“Os nove ativistas turcos mortos no incidente naval de segunda-feira na costa da Faixa de Gaza levaram juntos 30 tiros, e cinco deles foram alvejados na cabeça, disse o jornal britânico “Guardian” sexta-feira.
Entenda o caso
Na madrugada da última segunda-feira (31), cerca de 700 ativistas (incluindo uma brasileira) tentaram furar o bloqueio naval imposto por Israel e Egito a Gaza há 3 anos, quando o grupo extremista Hamas chegou ao poder.
Os militantes (turcos na maioria) levavam no comboio 10 mil toneladas de ajuda humanitária quando foram atacados por militares israelenses em águas internacionais.
Nove ativistas morreram. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirma que a frota com ajuda humanitária fazia parte de uma “operação terrorista".
Diversos países condenaram os ataques, suavizados pelos EUA, aliados históricos de Israel. Mesmo assim, a ONU obteve apoio para criar uma comissão independente para apurar as agressões.
As autópsias mostraram que quase todos os tiros foram de armas de 9 milímetros, disparados à queima-roupa, disse ao jornal Yalcin Buyuk, vice-presidente do Conselho Turco de Medicina Forense, responsável pelas autópsias.
Os ativistas participavam de uma frota naval que tentava levar mantimentos à Faixa de Gaza, furando assim o bloqueio imposto por Israel ao território palestino governado pelo grupo islâmico Hamas. Israel diz que seus soldados atiraram em defesa própria, depois de serem agredidos ao descerem de helicópteros, por cordas, no convés do navio Mavi Marmara.
De acordo com o ‘Guardian’, a autópsia revelou que um homem de 60 anos, Ibrahim Bilgen, levou quatro tiros --na têmpora, no peito, no quadril e nas costas.
Fulkan Dogan, de 19 anos, que tinha também cidadania norte-americana, recebeu cinco tiros a menos de 45 centímetros de distância: no rosto, na nunca, nas costas e dois na perna, relatou o jornal.
Dois outros homens levaram quatro tiros. Cinco dos mortos tinham perfurações na nuca ou nas costas, de acordo com Buyuk. Além dos nove mortos, 48 ativistas foram baleados, e seis continuam desaparecidos, relatou o legista ao jornal.
Israel diz que os múltiplos ferimentos não desmentem a tese da defesa própria.
"A única situação em que um soldado atirou foi quando estava claramente em uma situação de ameaça à sua vida", disse ao ‘Guardian’ um porta-voz da embaixada israelense em Londres. "Puxar o gatilho rapidamente pode resultar em alguns projéteis ficando no mesmo corpo, mas não muda o fato de que eles (soldados) estavam em uma situação de ameaça à vida."
Análises
O presidente do Conselho de Medicina Forense em Istambul, Haluk Ince, disse ao jornal que havia só um caso de uma vítima com um único ferimento de bala, na testa e disparado de longe. Nos outros casos, havia pelo menos duas perfurações em cada corpo.
Também segundo Ince, só uma bala recuperada não era calibre 9 milímetros. Sobre esta, ele disse: "Foi a primeira vez que vimos esse tipo de material usado em armas de fogo.
Era só um invólucro incluindo muitos tipos de projéteis normalmente usados em espingardas. Ela penetrou na região da cabeça, na têmpora, e a achamos intacta no cérebro."
A Turquia costumava ser o principal aliado de Israel no mundo islâmico, mas Ancara reagiu com indignação ao incidente de segunda-feira, e nesta sexta-feira elevou o tom da sua retórica ao acusar o Estado judeu de estar traindo sua própria lei bíblica.”
FONTE: reportagem de Adrian Croft , de Londres, Reino Unido, divulgada pela agência norte-americana de notícias Reuters e postada no portal UOL.
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