domingo, 11 de setembro de 2011

A MATEMÁTICA MACABRA DO 11 DE SETEMBRO


“A resposta dos EUA ao ataque contra o World Trade Center engendrou duas novas guerras e uma contabilidade macabra. Para vingar as mais de 2.900 vítimas do ataque, algumas centenas de milhares de pessoas foram mortas. Para cada vítima do 11 de setembro, algumas dezenas (na estatística mais conservadora) ou centenas de pessoas perderam suas vidas. Mas essa história não se resume a mortes. A invasão do Iraque rendeu bilhões de dólares a empresas norte-americanas.

Essa matemática macabra aparece também no 11 de setembro de 1973. O golpe de Pinochet provocou 40 mil vítimas e gordos lucros para os amigos do ditador e para ele próprio: US$ 27 milhões, só em contas secretas.

Por Marco Aurélio Weissheimer

O mundo se tornou um lugar mais seguro, dez anos depois dos atentados de 11 de setembro e da “guerra ao terror” promovida pelos Estados Unidos para se vingar do ataque? A resposta de Washington ao ataque contra o World Trade Center e o Pentágono engendrou duas novas guerras –no Iraque e no Afeganistão– e uma contabilidade macabra. Para vingar as mais de 2.900 vítimas do ataque, mais de 900 mil pessoas já teriam perdido suas vidas até hoje. Os números são do site “Unknown News”, que fornece estatística detalhada do número de mortos nas guerras nos dois países, distinguindo vítimas civis de militares. A organização “Iraq Body Count”, que usa metodologia diferente, tem estatística mais conservadora: 111.937 civis mortos somente no Iraque.

Seja como for, a matemática da vingança é assustadora: para cada vítima do 11 de setembro, algumas dezenas (na estatística mais conservadora) ou centenas de pessoas perderam suas vidas. Em qualquer um dos casos, a reação aos atentados supera de longe a prática adotada pelo exército nazista nos territórios ocupados durante a Segunda Guerra Mundial: executar dez civis para cada soldado alemão morto. Na madrugada do dia 2 de maio, quando anunciou oficialmente que Osama Bin Laden tinha sido morto, no Paquistão, por um comando especial dos Estados Unidos, o presidente Barack Obama afirmou que a justiça tinha sido feita. O conceito de justiça aplicado aqui torna a “Lei do Talião” um instrumento conservador. As palavras do presidente Obama foram as seguintes:

"Foi feita justiça. Nesta noite, tenho condições de dizer aos americanos e ao mundo que os Estados Unidos conduziram uma operação que matou Osama Bin Laden, o líder da Al Qaeda e terrorista responsável pelo assassinato de milhares de homens, mulheres e crianças."

O conceito de "justiça" usado por Obama autoriza, portanto, a que iraquianos e afegãos lancem ataques contra os responsáveis pelo assassinato de milhares de homens, mulheres e crianças. E provoquem outras milhares de mortes. E assim por diante, até que não haja mais ninguém para ser morto. A superação da Lei do Talião, cabe lembrar, foi considerada um avanço civilizatório justamente por colocar um fim neste ciclo perpétuo de morte e vingança. A ideia é que a justiça tem que ser um pouco mais do que isso.

NEM TUDO É DOR E SOFRIMENTO



Mas a história dos dez anos do 11 de setembro não se resume a mortes, dores e sofrimentos. Há a história dos lucros também. Gordos lucros. Uma ótima crônica dessa história é o documentário “Iraque à venda. Os lucros da guerra”, de Robert Greenwald (2006), que mostra como a invasão do Iraque deu lugar à guerra mais privatizada da história: serviços de alimentação, escritório, lavanderia, transporte, segurança privada, engenharia, construção, logística, treinamento policial, vigilância aérea...a lista é longa. O segundo maior contingente de soldados, após as tropas do exército dos EUA, foi formado por 20 mil militares privados. Greenwald baseia-se nas investigações realizadas pelo deputado Henry Waxman que dirigiu uma Comissão de Investigação sobre o gasto público no Iraque.

Parte dessa história é bem conhecida. A Halliburton, ligada ao então vice-presidente Dick Cheney, recebeu cerca de US$ 13,6 bilhões para “trabalhos de reconstrução e apoio às tropas. A Parsons ganhou US$ 5,3 bilhões em sérvios de engenharia e construção. A Dyn Corp. faturou US$ 1,9 bilhões com o treinamento de policiais. A Blackwater abocanhou US$ 21 milhões, somente com o serviço de segurança privada do então “pró-Cônsul” dos EUA no Iraque, Paul Bremer. Essa lista também é extensa e os números reais envolvidos nesses negócios até hoje não são bem conhecidos. A indústria da “reconstrução” do Iraque foi alimentada com muito sangue, de várias nacionalidades. Os soldados norte-americanos entraram com sua quota. Até 1° de setembro deste ano, o número de vítimas fatais [no Iraque] entre os militares dos EUA é quase o dobro do de vítimas do 11 de setembro: 4.474. Somando os soldados mortos no Afeganistão, esse número chega a 6.200.

