“Vitória com Dutra
Não me lembro de nada da campanha eleitoral do marechal Eurico Gaspar Dutra, que só se elegeu com apoio de Getúlio Vargas porque o outro candidato, da UDN, brigadeiro Eduardo Gomes, atraía a elite do País, com o slogan: "É bonito e é solteiro". Só recordo que um casal de compadres nossos, monsenhor Olavo Passos e sua irmã, dona Honorina, em cujo colégio estudei, eram udenistas rubros. Logo após a eleição, vieram nos visitar, e ela, quando minha mãe indagou como ia, respondeu, rispidamente: "Estou acabando de engolir a pílula amarga da eleição do Dutra".
Getúlio voltou
No internato, não pude acompanhar a campanha de Getúlio Vargas de retorno ao poder. O clero fazia muxoxo com seu companheiro de chapa, Café Filho, por ter sido comunista. Ele terminou engajando-se na conspirata pela derrubada do presidente, cujo lugar cobiçava e no qual pretendeu dar o golpe contra a candidatura de Juscelino Kubitschek.
JK
Já taludo, redator de jornais estudantis, torci pela vitória de Juscelino Kubitschek, sem entender bem o contragolpe, desfechado pelo marechal Henrique Lott para evitar a implantação da ditadura militar que veio apenas em 1964.
Sem simpatias
Claro que não podia dar meu voto a Jânio Quadros, cujo histrionismo direitista não me empolgava, da mesma maneira que não me deixei seduzir por Fernando Collor de Mello, o caçador de marajás. Não me pesa na consciência haver sufragado, uma vez sequer, Fernando Henrique Cardoso, que nunca foi santo de minha igreja.
Dilma e Serra
Agora, felizmente, o quadro é mais fácil. Não custa nada optar entre Dilma Rousseff, que lutou contra a ditadura e permanece fiel aos ideais da juventude, e José Serra, representante hoje em dia do conservadorismo mais extremado de S. Paulo. Para agradar à direita, ele investiu furiosamente contra o presidente da Bolívia, Morales, por não ser um serviçal do governo de Washington.
Tudo mudou
Antigamente, a campanha eleitoral era feita de comícios, de grandes concentrações populares, o que hoje praticamente acabou. Ninguém quer sair à noite para ouvir oradores políticos, com receio do roubo de seus automóveis e de sequestro. A campanha se passa basicamente na cobertura dos candidatos pelos meios de comunicação, em sua maioria, parcialmente engajados a favor de José Serra. Quem quer saber da verdade, consulta blogs de gente respeitável, a serviço das melhores causas.”
FONTE: escrito por Lustosa da Costa e publicado em sua coluna no Diário do Nordeste [título colocado por este blog].
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