quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Disputa pela Prefeitura de SP: “ESTADÃO” ASSUME QUE É PARTIDO POLÍTICO

“Estadão" em 1927

Por Altamiro Borges, no "Blog do Miro"

“Que o jornal ‘O Estado de S.Paulo’ é oligárquico, isso é fato desde a sua origem, quando publicava anúncios da venda de escravos. Que ele é golpista, isso está registrado na história com as suas conspirações contra Getúlio e Jango. Que ele é neoliberal, isso ficou patente no destrutivo reinado de FHC. Que ele gosta dos tucanos, em especial do Serra, isto ficou explícito na campanha de 2010. [O Estadão assumiu, em editorial de 26/09/2010, o apoio à candidatura de José Serra]

Agora, que o “Estadão” é um partido de direita, que funciona e age como tal, alguns ainda tinham dúvidas. No último domingo (29), porém, no editorial intitulado “Agora a capital, depois o Estado”, o jornal saiu do armário e se assumiu como ativa organização partidária. Ele conclama a sua militância – os seus fiéis leitores – a se mobilizarem para a batalha eleitoral de outubro próximo.

O MEDO DAS ELEIÇÕES MUNICIPAIS

Para o jornal/partido, as forças conservadoras correm sério risco nas eleições municipais na capital paulista, a principal cidade do país, o que torna inviável qualquer projeto de retomada do poder central em 2014. Na sua avaliação, o candidato “armado pelo lulopetismo”, o ex-ministro Fernando Haddad, será o principal adversário na contenda e precisa ser duramente combatido.

O “Estadão” tem visão estratégica. Teme que a derrota da direita na capital paulista seja “o trampolim [dos petistas] para conquista inédita” do governo do Estado. Nesse sentido, o jornal oligárquico critica a divisão do bloco neoliberal-conservador e faz um chamamento à sua urgente unidade. Até parece um manifesto partidário (ou é?).

Leia alguns trechos:

O maior adversário do PT em São Paulo, o PSDB, não apenas demonstra enorme dificuldade para articular uma candidatura competitiva, como enfrenta o problema adicional de permanecer numa posição ambígua, sem um discurso claro em relação à prefeitura: não é exatamente situação nem oposição, embora tenha o rabo preso com a gestão Kassab”.

Para embaralhar ainda mais o quadro, torna-se cada vez mais concreta a possibilidade de Gilberto Kassab fazer algum tipo de aliança do seu PSD com o PT – por paradoxal que isso seja. Segundo o prefeito tem confidenciado aos seus interlocutores, essa é uma opção a que ele está sendo praticamente impelido por aqueles que seriam seus aliados naturais”.

O que importa é que na disputa pela Prefeitura de São Paulo está em jogo muito mais do que o poder municipal. Um dos fundamentos do regime democrático é a possibilidade de alternância no poder no âmbito federal, que está ameaçado pela perspectiva de o lulopetismo estender seus domínios ao que de mais politicamente significativo ainda lhe falta: a cidade e o Estado de São Paulo. Se existe uma oposição no País, está na hora de seus líderes pensarem seriamente nisso. E agir”.

[OBS deste ‘democracia&política’: o citado critério de “alternância do poder no âmbito federal” é novo para o “Estadão”, pois nas eleições de 2002 não o admitia e queria a continuação do neoliberalismo com FHC/Serra. Além disso, nem ousa falar desse critério no âmbito estadual paulista]

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"ESTADÃO" DEVERIA REGISTRAR O PIG

Tirando o cinismo da tese sobre “alternância no poder” – a não ser que o jornal considere os seus leitores idiotas, que não sabem que o PSDB comanda São Paulo há quase duas décadas –, o “Estadão” formula uma linha tática bem definida. Não é “ambíguo”. Caso os tucanos não sigam as suas orientações, a famiglia Mesquita até que poderia registrar uma nova legenda – o PIG (Partido da Imprensa Golpista)”.

FONTE: escrito por Altamiro Borges, no "Blog do Miro", e transcrito no blog “Escrivinhador”  (http://www.rodrigovianna.com.br/outras-palavras/estadao-assume-que-e-partido-politico.html) [imagem do Google e trechos entre colchetes adicionados por este blog ‘democracia&política’].

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