A matemática macabra envolvendo o 11 de setembro e os Estados Unidos manifesta-se mais uma vez quando voltamos a 1973, quando Washington apoiou ativamente o golpe militar que derrubou e assassinou o presidente do Chile, Salvador Allende. Em agosto deste ano, o governo chileno anunciou uma nova estatística de vítimas da ditadura do general Augusto Pinochet (1973-1990): entre vítimas de tortura, desaparecidos e mortos, 40 mil pessoas, 14 vezes mais do que o número de vítimas dos atentados de 11 de setembro de 2001. Relembrando as palavras do presidente Obama e seu peculiar conceito de "justiça", os chilenos estariam autorizados a caçar e matar os responsáveis pelo assassinato de milhares de homens, mulheres e crianças.

Assim como no Iraque, nem tudo foi morte, dor e sofrimento na ditadura chilena. Com a chancela da Casa Branca e a inspiração do economista Milton Friedman e seus “Chicago Boy’s”, Pinochet garantiu gordos lucros para seus aliados e para si mesmo também. Investigadores internacionais revelaram, em 2004, que Pinochet movimentava, desde 1994, contas secretas em bancos do exterior no valor de até US$ 27 milhões. Segundo um relatório de uma comissão do Senado dos EUA, divulgado em 2005, Pinochet manteve elos profundos com organismos financeiros norte-americanos, como o Riggs Bank, uma instituição de Washington, além de outras oito que operavam nos EUA e em outros países. Segundo o mesmo relatório, o Riggs Bank e o Citigroup mantiveram laços com o ditador chileno durante duas décadas, pelo menos. Pinochet, amigos e familiares mantiveram, pelo menos, US$ 9 milhões em contas secretas nesses bancos.

Em 2006, o general Manuel Contreras, que chefiou a DINA, polícia secreta chilena, durante a ditadura, acusou Pinochet e o filho deste, Marco Antonio, de envolvimento na produção clandestina de armas químicas e biológicas e no tráfico de cocaína. Segundo Contreras, boa parte da fortuna de Pinochet veio daí.

Liberdade, Justiça, Segurança: essas foram algumas das principais palavras que justificaram essas políticas. O modelo [neoliberal] imposto por Pinochet no Chile era apontado como modelo para a América Latina [FHC/PSDB o copiou]. Os Estados Unidos seguem se apresentando como guardiões da liberdade e da democracia. E pessoas seguem sendo mortas diariamente no Iraque e no Afeganistão para saciar uma sede que há muito tempo deixou de ser de vingança.”

FONTE: escrito por Marco Aurélio Weissheimer e publicado no site “Carta Maior”  (http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=18435) [entre colchetes no último parágrafo adicionados por este blog ‘democracia&política’].

2 comentários:

Probus disse...

Eu nem gosto mais de discutir nem conversar determinados assuntos, em muito, até comigo mesmo...

Mas, não seriam esses aviões do 11/09 VANTs ou DRONEs ou UAVs??? Ou seja, não seriam esses aviões TELE-GUIADOS por CONTROLE REMOTO???

Afinal, quem é realmente o terrorista: O AIPAC e a CIA? Ou a Al Qaeda??

P.S. Até o PHA questiona hoje...

Os BILDERBERGs?? Ou o TALIBAN???

O que é mais NOJENTO: Ver civis inocentes serem dizimados em guerras... ou pela FOME?????

P.S. Iraque?????

Bagdá: o Iraque espera retomar as conversações com grandes petrolíferas este mês em um plano de bilhões de dólares do campo petrolífero de multi injeção de água após a discordância em relação aos custos suspendeu o projeto por meses, um funcionário sênior do petróleo, disse.

ExxonMobil foi escolhido em nome de empresas de petróleo estrangeiras para liderar o projeto de injeção de água-mega, necessários para aumentar as taxas de produção de petróleo dos campos petrolíferos do sul do Iraque.

Companhias petrolíferas internacionais que ganharam contratos em campos petrolíferos do sul incluem Real holandesa Shell, Lukoil, BP PLC e ENI da Itália.

http://gulfnews.com/business/oil-gas/iraq-to-resume-oilfield-water-injection-talks-soon-1.863887
http://gulfnews.com/business/oil-gas/iraq-to-resume-oilfield-water-injection-talks-soon-1.863887

Por aquelas bandas o povão vive "tranqüilo" e "feliz", na podridão dos efeitos da guerra e na miséria provocada pela soberba e usura dos PIRATAS de sempre.

Unknown disse...

Probus,
Essa sua hipótese, por mais fantasiosa que pareça, é mais realista e coerente do que as versões oficiais do governo dos EUA.
Maria Tereza