A IV FROTA NORTE-AMERICANA
Este blog já se preocupou com o intrigante assunto em 28 de abril último. Naquele dia, postamos o artigo “EUA destinam porta-aviões nuclear ‘contraterrorismo’ na América Latina!”
Relembro partes daquela postagem:
“A Marinha norte-americana anunciou que está recriando sua “Quarta Frota”, que será responsável pelos navios, submarinos e aeronaves dos EUA em operação na América do Sul, Central e no Caribe. A esquadra somente existiu na década da Segunda Guerra Mundial, entre 1943 e 1950. A nova força deverá ser liderada por um porta-aviões nuclear.
JUSTIFICATIVAS AMERICANAS E DOS “CONSERVADORES” BRASILEIROS
O governo dos EUA já externou que considera a nossa região de Foz do Iguaçu (onde está Itaipu), a "tríplice fronteira", como "foco de terrorismo". Em 2002, ano da eleição de Lula, o Pentágono considerou a hipótese de lançar um grande ataque de surpresa naquela região, segundo divulgado em 2004 pela nossa grande mídia (ver artigos da nossa série "Guerras recentes dos EUA").
Todavia, é um exercício de imaginação desafiador até para especialistas da área conceber como um porta-aviões nuclear e uma poderosa esquadra poderão ser empregados em ações “contraterrorismo” aqui na América do Sul. É óbvio que o objetivo não é esse.
A reportagem daquele dia (28/04) do jornal da oposição PSDB/DEM “Folha de São Paulo” defendeu e justificou a medida dos EUA de modo mais enigmático ainda: “ela (a Marinha dos EUA) mandará uma mensagem”. E acrescentou o jornal: “O interesse norte-americano foi evidenciado por fatos recentes, como:
--a ação da Colômbia contra as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) no Equador;
--o que os EUA chamam de "corrida armamentista" patrocinada pelo presidente venezuelano, Hugo Chávez;
--e a sugestão do presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, de que seja criado um Conselho Regional de Defesa na América do Sul".
Muito intrigantes esses argumentos dos EUA e da nossa imprensa norte-americanófila.
Acredito que a “Folha” e a Marinha dos EUA 'esqueceram' de listar dois reais motivos:
--o petróleo venezuelano;
--as megas reservas petrolíferas recém-descobertas no litoral brasileiro.
CORRIDA ARMAMENTISTA NA AL?
O site da revista Carta Capital estampa hoje um texto de Maurício Dias publicado sexta-feira última (09/05), que desmascara o argumento mil vezes repetido pela nossa grande mídia, de que o presidente venezuelano Chávez lidera e acarreta uma corrida armamentista na América Latina.
Reproduzo trecho:
“E REAPARECE A IV FROTA”
“A partir de 1º de julho, o governo dos Estados Unidos aumentará a força militar na América Latina e no Caribe, com a reativação da Quarta Frota, oficialmente encarregada de patrulhar os mares da região. A informação, veiculada esta semana pela BBC, não é nova. Mas ela reativa também as preocupações com os conflitos políticos latentes na região.
A informação circulou timidamente no fim de 2007 e, em seguida, mergulhou num expressivo esquecimento. O álibi do Pentágono desta vez – à falta do pretexto de armas químicas, como no Iraque – foi a de que a medida visava combater o terrorismo e as atividades do narcotráfico...
[A IV FROTA SERIA UM RECADO PARA CHÁVEZ E SUA “CORRIDA ARMAMENTISTA” (sic)]
(...) Há nessa decisão um recado direto para o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, e, indiretamente, para todos os governos populares que não se alinham com a política externa norte-americana.
Não foi por acaso que, simultaneamente à decisão americana, o senador e ex-presidente José Sarney, que manteve a política externa brasileira alinhada a Washington, subiu à tribuna do Senado para alardear preocupações com o investimento de Chávez na compra de armamentos na União Soviética.
“Se a situação de potência militar se concretizar, será uma corrida armamentista na América Latina. Será o desequilíbrio estratégico do continente”, disse o alarmado Sarney.
[A MENTIRA REPETIDA SOBRE A VENEZUELA: QUAL O OBJETIVO?]
Mas o argumento da corrida armamentista é falso. “Um mito”, como argumenta o professor Rafael Villa, da USP, em artigo escrito para o Observatório Político Sul-Americano, publicado pelo Instituto Universitário de Pesquisas (Iuperj), da Universidade Candido Mendes.
“E pode parecer surpreendente, mas na relação entre gastos em Defesa em proporção ao PIB, a Venezuela é apenas o quarto dos principais países sul-americanos”, analisa Villa. O Equador é o que mais gasta (3,14%) entre os sul-americanos, vindo a seguir o Chile (2,94%), seguido da Colômbia (2,65%) e do Brasil (1,74%). A Venezuela aplica 1,39% do PIB e é o país andino que menos investe em armamentos.
A suposição do ex-presidente Sarney não resiste à mais ligeira análise política ou factual. Mas, para efeito de argumentação, se a corrida armamentista existisse, quem a teria iniciado ou estimulado?”
Por fim, um detalhe aposto por este blog. Um agravante para o nosso caso. O gasto militar do Brasil é ainda relativamente menor do que o dos líderes Chile e Equador, os da Colômbia e da Venezuela. Os gastos militares do Peru e da Argentina também nos superam. Isso porque grande parte das nossas despesas ditas “militares” são, na realidade, para fins civis. Exemplifico com as despesas de infra-estrutura aeroportuária e de controle do tráfego aéreo civil, que empregam mais de 20 mil militares e despendem significativa parcela do orçamento militar brasileiro.
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5 comentários:
Não ha nenhuma razão para o envio dessa força naval norte americana a america do sul, a não ser que existem intereces escusos americanos na região, que ameaças poderia oferecer a maior potencia militar do planeta os paises sul americanos? A maior ameaça aos americanos e sua propria economia.
Prezado Joaquim Alves,
Interesses escusos norte-americanos existem. Veja exemplos na nossa série "O Brasil e as guerras mais recentes dos EUA".
A maior ameaça dos sul-americanos aos EUA é deixarmos de ser servis aos interesses deles. Deixarmos de ser dependentes de seus produtos de alto valor agregado. Deixarmos de ser obedientes fornecedores de matérias-primas, commodities e manufaturados de baixo valor agregado, cujos preços são impostos pelo mercado por eles manipulado. Nossa maior ameaça aos EUA será exigir soberania e reciprocidade nas ações políticas, econômicas e militares.
Maria Tereza
O petróleo e um bom motivo para eles estarem de olho no oceano...
Essa reativação sim chama-se "Terrorismo". Só não enxerga quem não quer.
O Brasil precisa levar essa ameaça a sério e exigir a retirada imediata dessa frota da costa brasileira.
E depois falam de outros países instigarem/apoiarem o terrorismo, se os próprios EUA o fazem de forma descarada (colocar uma frota dessas, com esse poderio bélico no quintal de alguém é o quê, se não um terrorismo descarado?).
Reativar essa frota para "manter a paz" numa região que não tem guerra? Conversa pra boi dormir! Ou o Papai Noel vai salvar o mercado da crise atual?
É intigrante a reativação da Quarta Frota Naval Norte-Americana. Na minha opinião, tal reativação tem conexão com os recentes episódios que envolvem o Presidente da Venezuela, da Bolivia, do Equador e do Paraguai, os quais se monstram arrogantes, populistas e têm discursos antidemocraticos, além, é claro, da descoberta de enormes reservas de petróleo no Brasil.
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