domingo, 31 de maio de 2015

INVASÃO DOS EUA NO AFEGANISTÃO FOI PELO "MERCADO" DA HEROÍNA



    Soldado dos EUA em plantação de papoulas


[OBSERVAÇÃO deste blog 'democracia&política': 

O MUITO ESTRANHO GRANDE CRESCIMENTO DA PRODUÇÃO DE HEROÍNA NO AFEGANISTÃO APÓS A OCUPAÇÃO PELOS EUA

Este blog já abordou, em artigo próprio, esse intrigante fato em postagem de 22/03/08, intitulada:

"FATOS MUITO ESTRANHOS NA GUERRA DOS EUA CONTRA O AFEGANISTÃO"

Reescrevo e amplio o tema:

"Muito antes do ataque terrorista às torres gêmeas de Nova Iorque em 11/09/2001, j
á era claramente previsto pela imprensa nos EUA que o Afeganistão seria invadido por tropas norte-americanas em futuro próximo. Porém, o motivo explícito era somente o petróleo. 

O PETRÓLEO

O motivo daquele ataque então já prenunciado foi o fato de a região da Ásia Central abrangida pelos países Azerbaidjão, Cazaquistão, Usbequistão e Turcomenistão ter sido identificada como possuindo reservas de petróleo e gás maiores que as do Golfo Pérsico.

No Afeganistão, país vizinho àquela rica região petrolífera e caminho natural para o melhor escoamento da futura produção de petróleo e gás, o
s EUA já haviam "ajudado" com armas e informações, com interesse geopolítico na área, o regime Taliban e Osama Bin-Laden a combaterem a União Soviética.

O Afeganistão é importantíssimo como solução geográfica mais barata para o transporte daquelas riquezas. Seria muito menos custoso passar oleodutos e gasodutos por seu território, até o porto na área marítima do Paquistão, junto ao Oriente Médio, do que a solução manifestada pelos russos, de estendê-los pelo Mar Cáspio, até o Mar Negro e de lá alcançar o Mar Mediterrâneo. 



Segundo a imprensa da época pré-11 setembro, vários grupos dos EUA (Chevron, Conoco, Texaco, Mobil Oil e Unocal) já estavam, na década de noventa, com negociações e investimentos adiantados no Afeganistão para aquela exploração.

O regime afegão Taliban, todavia, veio a se negar a autorizar a passagem pelo Afeganistão do oleoduto e do gasoduto, os quais já estavam iniciados pela empresa norte-americana Unocal [adquirida depois pela Chevron e na qual trabalhava Hamid Karzai que veio a ser "eleito" presidente do Afeganistão pós-ocupação pelos EUA]. Essa negação dos talibans causou a interrupção da obra em 1998. "Coincidentemente", naquele ano, em 20/08/1998, de surpresa, à noite, os EUA atacaram com mísseis de cruzeiro e aviões uma região daquele país “suspeita de abrigar possíveis terroristas”...

Desde então, volta e meia surgiam mais artigos em jornais e revistas dos EUA e em várias partes do mundo, abordando novo e iminente ataque militar dos EUA ao Afeganistão. 

O posterior ataque "terrorista" [atentado ou autoatentado, executado por sauditas] de 11/09/2001, em Nova Iorque, veio a ser valioso e oportuno pretexto para aquela já esperada e planejada ação militar norte-americana.

COISAS MUITO ESTRANHAS - O NARCOTRÁFICO 


Sempre achei que naquela atentado de NY e naquela invasão do Afeganistão havia no ar coisas muito estranhas, incoerentes. Muitas delas até hoje perduram e se amplificam. Porém, foi surpresa quando algo por trás do petróleo, econômica e financeiramente muito mais importante, começou a se revelar. Não era assim facilmente previsível ou imaginável. Nos últimos anos, a "lógica" da invasão ficou mais clara.

Antes da invasão norte-americana, o regime Taliban havia banido do Afeganistão o cultivo da papoula, da qual se obtém o ópio, do qual é extraída a heroína. A produção caiu praticamente a zero em julho de 2001 (dois meses antes do estranho atentado às torres gêmeas de Nova Iorque). 


Com essa ação dos talibans, o "mercado" mundial daquele produto, que somente nos EUA movimenta a economia em muitos bilhões de dólares por ano, ficou enlouquecido, com preços incontrolavelmente disparando, inviabilizando a sua comercialização e causando gigantesco prejuízo aos seus empresários, comerciantes, grandes bancos, paraísos fiscais, bancos suíços como o HSBC com suas contas secretas, e o desespero aos consumidores norte-americanos. [OBS.: Em 2008, o comércio de narcotráfico (heroína e outros) movimentou 1,75 trilhões de euros no mundo!!!].

Assim, alguns meses depois do 11/09, houve a invasão norte-americana, na alegada caça ao saudita "terrorista Bin Laden" [sic]. Os EUA devastaram 
o Afeganistão com poder destruidor impressionante, com milhões de toneladas de bombas e mísseis moderníssimos. Até o subsolo, as cavernas, as montanhas foram explodidos por novas e poderosas bombas que tudo esfarinhavam como grandes terremotos. 


Um detalhe: aquela guerra foi, também, imenso negócio alavancador da poderosa e multibilionária indústria de armas e de serviços logísticos militares nos EUA. O PIB norte-americano cresceu significativamente. 

O Afeganistão assim atacado (cujos progresso e infraestrutura antes já o assemelhavam ao interior do Piauí, e o seu centro comercial era semelhante a uma feira livre da periferia de Caruaru), foi completamente destroçado com armas moderníssimas, com dezenas de milhares de civis afegãos mortos. Até hoje, o país está ocupado pelas numerosas, modernas e poderosíssimas Forças Armadas dos EUA e de seus aliados.

