Créditos da foto: Ricardo Stuckert/ Instituto Lula
Quem ganhou e quem perdeu na eleição presidencial
Por Flávio Aguiar, de Berlim, Alemanha
"Tão importante quanto dizer quem ganhou e quem perdeu
é dizer quem saiu ganhando e quem saiu perdendo. Nem
sempre estas coisas coincidem, como se verá.
Dilma Rousseff – ganhou e saiu ganhando. O sucesso
de sua candidatura dependeu muito de seu estoicismo
(ao enfrentar os insultos no Itaquerão), da sua firmeza
(ao responder de modo duro às acusações de Aécio nos debates),
de sua capacidade de se comprometer com a manutenção
(salário, empregos) e com a mudança (eventual correção no
caso Petrobrás) de rumos. Provou e comprovou que tem luz
própria e estofo de estadista.
Aécio Neves – perdeu e saiu perdendo. Provou que
sua habilidade retórica não o protege de ataques porque
não está preparado para isso. Achou que poderia ganhar
no grito, isto é, só atacando uma pauta negativa, sem se
comprometer ou revelar seu verdadeiro programa para o país.
Tergiversou. Conseguiu mais votos pelo antipetismo do que
por si próprio. Não tem luz própria, e agora está ameaçado
em seu arraial. José Serra já afia os caninos e Geraldo Alckmin
planta seus chuchus na cerca de São Paulo para aprimorar
seu picolé, ambos tendo em vista 2018.
A vida de Aécio não será fácil.
Armínio Fraga – perdeu, mas se saiu perdendo é outra história.
Cometeu um erro fatal. No debate com Guido Mantega,
ao falar das dificuldades do cidadão brasileiro, falou de alguém
que quer comprar ações na Bolsa. Mantega falou de quem quer
trocar de geladeira. Claro: no Brasil tem mais gente preocupada
em trocar de geladeira do que em comprar ações na Bolsa. Mas
seu erro não foi esse. Foi o de imaginar que quem assiste esse
tipo de debate hoje no Brasil é apenas quem quer comprar ações
na Bolsa. Enterrou um pouquinho a candidatura de Aécio.
Saiu perdendo? Ora ora, tem muito mundo financeiro pelo
mundo afora querendo gente com Fraga.
Marina Silva – perdeu e saiu perdendo. Cresceu nas pesquisas
depois da tragédia de Eduardo Campos e seus companheiros
de voo, mas se confundiu com o próprio crescimento. Atirou para
todos os lados em busca de votos, rolou e enrolou,
disse e desdisse, contradisse e entrou na dança e na contradança,
mas o que ficou na lembrança é que quem tem poder sobre ela
é o pastor Malafaia. Quem se curva à chantagem de pastor jamais
vai chegar à presidência. De quebra, apresentou uma lista
de reivindicações a Aécio para apoiá-lo, não viu nenhuma atendida
e apoiou assim mesmo. Eu não votaria nela nem pra Associação
de Pais e Mestres. Comprometeu a credibilidade de sua
utura Rede, que pode virar uma rede para pescar goiabas.
É pena. O Brasil precisa de um partido ambientalista forte.
PT – Empate técnico, graças à atuação e à vitória de
Dilma Rousseff. Na verdade saiu perdendo. Perdeu cadeiras
no Parlamento, mas não só isso. Em alguns momentos,
em alguns lugares (sobretudo São Paulo) lembrou aquele
ditado nordestino: “em tempo de murici, cada um cuide de si”.
Murici vem do tupi-guarani e quer dizer “árvore pequena”. Pois é.
O PT está se acostumando ao estilo “árvore pequena” tão
característico da política brasileira. Fica pensando mais na
próxima eleição do que nas utopias que o fundaram e o
fundamentam. O PT precisa se reciclar (detesto o “refundar”,
que me parece próximo do “afundar”). Ter uma política para
a juventude mais efetiva. Uma política para o meio-ambiente
mais visível e propositiva. Retomar a ideia de um projeto
de futuro mais amplo, não apenas o de administrar este e
aquele governo. Enfim...
PSDB – Desastre. Perdeu e saiu perdendo.
Na mídia internacional, que pode ser conservadora
em grande parte, mas sempre chama os bois pelo seu
nome verdadeiro, e não o de fantasia, o PSDB brasileiro é
descrito como “business friendly”, o que deve ser traduzido
por “amigo do mercado”. Isso quer dizer que o PSDB hoje
é visto como estando à direita dos partidos da
social-democracia europeia. Em termos de Alemanha,
por exemplo, o PSDB de hoje é um clube misto de
União Democrata Cristã, da chanceler Angela Merkel e do FDP,
uma espécie de DEM (PFL) sem coronéis nordestinos por detrás.
Periga entrar para a história dentro de um sarcófago de
múmias sagradas. Para não dizer vacas.
para ele e seu projeto. Em tempo de murici...
em cima dele.
"Juiz de Luta-Livre", entre Geraldo, Aécio e José. O tempo dirá.
ao mesmo tempo. Tem vida longa.
verbas de publicidade do governo e das estatais.
vexame internacional. Foi se roçar nas ostras, como se diz.
Snowden e Assange juntos.
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