"Saiu na Folha (*), indignada, na pág. A9: “Dilma não comparece a duas outras entrevistas. Petista cancelou ida à sabatina da Folha e UOL, negociada por 4 meses. Pré-candidata ainda não confirmou presença no Roda Viva (também conhecido como Roda Morta – PHA), da TV Cultura, e no CQC da Band”.
Por Paulo Henrique Amorim, no blog Conversa Afiada
O Obama não foi o primeiro. Ele disse que não dava entrevista a Fox News, do Murdoch, porque aquilo não é uma empresa jornalística, mas um partido político a serviço da oposição. Não foi o primeiro caso, de que me lembre.
Na campanha contra Maluf (**), Tancredo Neves se recusou a ir ao Programa Debate em Manchete, da falecida TV Manchete. Era um programa de debates políticos ancorado por Arnaldo Niskier. Maluf já tinha ido.
Tancredo mandou avisar ao Adolfo Bloch, através de seu futuro ministro da Fazenda, Francisco Dornelles, que só iria se o Alexandre Garcia, notório malufista e diretor da Manchete em Brasília, não fosse um dos debatedores. Adolfo concordou. Convidou um substituto e só assim Tancredo foi.
A Cristina Kirchner se elegeu presidente sem dar uma ÚNICA entrevista ao PiG (***).
Por que a Dilma iria se submeter a um pelotão de fuzilamento? Para dar escada a jornalistas anônimos, que precisam fazer posição com os patrões?
A Dilma tem muito a preservar: o legado do governo Lula. E uma responsabilidade gigantesca a construir: um governo que possa suceder Lula e avançar. (O Mino costuma dizer que os jornalistas brasileiros são piores que os patrões. Ele lembra que o Brasil é o único lugar do mundo em que jornalista chama patrão de colega.)
Por que a Dilma haveria de comprometer um e outro com uma pergunta facciosa de um jornalista pior que seu patrão?
Dilma não é só Lula. E, aos poucos, os tucanos e o PiG (***) vão se dar conta de que a Dilma é a Dilma. E a relação dela com o PiG (***) será — já é — diferente da relação do governo Lula.
Como diz o Mino: esse pessoal não percebeu que as coisas mudaram. Ele não sabe se para melhor; mas, que mudaram, mudaram.
(*) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que avacalha o Presidente Lula por causa de um comercial de TV; que publica artigo sórdido de ex-militante do PT; e que é o que é, porque o dono é o que é; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.
(**) Tancredo dizia que o Maluf tinha uma virtude: o Maluf perde. É o caso de outro paulista candidato a presidente: ele tem essa vantagem: ele perde.
(***) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político — o PiG, Partido da Imprensa Golpista.
Em tempo: o clímax do Roda Morta (Roda Viva) foi entrevistar o ínclito delegado Protógenes Queiroz logo apos a Operação Satiagraha. Faziam parte do pelotão de fuzilamento Ricardo Noblat, Fausto Macedo e Fernando Rodrigues. A âncora era Lilian Witte Fibe.
Nenhum dos acima citados ousou perguntar sobre o passador de bola apanhado no ato de passar bola e alvo da Satiagraha, Daniel Dantas. O momento mais sublime deste epitáfio foi quando, sobre o grampo sem áudio, Witte Fibe disse que a Veja, autora da “denúncia”, não tinha dito que o grampo possuía áudio. Ao fundo, o naipe de cordas interpretava um Adágio de Schubert.”
FONTE: escrito pelo jornalista Paulo Henrique Amorim e publicado em seu portal “Conversa Afiada”. Reproduzido no portal “Vermelho”.
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