quinta-feira, 31 de maio de 2012
Jogo de interesses: GILMAR E DEMÓSTENES, CACHOEIRA E VEJA: "TUDO A VER"
Por Ricardo Kotscho, no blog "Balaio do Kotscho"
“Para entender este misterioso encontro de Lula com Gilmar Mendes no apartamento de Nelson Jobim, o novo escândalo denunciado pela revista “Veja” com o único objetivo de atingir o ex-presidente da República e o PT, uma verdadeira obsessão do seu proprietário, é preciso recuar um pouco no tempo.
3 de setembro de 2008. A mesma revista denunciou que o mesmo Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal, foi grampeado numa conversa com um senador da República pela Agência Brasileira de Inteligência, a ABIN, então dirigida pelo delegado Paulo Lacerda.
E quem era o senador? Ninguém mais, ninguém menos do que Demóstenes Torres, que era do DEM de Goiás, promovido pela revista em suas “páginas amarelas” como caçador de corruptos, aquele mesmo que depôs terça-feira na CPI do Cachoeira, o “empresário de jogos” que é seu amigo e parceiro nos negócios, como revelou a “Operação Monte Carlo” da Polícia Federal.
Em 2008, como agora, também se criou enorme crise em Brasília, capaz de abalar os alicerces da República e ameaçar a independência entre os poderes. Gilmar chegou a marchar ao lado de outros ministros do STF até o Palácio do Planalto para “chamar o presidente Lula às falas”.
Até hoje, o áudio do grampo não apareceu. A revista “Veja” nunca mais tocou no assunto. O delegado Paulo Lacerda, da Polícia Federal, que tinha comandado a prisão de PC Farias e a investigação que levou ao impeachment de Fernando Collor, foi suspenso das suas funções e depois perdeu o cargo, sendo obrigado a se exilar como adido policial da nossa embaixada em Portugal.
Lula terminou tranquilamente seu governo, após inúmeras outras crises políticas que nasceram e morreram na imprensa, com mais de 80% de aprovação popular, o maior índice já registrado por qualquer presidente da República.
Gilmar é amigo de Demóstenes, que é amigo de Carlinhos Cachoeira, o grande contraventor que é “fonte” das reportagens de “Veja”, a ponta de lança do “Instituto Millenium”, que fornece munição para os demais veículos vindos a reboque.
Podem variar os enredos e os personagens, mas o “modus-operandi” da turma é sempre o mesmo. Conhecendo, como conhece, Gilmar Mendes e seus amigos na imprensa, que sempre darão a versão dele sobre os fatos (ou não fatos), o que não consigo entender é como Lula entrou nessa fria, aceitando um encontro secreto na casa do ex-ministro Nelson Jobim, amigo de ambos.
Só estavam os três no encontro e, até agora, não se falou em gravações de áudio ou vídeo, a especialidade da equipe de arapongas de Cachoeira comandada por Jairo Martins, cujo nome também apareceu no grampo sem áudio de 2008.
Lula e Jobim desmentiram a versão publicada pela “Veja”, segundo a qual Gilmar Mendes teria sido “constrangido” pelo ex-presidente a adiar o julgamento do mensalão, em troca de uma blindagem do ministro do STF na CPI do Cachoeira.
Outro fato bastante estranho nessa história é que Gilmar Mendes tenha levado um mês curtindo sua perplexidade antes de chamar os repórteres da “Veja”, a quem disse, depois de “decodificar” os recados: “Fiquei perplexo com o comportamento e as insinuações despropositadas do presidente Lula”.
O ex-presidente só respondeu à reportagem da revista na noite de segunda-feira, quando o assunto já havia tomado conta de todos os noticiários desde sábado.
“Meu sentimento é de indignação”, reagiu Lula, que confirmou ter participado do encontro na casa de Jobim, mas qualificou de inverídica a versão publicada pela revista “Veja”.
Tem certas coisas que a gente nunca vai saber como de fato aconteceram. Melhor seria, com certeza, se não tivessem acontecido.”
FONTE: escrito por Ricardo Kotscho, no blog “Balaio do Kotscho”. Transcritto no blog “Escrivinhador” (http://www.rodrigovianna.com.br/outras-palavras/gilmar-e-demostenes-cachoeira-e-veja-tudo-a-ver.html#more-13876). [Imagens do google adicionadas por este blog ''democracia&política']
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário