COMO TUDO NO BRASIL, A LIBERDADE DE EXPRESSÃO É PRIVILÉGIO DOS RICOS!
Por Rafael Castilho, em seu blog
“A crescente participação dos blogs e das redes sociais na difusão de conteúdo jornalístico e de opinião, democratizando o debate político para além dos meios de comunicação tradicionais, vem causando arrepios na classe conservadora.
A cada dia, os brasileiros adquirem o habito de buscar fontes alternativas de informação e de reflexão sobre as grandes questões políticas nacionais, ou mesmo sobre a nossa vida cotidiana.
Isso sem falar nos conteúdos de diversão e entretenimento.
A população jovem aprendeu rápido a buscar conteúdo na internet, deixando de depender da programação das tradicionais empresas de comunicação.
Ainda que a velha mídia tenha imensa importância na formação de opinião, a internet (em especial as redes sociais) surge como fonte alternativa.
Entre outras coisas, as pessoas perceberam que a vida real não se resume à “versão oficial” dos jornais.
Enquanto as redes sociais eram meras concorrentes na geração de entretenimento, os grandes grupos de comunicação se prepararam para a disputa de mercado.
Mas quando as questões políticas nacionais passaram a ser discutidas, contradizendo as grandes manchetes midiáticas, a disputa passou a ser questão de sobrevivência.
Nas últimas eleições, as redes foram responsáveis por “inverter o roteiro” de uma novela que deveria ter um final diferente, caso o debate político eleitoral estivesse ainda entregue aos grandes grupos de comunicação.
Agora, a disputa é pelo poder.
Os grandes interesses da oligarquia estão em jogo.
Para os ricos, a democracia atendia ao propósito de legitimar o poder dos grandes grupos econômicos, porém, acomodando sanha por representação e participação política na sociedade brasileira.
Tampouco interessava à oligarquia governos autoritários e intervencionistas que viessem a limitar as grandes negociatas.
A democracia desenhada pela oligarquia era um grande teatro. O cenário ideal para a manutenção dos velhos privilégios. E a mídia dirigia o espetáculo com maestria, cabendo ao povo o papel de referendar nas urnas o que já estava decidido.
O Brasil ainda não fez mais do que algumas reformas sociais e tênues correções de rumos. Mas isso já foi suficiente para o estresse dos conservadores.
A democratização nos meios de comunicação pode, em médio e longo prazo, dissolver a capacidade dos grandes grupos de comunicação “pautarem” a agenda do executivo e do legislativo.
A possibilidade de o Estado criar instrumentos sérios de regulação da mídia é tratada pelos magnatas como um atentado contra a liberdade de imprensa.
Mas, ao que parece, a liberdade de expressão deve ser privilégio apenas dos grandes e ricos grupos de comunicação.
[Liberdade de opinião somente para os poucos donos da imprensa, que são, por sua vez, instrumentos (pagos ou "por amor") das grandes potências e conglomerados financeiros e econômicos internacionais]
Sem menor pudor, a velha imprensa vem atacando a “blogosfera” e exigindo que o poder público controle as redes sociais, inibindo seu potencial de comunicação com a sociedade.
Não são poucos os editoriais em que os grandes jornais acusam os blogueiros de serem militantes contratados pelo PT.
Muito curioso esse protesto.
Ao menos este blogueiro que vos fala [Rafael Castillo], jamais foi filiado ao Partido dos Trabalhadores e sequer militou em suas prestigiosas fileiras.
Além do mais, seria razoável que os grandes órgãos de imprensa fossem também denunciados por apoiarem de maneira escandalosa, desde sempre, o partido que condenou o Brasil à chaga do neoliberalismo.
E por falar em neoliberalismo, a velha imprensa festejou a abertura escancarada da economia brasileira à especulação internacional. Regozijou-se gostosamente defendendo a dilapidação do patrimônio público para empresas gringas que sucatearam os serviços ao consumidor, enquanto recheavam seus cofres. Deu de ombros para a quebradeira da indústria nacional que ficou sem condições de competir no mercado internacional.
Mas o interessante é que esse apego às regras de ouro do livre mercado globalizado não se reflete quando o assunto é a concorrência das empresas de comunicação brasileiras com empresas estrangeiras.
Os grandes jornais e televisões se manifestam com veemência em defesa da soberania nacional quando veem a possibilidade de serem obrigados a concorrer com os grandes grupos estrangeiros.
É pena que não tenha sido da mesma forma quando eles defenderam a quebra do monopólio estatal do petróleo, das telecomunicações e a venda a preço de banana das nossas grandes empresas estratégicas ao interesse especulativo internacional.
E as contradições não param por aí. Os magnatas das comunicações querem impedir uns poucos blogs de receberem publicidade institucional.
Mas a hipocrisia moralizadora da velha mídia, ao tratar dos gastos públicos, omite os bilhões de reais gastos com o dinheiro do contribuinte, por meio de publicidade governamental, para pagar o arrego dos grandes grupos que desde sempre conspiram contra o Brasil.
A liberdade de expressão não pode ser, como tantas coisas no Brasil, privilégio da oligarquia.
Ensaia-se uma ofensiva contra os blogs e a sociedade deve estar consciente desse verdadeiro atentado contra a democracia.”
FONTE: escrito por Rafael Castilho, em seu blog, e transcrito no blog “Escrivinhador” (http://www.viomundo.com.br/politica/rafael-castilho-a-liberdade-de-expressao-como-privilegio-dos-ricos.html). [Imagens do Google e trechos enntre colchetes adicionados por este blog ‘democracia&política’].
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