“A Europa vê o Brasil como “parceiro importante para a superação da crise econômica internacional”, afirmou a ministra de primeira classe Vera Lúcia Barrouin Crivano Machado [do MRE], cuja indicação para o cargo de chefe de missão junto à União Europeia obteve na quinta-feira (12) parecer favorável da “Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional” (CRE).
Durante a sua exposição aos integrantes da comissão, a embaixadora indicada observou que, apesar dos duros efeitos da crise sobre o Velho Continente, a União Europeia (UE) continua sendo o maior parceiro comercial do Brasil. No ano passado, as exportações brasileiras para a UE alcançaram US$ 52,9 bilhões, enquanto as importações chegaram a US$ 46,4 bilhões. Apesar de admitir que o comércio começa a ser afetado pela crise, a embaixadora classificou o atual desempenho como “extraordinário”.
Ela observou, ainda, que os países da UE foram o destino de quase um terço dos investimentos realizados por empresas brasileiras nos últimos cinco anos, envolvendo setores como construção, aviação, siderurgia, bebidas e alimentos. Citou o estabelecimento da “parceria estratégica” entre o Brasil e a União Europeia em 1997, e apontou a cooperação científica como tema prioritário para os próximos anos, devido ao “enorme interesse” de universidades europeias em receber estudantes brasileiros, dentro do programa “Ciência sem Fronteiras”.
“Quero deixar uma mensagem de esperança, para que os europeus possam superar esse momento difícil e para que aumente a parceria estratégica que temos com a Europa”, disse Vera Machado, cuja indicação teve como relator o senador Francisco Dornelles (PP-RJ).
Até o momento, observou a embaixadora, ainda não há perspectivas de recuperação econômica na Europa, onde o desemprego já alcança 11% da população economicamente ativa. Por causa da crise, acrescentou, tem aumentado a xenofobia, com o crescimento da hostilidade aos estrangeiros.
Durante o debate, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) manifestou a mesma preocupação quanto aos efeitos da crise europeia sobre os imigrantes. E o senador Sérgio Souza (PMDB-PR) registrou a manutenção, pelos países europeus, de “fortes subsídios” à sua agricultura, apesar da crise.
O senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES) protestou contra as barreiras impostas pela União Europeia ao café industrializado no Brasil. Segundo observou, o café solúvel brasileiro enfrenta taxação de 9%, enquanto sobre produtos semelhantes do Vietnam e da Indonésia recaem impostos de apenas 3%. Essa medida, alertou, “retira competitividade da lavoura cafeeira brasileira”.
MOÇAMBIQUE
Na mesma reunião, a comissão aprovou parecer favorável à mensagem presidencial de indicação da ministra de primeira classe Ligia Maria Scherer para o cargo de embaixadora brasileira em Moçambique e, cumulativamente, junto à Suazilândia e ao Madagascar. A mensagem teve como relator Sérgio Souza.
Excluído o MERCOSUL, informou a embaixadora, Moçambique é o país que mais recebe programas de cooperação brasileira. Entre os recentes resultados dessa cooperação, ela citou a construção de uma fábrica de antiretrovirais, que está pronta e poderá tornar Moçambique no futuro um país exportador de medicamentos, e a abertura naquele país de um escritório da FIOCRUZ para toda a África.
Integrante, juntamente com o Brasil, da “Comunidade dos Países de Língua Portuguesa” (CPLP), Moçambique também se transformou, nos últimos anos, em importante destino dos investimentos brasileiros. Entre eles, mencionou a embaixadora, estão os de produção de carvão pela Vale, e a construção de ferrovias e hidrelétricas, além de planos para a construção de linhas de transmissão de energia.
“A atuação do Brasil na África e em Moçambique é diferenciada. Estamos juntos, gerando empregos para os moçambicanos”, afirmou Ligia.
O senador Cristovam Buarque (PDT-DF), que copresidiu a reunião, ressaltou a importância de ampliação do intercâmbio cultural com Moçambique e defendeu a unidade da língua portuguesa, principalmente na expressão escrita. Ele manifestou, ainda, preocupação com a ampliação da presença chinesa na África e previu que o mandarim acabará conquistando espaço em vários países africanos.
ACORDO INTERNACIONAL
Ao final da reunião, a comissão aprovou parecer favorável ao projeto de decreto legislativo (PDS 191/2012) que ratifica acordo celebrado com a Guiné Equatorial sobre o exercício de atividade remunerada por parte de dependentes de pessoal diplomático.”
FONTE: da Agência Senado; transcrito no portal “Vermelho” (http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=188409&id_secao=2). [Imagem do Google adicionada por este blog ‘democracia&política’].
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