domingo, 25 de agosto de 2013

Egito: UNIÃO EUROPEIA E ARÁBIA SAUDITA EM ROTA DE COLISÃO

Aliados: Secretário de Estado dos EUA John Kerry e Príncipe Saud-al-Fayçal da Arábia Saudita

              Aliados carnais: EUA e Israel

“No momento em que os dirigentes europeus analisam uma série de sanções financeiras contra o Egito, o chefe da diplomacia saudita, o príncipe Saud-al-Fayçal, evocou a possibilidade de que os países árabes compensem um eventual corte de ajuda por parte da Europa. A Europa decidirá esta semana se segue proposta da França, que consiste em cancelar toda a ajuda ao Egito, ou se adota caminho intermediário.

Por Eduardo Febbro, de Paris

Uma confrontação euro-árabe em torno do Egito se esboça no horizonte entre, por um lado, os países da União Europeia e, por outro lado, a Arábia Saudita e seus aliados. Os dois eixos se enfrentam por causa das sanções que os europeus podem aplicar contra o regime egípcio que surgiu após a derrubada do presidente Mohamed Morsi e a sangrenta repressão contra os integrantes da Irmandade Muçulmana. No momento em que os dirigentes do Velho Continente começam a analisar uma série de sanções financeiras contra o Egito, o chefe da diplomacia saudita, o príncipe Saud-al-Fayçal, evocou a possibilidade de que os países árabes compensem um eventual corte de ajuda por parte da Europa.

Em comunicado conjunto que precede a reunião desta semana dos chanceleres da União Europeia, os presidentes da Comissão Europeia e do Conselho Europeu, José Manuel Durão Barroso e Herman Van Rompuy, se pronunciaram firmemente por uma revisão das relações com o governo egípcio e criticaram o regime militar: “A violência e os assassinatos não podem ser justificados nem tolerados. Os direitos humanos devem ser respeitados e os prisioneiros políticos devem ser libertados”, disseram os dois dirigentes europeus.

O príncipe Saud, cujo país adiantou uma ajuda de 5 bilhões de dólares ao Egito após a queda, no início de julho, do presidente islâmico Mohamed Morsi, reagiu dizendo que as propostas dos ocidentais eram comparáveis a “um apoio aos islâmicos egípcios”. O Kuwait e os Emirados Árabes Unidos se aliaram com a Arábia Saudita e prometeram ajudas de 4 e 3 bilhões de dólares, respectivamente. A situação é complexa e paradoxal. Em novembro de 2012, os europeus acertaram uma ajuda de quase 7 bilhões de dólares ao Egito. No entanto, boa parte dessa ajuda ficou bloqueada porque a União Europeia considerou que as reformas democráticas empreendidas pelo presidente Morsi eram insuficientes ou inadequadas.

A Europa é o segundo maior fornecedor de fundos do Egito, ficando atrás apenas do Qatar, país que contribuiu com 8 bilhões de dólares em ajudas diversas. Curiosamente, o Qatar financiou e apoiou durante vários anos diferentes ramos da Irmandade Muçulmana, entre eles o do Egito.

Como em quase todos os temas sensíveis, os europeus, imobilizados pelas divergências internas e pela falta de uma política comum, ficam apenas no terreno das palavras. A União Europeia ameaça cortar as ajudas ao mesmo tempo em que a Arábia Saudita assegura que compensará qualquer corte. O chefe da diplomacia saudita já advertiu: “aqueles que anunciaram o congelamento da ajuda ao Egito ou ameaçam fazê-lo, devem saber que a nação árabe e islâmica, com os recursos de que dispõe, não duvidará em aportar sua ajuda”.

A Europa está, em resumo, entre as boas intenções e a realidade. Seu escasso peso específico não lhe permite desempenhar papel preponderante, ainda mais que, no decisivo plano militar, a contribuição europeia é pequena: 190 milhões de dólares entre 2001 e 2009. A soma é mínima comparada com os 1,3 bilhões de dólares anuais da ajuda militar dos Estados Unidos. Os recursos norte-americanos cobrem 80% dos gastos em material do exército egípcio.

