quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

RIFADO PELA MÍDIA TUCANA, CUNHA VIRA ALVO DA PF



Caiu a “House of Cunha”: rifado pela velha mídia, ele vira alvo da PF

Por Rodrigo Vianna

"Não acredito em coincidências. No fim-de-semana, a "Folha" e "O Globo" pediram o “Fora, Cunha”.

Editoriais duros foram publicados pelos mesmos jornais que, antes, comemoravam a vitória do nefasto peemedebista sobre Dilma.

O que mudou?

Está na cara que hoje Cunha é um entrave para o impeachment. Gera ruído no discurso daqueles que bradam: "o PT é o inventor de toda a corrupção no Brasil desde Cabral".

Então, destruamos Cunha!


A mídia comemorou vitória de Cunha em janeiro; mas agora ele virou um peso

A estratégia é pressioná-lo, oferecendo uma saída “honrosa”: ele deixa a presidência da Câmara, mas tucanos e demos se articulam para salvar o mandato do homem acusado de ter milhões de dólares escondidos na Suíça.

Não é à toa que Aécio faltou à "mini-festação" do dia 13. O “Fora, Dilma” está micado. Primeiro, é preciso sacar Cunha do poder…

Deixo claro: não estou dizendo que haja uma mente malévola que articula tudo e “manda” o Judiciário e a PF seguirem um roteiro determinado. Não é assim. Mas essas instâncias todas praticam um balé: a dança bem ensaiada dos poderosos.


A imprensa (Globo, sobretudo) rifou Cunha. Então, as instituições estão livres para avançar sobre ele. Quanto tempo Cunha ainda resistirá?

Todos agora fazem seus cálculos.

1 – A oposição (PSDB/Serra) teme que as operações da PF respinguem em Temer (inviabilizando o vice traidor como alternativa de poder). Isso já está acontecendo: o ministro Henrique Alves (próximo de Temer) também foi alvo da operação que invadiu as casas de Cunha na terça-feira.

Temer e o PMDB estão manchados. Haveria espaço para alguma manobra deles ainda?

Sempre há, mas essa saída de golpe parlamentar paulista (Temer no poder, com apoio de empresários de São Paulo, e sob a batuta de um superministro José Serra) parece estar bloqueada agora pelos desdobramentos da Operação Lava-Jato.

2 – O governo Dilma também tem seus temores. Se Cunha for afastado (por decisão do STF, ou num acordão com os tucanos), um parlamentar mais “limpo” pode assumir a presidência da Câmara. E aí o roteiro do impeachment retoma alguma viabilidade. É esse o desejo nada oculto da Globo e da Folha…

Por isso o governo tem pressa: a ideia é fazer o impeachment andar enquanto o mau cheiro que exala de Cunha domina o ambiente. Se não houver recesso, tudo pode estar concluído até fevereiro ou março.

3 – Aécio é outro que faz cálculos. Para ele, é melhor tudo ficar como está: o governo se enfraquece, lutando contra o impeachment – que ao fim fracassa. Assim, o PMDB não ganha a presidência.

Mais à frente, em abril ou maio, o PSDB tentará de novo o golpe: dessa vez, para cassar a chapa Dilma/Temer no TSE. Nesse caso, se tudo acontecer na primeira metade do mandato de Dilma (até o fim de 2016), novas eleições deveriam ser convocadas.

Marina, a oportunista de plantão, é sócia de Aécio nesse cenário. A ela interessa que ocorram novas eleições em 2016.

Mas ninguém pode prever o que de fato vai acontecer…

Meu palpite: Dilma sobrevive agora, aproveitando-se das contradições internas da oposição tucana e do odor fétido que exala do PMDB – um cadáver insepulto e dividido em vários pedaços.

Mas isso não quer dizer que o governo e o PT recuperem sua imagem no curto prazo. Não. Viveremos uma longa crise, da qual nem PT e nem PSDB sairão fortes.

E em 2016, se Dilma não mudar a política econômica (tornando mais suave o ajuste), a crise política pode-se transformar em crise social.

Nesse caso, a pressão contra o governo não virá dos oportunistas e golpistas da oposição. Mas das ruas (falo do povão, e não dos barrigudos da Paulista e de Copacabana) – onde hoje Dilma ainda conta com um apoio razoável para resistir."


FONTE: escrito por Rodrigo Vianna na revista "Fórum"  (http://www.revistaforum.com.br/rodrigovianna/palavra-minha/caiu-house-cunha-rifado-pela-velha-midia-ele-vira-alvo-da-pf/).

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