terça-feira, 15 de dezembro de 2015

OBAMA FELICITA DILMA. BRASIL É RECONHECIDO COMO LÍDER E REFERÊNCIA MUNDIAL PARA O CLIMA



Em Paris, o Secretário de Estado dos EUA, John Kerry, elogia e agradece a Izabella Teixeira, Ministra do Meio Ambiente

Um "país aos cacos" que é referência para o clima?


Na Conferência do Clima, em Paris, o Brasil deixou de ser a Geni do conservadorismo para se tornar a referência ambiental das nações em desenvolvimento.

Por Saul Leblon

"A atuação brasileira na Conferência do Clima, em Paris --contribuindo de forma marcante para o desfecho superior ao esperado, num encontro decisivo para o planeta, desconcertou o jogral do "Brasil aos cacos".

Foi preciso, porém, que o presidente dos EUA, Barack Obama, orientasse seu secretário de Estado, John Kerry, a ‘colar’ na mediação da brasileira Izabella Teixeira, ministra do meio ambiente, para que o noticioso local admitisse o que o conservadorismo nega, sonega e combate.

Ou seja, o novo degrau do Brasil na geopolítica mundial.

‘Ministra brasileira ganha destaque nos debates da COP-21. Izabella Teixeira é uma das autoridades mais assediadas do encontro’.

Foi o que estampou o site de "O Globo" no último sábado, quando o documento da CoP 21 era arrematado no joelho pelos negociadores (leia a íntegra do documento aqui, na versão em espanhol)

De onde o ‘insuspeito’ veículo dos notórios Marinhos tirou isso?

Do fato que o Brasil virou referência na CoP 21 graças a sua ousadia na definição de metas próprias --única nação em desenvolvimento a se comprometer em cortar emissões em termos absolutos; à credibilidade lastreada em resultados superlativos já alcançados pelo país e à qualificação técnica inquestionável da ministra de Estado, Izabella Teixeira.

Tudo isso soa a conversa de marciano para quem tem como referência exclusiva o noticioso das próprias "Organizações Globo", na grande confluência formada internamente entre o golpismo e a vigarice nos dias que correm.

Do que se depreende dessa orquestração seria aceitável aleijar o Estado de Direito para derrubar um governo que dá pedaladas (fiscais) para cumprir programas sociais.

Pasmem.

O assalto assim justificado soa ridículo.

Os assaltantes garantem, no entanto, que é por aí que o país vai restaurar a confiança na economia e a moralidade na política.

Assinado: o sóbrio Aécio, o impoluto Cunha, o desprendido Serra e, acima de todos e de tudo, a pleonástica grandeza dessas iniciais, ‘FHC’.

O aquadrilhamento oculta, minimiza, desdenha e boicota qualquer resultado ou fato que desminta o plano inclinado da nação rumo ao abismo, diuturnamente reiterado pelos veículos associados.

Daí o parêntesis algo desconcertante aberto pelo noticiário da "CoP", em dissonância com o esforço midiático para trazer a classe média de volta às ruas, e assim livrar-se da dependente simbiose entre o golpismo e a vigarice representada por Eduardo Cunha.

A desconexão espantosa do noticiário não decorre da realidade.

Mas da forma como ela tem sido filtrada pelo oligopólio midiático no país.

Aos fatos.

Quando a crise mundial gritava mais alto, em 2009, eram poucas as nações dispostas a conversar sobre restrições impostas pelo aquecimento global.

A CoP então, a "conferência de Copenhague", acabou em fiasco.

O Brasil nadou na contracorrente.

Fez na esfera ambiental o que adotaria depois na economia, com políticas keynesianas destinadas a afrontar o vagalhão global mundial, a contrapelo da maioria das nações, que dobraria a aposta desastrosa mergulhando no arrocho neoliberal.

Por conta própria, o governo Lula fixou então uma meta unilateral de redução de gases de efeito estufa, tendo como referência o ano de 2005.

O noticiário especializado carimbou: ‘retórica’.

Errou.

