“A chanceler da Alemanha Angela Merkel não admite, de maneira nenhuma, que a Grécia saia da zona do euro. Aliás, toda a direção da União Europeia - desde os ministros das Finanças dos vários países até ao presidente da Comissão Europeia, passando pelos dirigentes do Fundo Monetário Internacional - estão contra a deriva grega.
A crise grega pode arrastar o euro e a própria União Europeia.
O país, que se degradou praticamente até à total ausência do poder real, é pressionado pelos europeus, que não poupam promessas nem ameaças para convencê-lo a ficar no euro. Reconhece-se também, - embora isso seja muito mais raro, - que a saída da Grécia irá prejudicar toda a zona do euro. Não será esta a principal razão da atual azáfama?
Caso a Grécia saia da zona do euro, vai surgir uma questão de enorme importância – o que acontecerá à dívida pública da Grécia, que somava, em março de 2012, 370 bilhões de euros? O número dos que desejam cancelar esta dívida é bem escasso. Além disso, os exportadores europeus, - e em primeiro lugar, os alemães, - se estabeleceram há muito, - e muito confortavelmente, - no mercado grego. O comércio, - não somente de produtos civis, mas também de armamentos, procedentes, em primeiro lugar, da República Federal da Alemanha, - está em pleno florescimento. Apesar de todas as crises, o volume de fornecimentos não deve diminuir. É possível que certos cálculos secretos dos sábios econômicos da União Europeia levem à conclusão de que os armamentos serão um bálsamo para o saneamento da economia desorganizada de Atenas. Um outro imã são as crescentes taxas de juro das dívidas. Quanto mais desesperada é a situação, tanto mais altas são essas taxas. Os dirigentes da União Europeia, do Banco Europeu Central e do Fundo Monetário Internacional consideram mais vantajoso que a dívida estatal e as suas respectivas taxas de juro cresçam e não diminuam.
De acordo com as pesquisas da opinião pública, a maioria da população grega gostaria de livrar-se da tutela externa e da redução asfixiante de despesas, mas continuar, ao mesmo tempo, na zona de moeda única. Mas uma dessas coisas torna impossível a outra. E o mais provável é que os radicais, que aspiram ao poder em Atenas, levem a situação ao ponto de ruptura. E então...
Protestos em frentte ao Parlamento grego
Nadejda Arbatova, chefe do departamento de pesquisas políticas europeias do Instituto de Economia Mundial e de Relações Internacionais, de Moscou, supõe que, nesta altura, os gregos renunciarão à zona do euro e aos princípios da integração europeia.
“Creio que a crise que a União Europeia atravessa no presente momento não é uma mera crise econômica e financeira. É uma crise sistêmica, - quanto à crise econômica, essa foi apenas o catalisador dos problemas, acumulados anteriormente, isto é, a ampliação apressada da aliança à custa de países que não estavam totalmente prontos para o ingresso na União Europeia e o erro crasso de Bruxelas – a criação de uma moeda comum sem haver uma política comum da União Europeia nas esferas de impostos e de orçamento. Por isso, a questão que se impõe hoje não é da sobrevivência da zona do euro, mas se continuarão ou não viáveis os fundamentos da integração europeia”.
No caso de saída da Grécia da zona do euro, as metástases irão se espalhar por outros países do sul da Europa – Portugal, Espanha e Itália. É essa a opinião de muitos economistas, em particular de Wolfgang Munchau, um dos fundadores do jornal “Financial Times Deutschland”. Ele agoura que o pânico junto das caixas automáticas da Europa do Sul vai eclodir no máximo dentro de duas ou três semanas. A seguir, - resta apenas a questão: o que é que vai sobrar da atual zona do euro? Depois do adeus grego, as tentativas de manter a Espanha e a Itália dentro do espaço de moeda única serão irreais.”
FONTE: escrito por Serguei Guk, comentarista da Rádio “Voz da Rússia”. Artigo publicado no portal “Vermelho” (http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=183699&id_secao=9) . [Imagens do Google adicionadas por este blog ‘democracia&política’].
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