Na imagem aí de cima, você vê a capa da ‘Istoé’ de
22 de setembro de 1999
Por Fernando Brito
“Nela, uma carta (aqui,
na íntegra) escrita em linguagem desabrida pelo hoje
Presidente do Senado, Renan Calheiros, a Fernando Henrique Cardoso, denunciando
pressões do então governador Mario Covas, do PSDB, por negócios. Várias, uma
delas a deste trecho:
“A irritação do governador paulista com minhas atitudes chegou ao
ápice quando revoguei a Concorrência nº 02/97 – DPF, consubstanciada no
processo 08200007434/97-55, no valor de 170 milhões de reais, de interesse da
Empresa Tejofran Saneamento e Serviços Gerais Ltda., muito ligada a ele e a seu
filho, um certo Zuzinha, que detinha 20% do consórcio. Após ganhar a licitação,
essa gente passou a exigir um escandaloso indexador em moeda americana com o
obscuro objetivo de reajustar seus preços. Rejeitei a trama lesiva aos cofres
públicos.”
Mas o que tem a ver isso com a possível coleta de
fundos para o tucanato paulista?
A ‘Tejofran’ é uma simples empresa de serviços
gerais, nascida como um empresa de limpeza de escritórios e comprada em 1975
por Antonio Dias Felipe, o Português, amigo de Mario Covas e padrinho de seu
filho Mario Covas Neto, o Zuzinha.
Um homem discretíssimo, do qual a única imagem que
se pôde obter é aquela, pequena, que colocamos junto com a de seu afilhado.
Porque uma empresa desse tipo foi parar numa lista
com gigantes como a Siemens, a Alston, a Mitsui e a Bombardier?
Simples: a ‘Tejofran’ está espalhada por todo o
governo do Estado de São Paulo, prestando serviços a um número inimaginável de
empresas em todos os governos tucanos,
Faz a leitura da maioria dos medidores da SABESP,
da COMGÁS e da ELETROPAULO.
Faz medições em obras públicas.
Operou ou opera, desde os tempos do governo Covas,
a arrecadação de pedágios nas rodovias administradas pelo DERSA/DER.
Faz a segurança do Metrô, opera unidades do “Poupatempo”.
E também dos prédios onde funcionam, pelo menos, 10
secretarias e órgãos estaduais paulistas, inclusive o Metrô e a CPTM.
Na CPTM, onde começou fazendo a varrição e limpeza
dos vagões, hoje [a ‘Tejofran’] é sócia da Bombardier na reforma e modernização
de trens, e tem a mesma sociedade no Metrô.
Em 1997, quando surgiram as primeiras denúncias de
favorecimento ao dono da ‘Tejofran’, Antonio Dias Felipe, Mario Covas reagiu
indignado, segundo o ‘Diário Popular’, citado
no site do presidente do Tribunal de Contas de São Paulo, Antonio
Roque Citadini:
“Ninguém vai acusar o Governo do Estado de falcatruas Descubro
pelos jornais que estão colocando em dúvida pequenos contratos do Estado com um
amigo meu”.
Os “pequenos contratos”, que já nem eram tão
pequenos assim, ficaram imensos e somaram bilhões com Geraldo Alckmin e José
Serra.
Os trinta mascarados que resolveram acampar em
frente à casa de Renan Calheiros, em Brasília [semana passada], bem que poderiam
fazer um acordo: eles levantam acampamento, desde que o presidente do Senado
conte tudo o que ele sabe – e é muito – sobre as ligações do tucanato paulista
com a Tejofran e o gênio das finanças Antonio Dias Felipe, o Português tucano…”
FONTE: escrito por Fernando
Brito em seu blog “Tijolaço” (http://www.tijolaco.com.br/index.php/nos-trilhos-do-propinoduto-surge-o-caso-renan-tucanos-portugues/).
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