quinta-feira, 8 de agosto de 2013

“MÍDIA NINJA”

Do blog do Rovai

MÍDIA NINJA” DÁ UM BAILE NA BANCADA DO “RODA VIVA

“Pablo Capilé e Bruno Torturra estiveram na noite de segunda-feira no ‘Roda Viva’ da TV Cultura. Deram um show e uma aula de comunicação para uma bancada que parecia atordoada e sem conseguir entender o que está acontecendo por fora das corporações midiáticas.

A bancada do programa foi coordenada pela última vez por Mário Sérgio Conti, que será substituído pelo “glorioso” [sic] Augusto Nunes. Além dele, participaram do debate Eugênio Bucci, Caio Túlio Costa, Suzana Singer e Alberto Dinnes. Por parte de alguns, o espetáculo foi deprimente. Sem exagero.


Alberto Dines parece ter sido o único a entender o significado da “Mídia Ninja”. E foi também o único que tentou debatê-la como uma nova experiência jornalística e não como coisa de um grupo que precisa explicar de onde vem o dinheiro que o financia e a que partido seus integrantes estão vinculados.

[Para os da bancada, que interrogaram] Tudo que acontece por fora do mercado tradicional só pode ter algum vínculo com grupos políticos. E tem sempre algo de suspeito. Foi esse o recado que a turma dos jornalistas tentou mandar para a audiência. E foi desmoralizada na tese com respostas tranquilas e equilibradas de Torturra e Capilé.

Suzana Singer teve que engolir seco e ver Capilé relembrando uma coluna dela onde a ‘ombudsman’ da ‘Folha’ chamava a atenção para o fato de o jornal não citar o PSDB num escândalo.
Mário Sérgio Conti também ouviu, quase que tossindo, Torturra dizer que a TV Cultura também não é tão independente assim, até porque nunca tratou com transparência o caso da demissão de Heródoto Barbeiro. Para quem não conhece a história, Heródoto foi demitido a pedido de Serra.

Eugênio Bucci foi muito mal. Quando se viu perdido, decidiu fazer perguntas tão longas que parecia querer se autoentrevistar. Ao falar de quanto se gasta em publicidade no governo, tentou exagerar nos números dizendo que, nos dados que Capilé trouxe, não contabilizavam os recursos das estatais. E contabilizavam. Falou do governo federal, mas não citou, por exemplo, os gastos do governo do Estado [de SP]. Aliás, ele sempre se esquece desse “personagem” quando trata do assunto. Proporcionalmente, o governo do Estado de São Paulo gasta muito mais com publicidade do que o governo federal.

O “Roda Viva” de [segunda-feira] foi uma demonstração de como o jornalismo tradicional envelheceu algumas décadas nos últimos anos. Se fosse um jogo de futebol, o baile que a bancada tomou da dupla Capilé e Torturra teria sido mais constrangedor do que a que o Santos levou do Barcelona. Foi triste de ver. Mas, ao mesmo tempo, também foi feliz. Tem coisa nova rolando. E o jornalismo não é mais refém da turma do mesmo de sempre. Hoje ele está na mão de quem acredita na reinvenção.

Se não viu o programa, pode assisti-lo aí embaixo para conferir se este blogueiro exagera:

Vídeo:



FONTE: do blog do Rovai. Transcrito no portal de Luis Nassif  (http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/ninja-da-um-baile-na-bancada-do-roda-viva-por-renato-rovai). [Imagem do Google adicionada por este blog ‘democracia&política’].

COMPLEMENTAÇÃO




“MÍDIA NINJA”: 'TOMAR POSIÇÃO SEM VESTIR MANTO DA FALSA IMPARCIALIDADE DA GRANDE MÍDIA'

“O ao vivo sem pós-produção da ‘Mídia Ninja’ é capaz de despertar debates sem o aval da mesma mídia que está, hoje, enxugando suas redações e precarizando seus funcionários. Em entrevista à ‘Carta Maior’, os ninjas reclamam da falta de um marco regulatório da mídia e dizem que "a ausência de regulação dificulta o exercício da liberdade de expressão da população."

Por Caio Sarack, no “Carta Maior”

A simultânea crise e consolidação dos veículos tradicionais também recebe no seu seio mídias agora reconhecidas como alternativas. Com modo de expor particular: o fato tal como ele se dá e "se dando". O "ao vivo" sem pós-produção. O debate, então, é aberto obrigatoriamente sem aval da mesma grande mídia que está, hoje, enxugando suas redações e precarizando seus funcionários.

Desponta um grupo dentre estes que são conhecidos como “meios alternativos de informação”: o “Ninja” (Narrativas Independentes, Jornalismo e Ação). O grupo cedeu entrevista por e-mail à “Carta Maior” e nos contou sobre sua configuração e posição políticas.

A iniciativa fala de dar poder aos novos protagonistas da realidade brasileira, mas também o posicionamento do mercado e Estado traz questionamentos que deverão seguir no horizonte dessa mídia que, mesmo incipiente, tem seu importante papel. Aprofundar e efetivar a liberdade de expressão ‘para além do capital’ passa a ser hoje uma das principais pautas da expansão da democracia.

Carta Maior: Quando se iniciaram as atividades do grupo? Quantas pessoas participam do grupo e como são coordenadas suas atividades?

Mídia Ninja: O ‘Ninja’ surge a partir de um acúmulo de mais de 15 anos de produção midialivrista no Brasil, de experiências que vão desde os fanzines e da blogosfera ao ‘Fora do Eixo’, rede que está em mais de 200 cidade no país e vem desenvolvendo tecnologias de comunicação e produção de conteúdo há 7 anos. Nesse processo, aproximou de si outras redes, coletivos, jornalistas e midialivristas que, juntos, deram início a um projeto que, ao mesmo tempo, conseguiu que se fortalecesse um veiculo independente, como também catalisar uma rede de comunicação autônoma que usufrui dos frutos e ferramentas desenvolvidas durante esse histórico.

Hoje, ele é uma rede descentralizada de comunicadores que buscam novas possibilidades de produção e distribuição de informação. São milhares de pessoas usando a lógica colaborativa de compartilhamento que emerge da sociedade em rede como premissa e ferramenta. A iniciativa veio à tona há meses atrás, durante a cobertura do “Fórum Mundial de Mídia Livre” na Tunísia. Desde então, o “Ninja” vem realizando coberturas por todo Brasil, apresentando pautas e abordagens omitidas na mídia tradicional.

CM: Qual, na opinião de vocês, é a função das narrativas independentes? De que maneira vocês quiseram retratar os atos e protestos dos últimos dois meses?

MN: A função das narrativas independentes é dar poder a cada vez mais gente para contar histórias a partir do ponto de vista do que estão vivendo. Mais do que uma ferramenta, é uma noção que ajuda a dimensionar a comunicação como serviço de utilidade pública.

Além de comunicadores, somos ativistas também. Quando fomos fazer a cobertura da vinda do Papa ao Brasil, por exemplo, direcionamos o nosso olhar para entender quem era contra a visita de Francisco, não contra a religião, mas que protestava pela ausência de um Estado laico.

Logo, as nossas coberturas sempre explicitarão aquilo que, de fato, estamos vendo e vivendo. Nós também tomamos bombas em protesto, dois de nós já foram presos apenas por estar exercendo o direito à comunicação. Quando fazemos a cobertura de um protesto indígena ou quilombola, estamos de fato envolvidos com aquela pauta; não se ganha legitimidade com quem está nas ruas apenas com discurso; a nossa prática de mídia precisa estar com a frequência modulada com o espaço-tempo da nossa geração.

CM: O que pensam do Marco Regulatório da Mídia? Como vocês veem o problema da mídia no Brasil?

MN: A ausência de regulação dificulta o exercício da liberdade de expressão da população, e favorece a existência de oligopólios que tanto comprometem a pluralidade nos conteúdos que são veiculados quanto à independência nas pautas.

Outro ponto: a falta de um marco regulatório não condiz com o contexto político, que apresenta o empoderamento de uma nova geração de protagonistas. As possibilidades que temos com a tecnologia disponível hoje em dia e as possibilidades de democratização da produção de conteúdo também não são contempladas.

É dever do Estado também promover a diversidade de opiniões. Uma lei contribuiria necessariamente para a não criminalização dos movimentos sociais, por exemplo. Além de garantir a diversidade e o direito de manifestação e liberdade de expressão, distribuindo de forma mais equânime e democrática o recurso público ou o espectro eletromagnético.

Da forma que está hoje, a “Globo” recebe uma porcentagem gigantesca das verbas de publicidade do governo e uma emissora como a “Jovem Pan” ocupa uma faixa de espectro equivalente a de centenas de rádios comunitárias.

CM: De que maneira vocês se colocam no debate político hoje?

MN:
A mídia livre é um ato político, e todo ato precede necessariamente de um debate. Tomar uma posição diante do que estamos cobrindo sem vestir o manto da falsa imparcialidade da grande mídia já é uma forma de se colocar.”

FONTE: escrito por Caio Sarack, no site “Carta Maior”    (http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=22470).

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