Atrizes da “Turma do Cansei” [de pagar impostos]
Por Brizola Neto
“Aquele pessoal da Associação Comercial de São Paulo que patrocina o impostômetro e a turma do “Cansei” deveria ler o artigo publicado 2ª feira (15) no “The New York Times”, o megainvestidor americano Warren Buffett, o terceiro homem mais rico do mundo. Aliás, ele era o primeiro, antes de ser ultrapassado por Bill Gates e pelo mexicano Carlos Slim, o tubarão das telecomunicações.
O título do artigo diz tudo: “PAREM DE MIMAR OS RICOS“.
Buffett não poderia ser mais claro. Usa o valor do que ele próprio paga de imposto de renda e o compara com o que pagam seus subordinados: é ele quem paga menos, proporcionalmente.
Tudo o que ele diz sobre os Estados Unidos, mais seriamente se poderia dizer sobre o Brasil.
Já tivemos 13 alíquotas diferentes de Imposto de Renda, variando entre zero e 55% da renda, de acordo com seu valor. Chegamos a ter apenas duas e, hoje, são cinco, até 27,5%, no máximo. Os EUA, por exemplo, têm cinco faixas, com alíquota maior de 39,6%. No Reino Unido, são três faixas, de 20% a 40%. A França mantém 12 faixas (5% a 57%), e a China nove faixas (15% a 45%).
Além dos pobres, castigados por um sistema regressivo de impostos, que carrega o preço dos produtos muito mais fortemente que a renda –um estudo do IPEA mostra que os pobres pagam, proporcionalmente, três vezes mais ICMS que os ricos– também a nossa classe média é onerada de forma injusta. A incidência percentual de Imposto de Renda é a mesma para quem ganha R$ 3,7 mil ou R$ 370 mil por mês.
Nos últimos anos, até que se diminuiu essa injustiça, criando faixas mais baixas de tributação para rendas menores (7,5%, para renda até 2.246,75) e uma mínima ampliação (de 25% para 27,5%) para a faixa mais alta, embora o “alta” aqui seja uma piada, em termos mundiais. Mesmo assim, como você vê na tabela, um imposto de renda baixo, em relação a quase todos os países do mundo.
E do qual os megarendimentos, por uma série de artifícios, escapam, enquanto o assalariariado não tem como fugir.
Quem sabe um dia apareçam aqui, também, grandes empresários e investidores que tenham a coragem de dizer o que o bilionário Buffett? Vale a pena ler o seu artigo, que posto no blog “Projeto Nacional.”
FONTE: escrito por Brizola Neto e publicado em seu blog “Tijolaço” (http://www.tijolaco.com/de-um-bilionario-americano-para-a-turma-do-cansei/) [imagem do Google adicionada por este ‘democracia&politica’].
4 comentários:
Maria Tereza
Realmente a carga tributaria do Brasil é mal dividida.
Mas mais do que isso ela é grande demais.
Precisamos de uma reforma do (inchado e ineficiente) Estado brasileiro a ser feita junto com uma reforma (rectius, diminuição)tributaria.
Sob pena de termos eternamente nosso desenvolvimento enjaulado dentro deste "custo Brasil"
Iurikorolev,
Concordo. Nossa carga tributária é desumanamente mal-dividida. Privilegia os mais ricos, as "elites". O governo tucano de SP, no governo Lula, foi o que mais boicotou a discussão da reforma tributária. Tomara que agora permitam a reforma.
Faço ressalvas a esse conceito de "Estado brasileiro inchado". Ele era verdade inatacável para os neoliberais. Aqui, para os demotucanos. Era conceito capcioso propagado pelos doutrinadores norte-americanos para enfraquecer os demais, enquanto os EUA fortaleciam, cada vez mais, o seu gigantesco e poderosíssimo Estado guerreiro.
A crise de 2008 fez muitos acordarem do engodo. Os que se salvaram da crise foram por soluções decorrentes da força dos seus Estados.
Quanto à busca da eficiência, é objetivo permanente para tudo, inclusive Estados.
Maria Tereza
Nos EUA é quase tudo privado.
Lá o povo não é pobre como aqui e não precisa de assistencialismo.
Não tem essa carga de funcionarios publicos do Brasil e quando se aposenta ganha-se menos do que na ativa.
Quase 40% dos tributos é usado na Defesa.
Iurikorolev,
Sim. É quase tudo privado. Porém, comércio e indústria e até a agropecuária dependem do enorme poder de compra do Estado, especialmente das Forças Armadas. Estas, terceirizam muito, com dispêndio de bilhões de dólares por ano nessa 'privatização'. Até as guerras no Iraque e Afeganistão são conduzidas com efetivos de "privados" maiores até que os de militares. O apoio logístico e mesmo combatentes são providos por privados. Fazer a contagem de quais são funcionários públicos civis ou militares de carteirinha para saber o percentual deles na sociedade tem significado irrealista distorcido por essa "terceirização". Todos, direta ou indiretamente, são pagos e equipados pelo forte, rico e poderoso Estado.
Alguns conceitos como os de os norte-americanos do povo não precisarem de assistência do Estado, de melhor aposentadoria, de saúde pública, são estereotipados. Já não correspondem mais à realidade há muitos anos.
Maria Tereza
Postar um comentário