“Os Estados Unidos já gastaram meio bilhão de dólares com a base naval do país na baía de Guantânamo, em Cuba, em obras e manutenção de suas instalações - inclusive a prisão onde são mantidos estrangeiros capturados em ações no Afeganistão e Iraque sob 'acusações informais' de terrorismo. A informação foi divulgada nesta segunda-feira (7) pelo jornal norte-americano The Washington Post.
Segundo o Post, o Pentágono gastou pelo menos 500 milhões de dólares, sem contar os chamados "bônus de construção" pagos às empreiteiras, normalmente na ordem de milhões de dólares.
O montante não inclui custos de operação, que somam cerca de 150 milhões de dólares anuais - o que, conforme o jornal, seria o dobro do gasto médio de uma prisão convencional nos EUA. Se fossem somados, esses gastos fariam a conta paga pelos norte-americanos desde 2001 para manter Guantânamo passar de 2 bilhões de dólares.
Em reportagem investigativa de Scott Higham e Peter Finn, o jornal publica valores de obras de "melhoramentos" construídos no terreno de quilômetros quadrados da base, algumas de lazer ou puramente cosméticas: 3,5 milhões de dólares em 27 playgrounds que ficam vazios na maior parte do tempo; 773 mil dólares em uma lanchonete; 683 mil dólares em uma sorveteria; 296 mil dólares em uma pista de kart (inutilizada); 249 mil dólares em um campo de voleibol (hoje abandonado); e 188 mil dólares em um letreiro luminoso.
Na entrada da base naval, há um "elegante letreiro eletrônico sobre dois pilares de concreto. Em amarelo esmaltado sobre um fundo azul metálico há um mapa de Cuba 'a pérola das Antilhas', e em cima se lê a hora e a temperatura". "Bem-vindos a bordo", diz o luminoso.
Em comparação, o custo da construção do tribunal local onde os supostos terroristas são "julgados" passou de 13 milhões de dólares.
Outras obras de valor não especificado, mas que custaram "milhões", de acordo com o Washington Post, foram um campo de futebol de grama artificial, campos de beisebol, mais pistas de atletismo, de skate e de hóquei.
O diário da capital norte-americana lembra ainda que o governo Obama planeja acabar com a prisão na base e transferir os detentos para uma outra no estado do Illinois. "Mas a perspectiva de ver a partida dos detentos parece cada vez mais um projeto em longo prazo. Se o presidente tiver sucesso, o Pentágono vai deixar para trás um acampamento militar, recentemente remodelado, e inúmeras perguntas sobre se valeu a pena o custo", diz a matéria.
Ainda de acordo com o jornal, a prisão de Guantânamo chegou a ter 680 prisioneiros em maio de 2003, número que foi sendo reduzido até chegar aos atuais 181. A penitenciária é considerada hoje a mais protegida e polêmica do mundo.
Encravada em um território usurpado da ilha de Cuba, a prisão foi tratada pelo ex-presidente George W. Bush como uma área à margem das leis. Dessa forma, os detidos sequer tiveram direito a julgamento formal ou comprovação de que tenham cometido crimes, e são vários os relatos de prisioneiros vítimas de torturas e de toda a sorte de maus tratos, desprovidos de qualquer garantia à defesa.”
FONTE: publicado no portal “Vermelho”.
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