A redução alcançada até 2012 foi de 41%, graças sobretudo ao recuo de 79% no desmatamento na Amazônia legal entre 2004 e 2015.

Foi a bordo desses números que a ministra Izabella Teixeira desembarcou em Paris trazendo na bagagem outra meta igualmente desassombrada – anunciada anteriormente pela Presidenta Dilma Rousseff.

A de reduzir em 37%, até 2025, e em 43%, até 2030, as emissões de gases do efeito estufa do país

Para que seja factível, o governo se impôs o compromisso de zerar o desmatamento na Amazônia Legal até 2030.

Nesse mesmo prazo, 12 milhões de hectares de florestas, o equivalente a uma Inglaterra inteira, terão que ser reflorestados.

Porém, não apenas isso.

Implícitos aí estão dois requisitos modeladores do futuro do desenvolvimento brasileiro.

Uma redução absoluta no volume das emissões no mesmo período e o girar a economia a partir de então com 1/3 (33%) de energia renovável (contra 28% hoje).

Essas, as credenciais do país que desempenhou um papel marcante no mais importante fórum da humanidade encerrado nesse final de semana em Paris.

Uma pergunta é obrigatória.

Pode uma "nação em ruína", como quer a emissão conservadora, servir ao mesmo tempo de referência da agenda angular para o destino dos povos em nosso tempo?

Qualquer grão de mostarda de honestidade intelectual responderia que não.

Somos levados a intuir, assim, que aquilo que a aliança do golpismo com a vigarice chama de ‘ruína lulopetista’ configura na realidade outra coisa.

Na verdade, uma encruzilhada clássica na história das nações.

Não isenta de erros de seus protagonistas.

Mas acima de tudo enervada pela crispação dos dilemas que marcam uma transição de ciclo do desenvolvimento.

Essa em que a disputa pela riqueza corrente se intensifica, a desigual distribuição do estoque torna-se mais ostensiva e as prioridades, direitos e condicionalidades sobre o fluxo futuro exacerbam os conflitos de classe em torno do passo seguinte da sociedade.

Os parâmetros levados pelo governo brasileiro a Paris incorporam a essa travessia, por si só difícil, a contrapartida do ingrediente climático incontornável.

O que fez do Brasil uma referência das nações em luta pelo desenvolvimento na CoP 21 foi ordenar esse conjunto com base em um princípio inegociável: considerar indissociável a economia sustentável, da nação socialmente sustentável.

A destinação social do desenvolvimento e o desfrute responsável e equitativo de seus recursos e riquezas conectam-se aí por laços e coerência estratégica e política.

Ou dito à moda brasileira, como tem acontecido em todos os fóruns internacionais: um futuro sustentável é incompatível com a fome, a miséria, o desabrigo, o arrocho, a insalubridade, as periferias conflagradas e os recursos sonegados às grandes maiorias.

Construir uma nação é um ato de ruptura.

Que se renova periodicamente em espirais de choques contra interesses dominantes internos e externos.

Delimitar um espaço, fincar estacas e declarar a soberania aí não é coisa que se faça impunemente em tempo algum e em qualquer latitude

Menos ainda quando se trata, como é o caso brasileiro, de um dos maiores territórios do globo, dotado das maiores reservas de água, de minérios, petróleo, terras férteis, potencial hidrelétrico e solar; ademais de florestas e biodiversidade, tudo isso arrematado por um gigantesco mercado de massa.

O que significa ser tudo isso em uma mudança de época em que a civilização terá que se apoiar nos recursos em declínio –que o Brasil ainda dispõe em abundância-- para construir as novas bases de sua sobrevivência?

Significa, em primeiro lugar, combinar o desprendimento cooperativo com a soberania intransigente, mas também e justamente por isso expor-se a uma rota de colisão permanente com um mundo de capitais livres em rota de colisão com a urgência das nações .

Essas correntezas violentas agem sob a superfície da conjura esfomeada do golpismo com a vigarice no Brasil nesse momento.

Quem melhor encarna esse elo entre a superfície e as profundezas, entre a cozinha e o cofre, entre o varejo e o atacado da reordenação do poder local e global é o recém-assumido chefe das operações contra Dilma, o tucano Fernando Henrique Cardoso.

