sábado, 12 de dezembro de 2015

ENTREVISTA DE LULA AO JORNAL CONSERVADOR ESPANHOL "EL PAÍS"





Impeachment é “vingança contra o PT”, diz Lula

Lula em entrevista ao [jornal espanhol] "El Pais":

Pergunta. O que você acha do momento delicado que atravessa o país pela mistura da crise política e econômica?

Resposta. O Brasil vive uma combinação de dificuldades reais. No campo da política, nós temos uma crise; há praticamente um ano a oposição dificulta que a presidenta Dilma governe o país. Nós tivemos problemas na nossa base de sustentação que a presidenta reordenou quando fez as mudanças no ministério e refez sua base de apoio, mas é uma base complicada porque o presidente da Câmara constantemente afronta a governança do país colocando pautas difíceis de serem aprovadas pelo Congresso, inclusive que complicam a própria economia do país.

P. Mesmo o impeachment.

R. Por isso o esforço da presidenta é muito maior e do Governo também. E agora ele entra com essa pauta do impeachment sem nenhuma procedência. Não tem nenhuma procedência jurídica, nenhuma procedência legal…

P. Por que ele faz isso?

R. Eu penso que faz parte da índole dele criar dificuldade para a presidenta Dilma governar o país. Não há um único indício de qualquer coisa que possa justificar a presidenta a sofrer um processo de impeachment. Sobre as alegações sobre as contas da presidenta, não é o Tribunal de Contas que vota, é o Congresso Nacional. Então, que as contas sejam votadas no Congresso antes de se falar em impeachment. Ela fez um pouco o que fazem outros presidentes, que é o financiamento de projetos sociais pagos pela Caixa Econômica e ressarcidos pelo Estado algumas semanas depois. Apelidaram de “pedalada”. Não tem nenhum sentido sofrer processo de impeachment. Você não vota as contas e já coloca o impeachment? E coloca como um processo de vingança com relação ao comportamento do PT. Mais grave ainda.

P. Você acha que é um comportamento mesmo de vingança? Não tem a ver com o país?

R. É um comportamento totalmente irresponsável sem levar em conta o país. Ou seja, o povo brasileiro está ansioso para que o país possa voltar a progredir, voltar a crescer. Para que a presidenta Dilma tenha a tranquilidade de governar esse país; para isso é necessário que se votem as reformas que a presidenta mandou para o Congresso. É o que vai dar tranquilidade para a presidenta Dilma exercer o seu mandato.

P. Mas o Eduardo Cunha não é um político qualquer. Ele é o presidente da Câmara.

R. Pois é, mas além dele você tem mais 512 deputados dentro da Câmara e todos eles foram eleitos com o compromisso de melhorar a vida do povo brasileiro. Acho que a grande maioria vai acabar se posicionando para que o país volte à normalidade. Para isso, é preciso derrotar a tese do impeachment. Voltar à normalidade é o que o país precisa para crescer, gerar riqueza e fazer muito investimento.

P. Então você acha que o impeachment não vai terminar com a destituição da Dilma.

R. Acho que o impeachment não vai progredir porque não tem procedência. Se uma crise econômica num país qualquer fosse razão para cair um presidente da República, todos estariam demitidos de 2008 para cá."

FONTE: do "Diário do Centro do Mundo"  (http://www.diariodocentrodomundo.com.br/essencial/).

Nenhum comentário: