africano, onde o ebola está se espalhando a uma velocidade alarmante. Ainda assim, comprometida a enviar centenas de profissionais médicos para as linhas de frente da pandemia, Cuba desempenha o papel mais robusto entre as nações que buscam conter o vírus.
A contribuição cubana sem dúvidas indica a intenção de, pelo menos em parte, reforçar a sua já sitiada posição internacional. No entanto, ela deve ser elogiada e imitada.
O pânico global com o ebola não ainda não trouxe uma resposta adequada das nações que têm mais a oferecer. Enquanto os Estados Unidos e vários outros países ricos ficaram felizes em somente prometer "fundos", apenas Cuba e algumas organizações não-governamentais estão oferecendo o que é mais necessário: profissionais de saúde no campo da epidemia.
Médicos na África Ocidental precisam desesperadamente de apoio para estabelecer instalações de isolamento e mecanismos para detectar casos mais agilmente. Mais de 400 profissionais de saúde foram infectados, e cerca de 4.500 pacientes morreram até o momento. O vírus já chegou aos Estados Unidos e à Europa, aumentando os temores de que a epidemia poderá em breve tornar-se uma ameaça global.
É uma pena que Washington, o principal doador na luta contra o Ebola, seja diplomaticamente afastado de Havana, justamente o contribuinte mais ousado. Neste caso, o cisma tem consequências de vida ou morte, porque as autoridades americanas e cubanas não estão equipadas para coordenar os esforços globais em alto nível. Isso deve servir como um lembrete urgente ao governo Obama de que os benefícios de se restabelecer rapidamente as relações diplomáticas com Cuba de longe superam as desvantagens.
Os profissionais de saúde cubanos estarão entre os estrangeiros mais expostos, e alguns poderiam muito bem contrair o vírus. A Organização Mundial de Saúde (OMS) está orientando a equipe de médicos, mas ainda não está claro como a instituição iria tratar e evacuar os cubanos que adoecerem. O transporte de pacientes em quarentena requer equipes sofisticadas e aeronaves especialmente adaptadas para tal fim. Mas a maioria das companhias de seguros que oferecem serviços de evacuação médica disse que não fará voos de pacientes com ebola.
O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, elogiou na última sexta-feira “a coragem de qualquer profissional de saúde que encara este desafio”, e fez um breve reconhecimento da iniciativa de Cuba. Por uma questão de bom senso e compaixão, os militares dos Estados Unidos, que agora têm cerca de 550 tropas na África Ocidental, devem comprometer-se a oferecer a qualquer cubano doente o acesso ao centro de tratamento do Pentágono construído em Monrovia e a auxiliar com a evacuação do paciente.
O trabalho desses médicos cubanos beneficia todo o esforço global e deve ser reconhecido por isso. Mas as autoridades do governo Obama têm insensivelmente se recusado a dizer se lhes oferecerão alguma ajuda.
O setor de saúde cubano está ciente dos riscos em missões perigosas. Médicos cubanos assumiram o papel principal no tratamento de doentes de cólera no rescaldo do terremoto do Haiti em 2010. Alguns voltaram para casa doente, fazendo então a ilha ter seu primeiro surto de cólera em um século. Uma epidemia de ebola em Cuba seria um risco muito mais perigoso e aumentaria as chances de uma rápida propagação do vírus no hemisfério ocidental.
Cuba tem uma longa tradição de envio de médicos e enfermeiros para áreas de desastre no exterior. Nos dias seguintes ao furacão Katrina, em 2005, o governo cubano criou um corpo médico de reação rápida e se ofereceu para enviar médicos para New Orleans. Os Estados Unidos, sem surpresa, não aceitaram o bom gesto de Havana. No entanto, autoridades em Washington pareciam sensibilizadas ao saberem nas últimas semanas que Cuba havia preparado equipes médicas para missões em Serra Leoa, Libéria e Guiné.
Com o apoio técnico da OMS, o governo cubano treinou 460 médicos e enfermeiros sobre as precauções rigorosas que devem ser tomadas para tratar pacientes com o vírus altamente contagioso. O primeiro grupo de 165 profissionais chegou a Serra Leoa nos últimos dias. José Luis Di Fabio, representante da OMS em Havana, disse que os médicos cubanos já estavam especialmente preparados para a missão, pois muitos tinha trabalhado na África.
- Cuba tem profissionais médicos muito competentes – disse Di Fabio, que é uruguaio.
Di Fabio afirmou ainda que os esforços de Cuba para ajudar em situações de emergência de saúde no exterior são frustrados pelo embargo dos Estados Unidos impõe na ilha, que luta para adquirir equipamentos modernos e manter as prateleiras médicas adequadamente abastecidas.
Em uma coluna publicada no fim de semana no jornal estatal de Cuba, "Granma", Fidel Castro argumentou que os Estados Unidos e Cuba deveriam colocar de lado suas diferenças, mesmo que apenas temporariamente, para combater o flagelo mortal. Ele está absolutamente certo".
FONTE: editorial do New York Times, publicado na segunda-feira (20). Publicado pela redação do Portal Vermelho, com informações do "Brasil de Fato" e do "Diário Centro do Mundo" (http://www.vermelho.org.br/noticia/251809-9).
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