Diga-se a seu favor que não se trata de uma ruptura, mas de um desdobramento evolutivo.

Não por acaso é ele o personagem que ejacula vingança no flerte do golpismo com a regressividade social e institucional nos dias que correm.

No seu constrangedor modo de ver e agir, estaríamos agora, a exemplo do que ocorreu em 1964, diante da confirmação histórica de sua tese basilar.

Aquele que ordenou o governo neoliberal privatista sob seu comando, nos anos 90, e que justificaria, ademais, o cerco golpista atual que lidera contra Dilma Rousseff.

Qual seja, a de que não há espaço para um povo comandar o seu destino no capitalismo do século 21.

E menos ainda para a teimosa insistência ‘lulopetista’ na construção de uma democracia social tardia no coração da América Latina.

Os acontecimentos referendariam sua célebre análise sociológica de 1967, ‘Dependência e desenvolvimento na América Latina’.

Escrita com Enzo Falletto, no Chile, quatro anos depois do golpe no Brasil, e publicado em 1973, ano da queda de Allende, ela teorizava sobre a "inviabilidade de um modelo de desenvolvimento soberano na região".

"A dependência é estrutural", dizia FHC em 1967.

"A dependência é virtuosa", adicionaria FHC presidente nos anos 90.

"A dependência é inexorável", diz agora o baluarte do golpe institucional, que prescreve a derrubada do governo resiliente em contrariar o enredo consagrado pelo acadêmico e líder conservador.

FH partiu de um diagnóstico correto, verdade seja dita.

Ele apontou o equívoco de boa parte da esquerda brasileira, que em 1964 via na burguesia nacional um aliado dos trabalhadores na luta pelo desenvolvimento.

Mas extraiu daí conclusões equivocadas.

Focado na realidade efetiva dos interesses que opunham o capital às massas populares na disputa pelo excedente econômico, ‘Dependência e Desenvolvimento na América Latina’, sinalizava um fato real: a complementariedade de propósitos entre o capital local e o estrangeiro.

Tal convergência, antes de levar à estagnação pela atrofia do mercado interno, em decorrência do arquivamento das reformas de base, permitiria um padrão de desenvolvimento associado e dependente, no qual o consumo da classe média forneceria o lubrificante de equilíbrio político e econômico.

Ao privilegiar os conflitos de interesse no interior da sociedade à margem de idealizações ideológicas, a reflexão sociológica representou um avanço.

Sem, todavia, definir um verdadeiro marco histórico.

Faltou abordar o essencial: a problematização dos conflitos inerentes à associação entre o capital local e o internacional e o seu custo social.

A ausência desse olhar dialético magnificaria aquilo que FHC criticava na esquerda nos anos 60: a troca da materialidade da luta de classes por um fatalismo alheio às contradições transformadoras do processo histórico

A dinâmica interna estaria assim previamente dada; independentemente da prática política, o país orbitaria sempre como um sócio subalterno da engrenagem global.

Com a supremacia financeira, a partir dos anos 70/80, o enredo mecanicista ganharia a aparente robustez de um sujeito histórico hegemônico, dotado de mando e ubiquidade efetivas.

Foi essa aparente consagração da teoria que deu estofo ao projeto político do sociólogo na Presidência da República, que a exerceria entre 1995 a 2002 disposto a personificar sua obra.

Assim o fez.

O surgimento do PT e a vitória desconcertante do líder operário em 2002 e 2006 –que fez a sucessora em 2010, reeleita em 2014-- introduziu um ruído insuportável no escopo desse conformismo estratégico.

Para revalidar a teoria –e os interesses aos quais ela consagra uma dominância irreversível-, era preciso desqualificar a heresia de forma exemplar.

É essa vendeta que impele FHC agora.

A ponto de alinhar-se ao golpismo mais ostensivo, irmanado à vigarice explícita de um Cunha & associados..

É preciso provar que o conformismo de 1967 não esgotou o prazo de validade.