Washington exigiu [teatro?] que fosse levantado o Estado de emergência e só suspendeu, a título de sanção [teatro?], uma série de manobras militares conjuntas. Ou seja, concretamente, nada. Na verdade, a ajuda militar dos EUA para o Egito é essencial para a segurança de Israel. Esse dinheiro é, de fato, o garantidor da estabilidade dos acordos firmados em 1979 entre Israel e o Egito.

A Europa decidirá esta semana se segue o caminho proposto pela França, que consiste em cancelar toda a ajuda concedida ao Egito, ou se adota um caminho intermediário. “As demandas de democracia e as liberdades fundamentais da população egípcia não podem ser ignoradas e muito menos manchadas com sangue”, disseram Barroso e Van Rompuy em seu comunicado. Demasiado tarde. Com a repressão contra a Irmandade Muçulmana, o regime egípcio também arrasou com os sonhos de democracia semeados na Praça Tahrir durante a queda do ditador Hosni Mubarak. A repressão do exército contra a Irmandade Muçulmana deixou mais mortos em cinco dias que as cinco semanas de mobilização de 2011 que levaram à queda de Mubarak: 928 civis mortos em cinco dias contra 848 entre 25 de janeiro e 11 de fevereiro de 2011, data final do regime de Mubarak.” 

FONTE: escrito por Eduardo Febbro, de Paris. Publicado no site “Carta Maior” com tradução de Katarina Peixoto   (http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=22532). [Imagens do Google e trechos entre colchetes acrescentados por este blog ‘democracia&política’].

COMPLEMENTAÇÃO

DOCUMENTOS PROVAM QUE ISRAEL TRAMOU GOLPE NO EGITO, afirma premiê turco 


Do portal UOL, em São Paulo

“Israel está por trás do golpe de Estado do Egito que derrubou o presidente Mohammed Mursi e há documentos que provam isso, afirmou na terça-feira (20) o primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan.

"Por trás do golpe (de 3 de julho) no Egito está Israel. Temos documentos", afirma Erdogan durante um discurso perante os dirigentes regionais de seu partido, o islamita “Justiça e Desenvolvimento” (AKP).

Erdogan não deu detalhes sobre os documentos, mas embasou sua afirmação em uma reunião de 2011 que atribuiu a um "intelectual francês judeu" que não identificou: "Embora a Irmandade Muçulmana tenha vencido as eleições no Egito, não pode governar, porque a democracia não é apenas as urnas".

Erdogan dedicou grande parte de seu discurso a criticar a repressão no Egito e o regime "ditatorial" do general Abdel Fatah al Sisi, além de lamentar a atitude morna de muitos países islâmicos a respeito da destituição de Mursi.

No domingo (18), Erdogan já classificou a repressão das manifestações no Egito como "terrorismo de Estado" e disse que não havia diferença entre os regimes do Cairo e de Damasco.

"Que o mundo escute: os templos são invioláveis. Mas tanto na Síria como no Egito queimam e destroem nossas mesquitas. Seja Bashar (al-Assad), seja (Abdel Fatah ao) Sisi: entre esses dois não há diferença. Nem há diferença entre os que apoiam um ou outro", disse então Erdogan em outro comício.

As autoridades israelenses se recusaram a responder à acusação do primeiro-ministro turco: "Nem ao menos vale a pena responder a este comentário, que está abaixo de merecer resposta", disse à Agência [estatal espanhola de notícias EFE] um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Israel.”

FONTE DA COMPLEMENTAÇÃO: portal UOL com informações da agência estatal espanhola de notícias EFE (http://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2013/08/20/documentos-provam-que-israel-tramou-golpe-no-egito-afirma-premie-turco.htm). [Imagem do Google acrescentada por este blog ‘democracia&política’].

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