terça-feira, 16 de agosto de 2011

AS RELAÇÕES BRASIL-CHINA NA CRISE


A China controla o yuan e consegue obter preços melhores na negociação com o Brasil

Do “Correio do Brasil”

[Uma visão tucana]

BRASIL DEPENDE DA CHINA PARA EVITAR CRISE

“No mercado financeiro, o Brasil é considerado hoje um “derivativo” da China. Derivativos são contratos cujos preços dependem da cotação de outro ativo.

A performance do mercado brasileiro é muito ligada à China. O Brasil tem o ônus e o bônus dessa relação” –diz Ricardo Lacerda, presidente da “BR Partners”, uma das principais empresas de fusões e aquisições do País.

DEPENDÊNCIA

Traduzindo para a economia real: se a crise nos Estados Unidos e na Europa atingir a China, o Brasil será castigado. A percepção dos investidores vem do aumento da dependência do país em relação ao gigante asiático depois da quebra do ‘Lehman Brothers’ em 2008. O apetite chinês garantiu a alta das ‘commodities’ em meio à recessão global, reduzindo a vulnerabilidade externa brasileira.

Nos 12 meses até junho, o Brasil teve déficit em conta corrente (inclui todas as transações com exterior) de US$ 49 bilhões, ou 2% do Produto Interno Bruto (PIB). Sem o efeito China da alta das ‘commodities’, o superávit comercial se transformaria em déficit e o saldo negativo da conta corrente chegaria a US$ 89 bilhões, ou 4% do PIB, revela cálculo da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (FUNCEX).

PONTO MAIS CRUCIAL

É por isso que a economia chinesa está no radar do governo. Segundo uma fonte do Ministério da Fazenda, o Brasil tem mercado interno robusto, o que limita o contágio externo, mas a situação asiática é seguida com lupa.

A China é o ponto mais crucial, porque afetaria a economia real imediatamente” –disse o secretário executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, semana passada em Brasília.

Nos últimos três anos, a China se consolidou como o maior parceiro comercial do Brasil e anunciou investimentos bilionários no país. Para driblar o real forte, a indústria brasileira compra mais insumos na China.

A dependência dos fornecedores chineses cresceu. Se a crise piorar e secar o crédito para a importação, a indústria para. Estaremos mais vulneráveis” –disse José Roberto Mendonça de Barros, sócio-diretor da MB Associados.

CLIENTE PREFERENCIAL

Em 2008, a China absorvia 6,7% das vendas externas do País. No primeiro semestre deste ano, representou 17%.

A demanda dos países ricos caiu, enquanto a China continuou a consumir” –explica Mônica de Bollle, sócia da “Galanto Consultoria”. Em 2008, a Vale vendia 28% do seu minério de ferro para a China. No segundo trimestre deste ano, destinou aos chineses 41,9% do total.

TORCER PELA CHINA

O apetite chinês baliza os preços das ‘commodities’, que representam quase 70% do que o Brasil vende no exterior, conforme cálculo da “Rede Agro”. A alta das ‘commodities’ pós-2008 proporcionou termos de troca recordes para o Brasil, variável que compara preços de produtos exportados e importados.

É um ganho de renda para o País, que pode importar mais com a mesma quantidade de exportação” –diz José Júlio Senna, sócio-diretor da MCM Consultores.

Até agora, o Brasil colheu o bônus da relação com a China, mas se o país asiático sucumbir à crise, pode ser a hora do ônus. [Contudo] os especialistas esperam desaceleração gradual da China e manutenção de demanda forte por ‘commodities’. Mas, se a situação piorar, o efeito para o Brasil seria em cascata: ‘commodities’ em queda, menos exportação, mais déficit em conta corrente, queda do real e inflação.

Para Fernando Ribeiro, economista-chefe da FUNCEX, essa “catástrofe” reduziria a capacidade do governo de reagir à crise com corte de juros ou estímulos fiscais.

É o dilema que o governo Dilma quer evitar: perder o controle da inflação ou deixar o país entrar em recessão?” –questionou".

[OBS deste 'democracia&política': É óbvio que não existem somente essas opções catastróficas. Elas parecem as que, há nove anos, vêm sendo formuladas pela mídia e oposição, que torcem pelo pior para que haja alguma chance de a direita voltar ao poder. O mercado interno brasileiro é grande o suficiente para outras inúmeras soluções boas para o Brasil].

FONTE: publicado no “Correio do Brasil”  (http://correiodobrasil.com.br/brasil-depende-da-china-para-evitar-crise/...) e transcrito no portal de Luis Nassif  (http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/as-relacoes-brasil-china-na-crise#more) [trechos entre colchetes adicionados por este 'democracia&política'].

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