Após 13 anos de avanços sociais e geopolíticos, sob o comando de governos hereges, só restou ruína, garantem seus vocalizadores igualmente jogados de corpo inteiro no golpe.

Ou não será essa a sofreguidão embutida na manchete da [tucana] "Folha" de domingo de convocação da classe média para as ruas? ‘Após 13 anos de PT, 68% não veem melhora de vida’. E rebaixado em miúdas: ‘No período, renda dos mais pobres subiu 129%’. Dissonância logo rebatida na legenda da foto abaixo: ‘crianças atendidas pelo Bolsa Família alimentam-se de arroz e feijão, sem carne’.

Não seria um risco alto demais reduzir-se uma transição de ciclo de desenvolvimento a essa composição de densidade colegial?

Não se o torniquete financeiro internacional –ancorado nas agências de risco e no arrocho fiscal interno -- tanger a pasta de dente de volta ao tubo com chibatadas de juros altos, retração do investimento público, volta do desemprego em massa e a reversão dos ganhos salariais.

É nisso que FHC arrisca sua autoestima póstuma.

Para tanto, o país precisa derreter.

Por dentro e por fora.

O que aconteceu na conferência de Paris neste fim de semana conflita com o enunciado conservador.

Nela, o Brasil deixou de ser a Geni do conservadorismo para se tornar a referência ambiental das nações em desenvolvimento.

Na frente interna, o baile é ainda mais agitado.

A disputa se dá sob dominância da rua.

Derrotar a sociologia da dependência, neste caso, requer um grau de ousadia ainda maior.

Trata-se de libertar a democracia da passividade a que foi condenada no modelo de governança de sucessivos governos nas últimas décadas.

Inclusive os do PT.

É uma corrida contra o tempo.

Em parte, para deixar de ser refém das próprias renúncias e omissões.

O sociólogo aposta seu prestígio póstumo nesse fracasso.

A ver."

FONTE: escrito por Saul Leblon em seu editorial no site "Carta Maior"  (http://www.cartamaior.com.br/?/Editorial/Um-pais-aos-cacos-que-e-referencia-para-o-clima-/35159).

COMPLEMENTAÇÃO

EM LIGAÇÃO PARA DILMA, OBAMA AGRADECE LIDERANÇA BRASILEIRA NA COP21



"O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, telefonou ontem, segunda (14), à presidente Dilma Rousseff para agradecer a liderança brasileira para o sucesso do Acordo de Paris, na 21ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP21).

Segundo o Palácio do Planalto, Obama felicitou os negociadores brasileiros, em especial a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, agradeceu o empenho da presidenta Dilma e do governo, sem os quais, segundo ele, não se obteria o resultado final, alcançado em Paris”.

Por Ana Cristina Campos – Repórter da Agência Brasil

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, telefonou ontem, segunda-feira (14), no fim da tarde, à presidenta Dilma Rousseff para agradecer a liderança brasileira para o sucesso do Acordo de Paris, na 21ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP21). O documento foi aprovado no sábado (12).

Segundo o Palácio do Planalto, Obama felicitou os negociadores brasileiros, em especial a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, agradeceu o empenho da presidenta Dilma e do governo, sem os quais, segundo ele, não se obteria o resultado final, alcançado em Paris”.

Obama ainda ressaltou a importância da coordenação entre Brasil e Estados Unidos, que trabalharam para atingir metas comuns no Acordo de Paris.

O texto final estabelece o objetivo de manter o aumento da temperatura média global abaixo de 2 graus Celsius (ºC) em relação aos níveis pré-industriais e garantir esforços para limitar o aumento da temperatura a 1,5ºC.

De acordo com o Planalto, Dilma parabenizou o presidente Obama pela “liderança firme e proativa dos Estados Unidos nas negociações de Paris”.

FONTE da complementação: escrito por Ana Cristina Campos – Repórter da Agência Brasil. Transcrito no portal "Brasil 247"  (http://www.brasil247.com/pt/247/brasil/209566/Em-liga%C3%A7%C3%A3o-para-Dilma-Obama-agradece-lideran%C3%A7a-brasileira-na-COP21.htm)

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