Contudo, o mais surpreendente é o Afeganistão, mesmo policiado palmo a palmo por forças dos EUA e OTAN (que se intitulam com o nobre direito de combater o terror e o narcotráfico em qualquer país do mundo), ter rapidamente recuperado e gigantescamente aumentado a lavoura, a produção e a exportação do ópio, hoje já respondendo por mais de 95% da produção mundial de heroína. Para alívio do "mercado", os preços e o suprimento da heroína já baixaram e estão normalizados nos EUA e nos demais grandes centros consumidores. O negócio está bombando.

Apenas para exemplificar esse absurdo quadro, relembro trechos de um artigo da insuspeita agência estatal britânica de notícias BBC, de 03/09/2006, que trata desse surpreendente e exponencial crescimento da produção de papoula, ópio e heroína após a invasão norte-americana:

“CULTIVO DE ÓPIO NO AFEGANISTÃO AUMENTA 59% NO ANO” (2006)

O cultivo de papoulas no Afeganistão - matéria-prima para a produção de ópio - deverá aumentar em 59% neste ano, já representando 92% da produção mundial da droga, de acordo com as Nações Unidas.”

(...) “O narcotráfico, para o Afeganistão, é estimado em US$ 2,7 bilhões, responde por cerca de um terço da economia do país.” (atualização deste blog: dois anos depois, em 2008, 57% do PIB afegão proveio da heroína (fonte: UOL Mídia Gobal, 02/04/2008).

Isso [notícia da BBC] foi em 2006. Em 2007, foi pior:

Vejamos outro artigo, da "Folha Online", em 05/03/2007:


“ONU RELATA AUMENTO DO TRÁFICO DE ÓPIO NO AFEGANISTÃO” (2007)

O cultivo de papoula --matéria prima do ópio-- no Afeganistão poderá se expandir em 2007 após safra recorde em 2006, afirmou nesta sexta-feira a agência da ONU que investiga drogas. O relatório da ONU destaca o fracasso da iniciativa internacional que luta contra o tráfico de narcóticos crescente no país.

A Agência para Drogas e Crimes da ONU (UNDOC) prevê aumento da papoula em um círculo de Províncias afegãs, inclusive Helmand, no sul, onde há a mais extensa área de cultivo no país.”


(...) "A pesquisa deste inverno sugere que o cultivo de ópio no Afeganistão em 2007 poderá superar a colheita recorde de 165 mil hectares em 2006", afirmou o diretor executivo da UNDOC”.

CULTIVO

(...) Segundo a ONU, o cultivo de papoula ocorre em 100% dos vilarejos visitados na Província de Helmand e em 93% das vilas da Província vizinha de Candahar (ex-bastião do Taliban).

Impressionante. Tudo isso com cada palmo de Afeganistão ocupado por soldados norte-americanos e aliados. Muito estranho...

Essa postagem deste 'democracia&política' foi em 2008. Parece que nada mudou. Vejamos sobre o assunto a seguinte postagem de sábado último (30) do portal "Vermelho"]:

Produção de drogas no Afeganistão cresceu após chegada dos americanos

"A produção de drogas no Afeganistão aumentou 50 vezes desde o início da operação militar dos EUA no país, em 2001, e continua aumentando, declarou o Serviço Federal de Controle de Drogas da Rússia (FSKN na sigla em russo). Depois de 10 anos da ocupação militar americana, o país produz 95% do ópio mundial.

Depois de 10 anos da ocupação militar americana, o Afeganistão já produz 95% do ópio mundial

Segundo o FSKN, os números de campos de papoulas no Afeganistão em 2014 mais uma vez se tornaram recordes em toda a história do país, e atingiram 224 mil hectares.

O famoso cientista político, especialista de estudos regionais e analista independente sobre problemas do Afeganistão, Paquistão e Índia, Pir Mohammad Molazehi, comentou as razões da situação atual. “Desde o começo, os americanos escolheram seus alvos e laços no mundo das drogas, o que lhes permitiu dominar o mesmo e garantir que a indústria das drogas continue crescendo. Há dados que em certas regiões eles aconselhavam as pessoas a obter o máximo de lucro do cultivo da papoula. Por isso, os americanos nunca se colocaram o objetivo de combater as plantações de papoulas nem a produção das drogas."

Em geral, a chegada dos EUA ao Afeganistão não só falhou de impedir o processo de produção de drogas, mas ao contrário, contribuiu para o seu aumento drástico”, disse o cientista político.

Que passos devem fazer as autoridades afegãs? A resposta foi dada pelo antigo ministro de controle de drogas afegão, General Khodaidad. Segundo ele, na situação atual a "Organização para Cooperação de Xangai" pode contribuir de forma positiva à situação no Afeganistão, e é necessário usar o seu potencial para combate ao terrorismo e controle de drogas afegãs.

O cultivo e a produção de drogas no Afeganistão ficam fora do controle da comunidade mundial. A "Organização para Cooperação de Xangai" (OXC) deve agir mais ativamente na luta contra a produção de drogas, servindo como um tipo de ponte nessa questão entre a Rússia e as regiões de norte do Afeganistão.

Como se sabe, os EUA e a OTAN gastaram US$ 7,8 bilhões no combate ao cultivo e à produção das drogas no Afeganistão. No entanto, nos últimos anos essa produção não só não caiu, como pelo contrário, está aumentando. Isso quer dizer que todo esse dinheiro foi gasto em vão. Quanto à questão do terrorismo, os EUA e os seus aliados ocidentais não parecem mais a fim de lutar contra ele. Enquanto isso, com o governo novo do Afeganistão, os países da região, liderados pela Rússia, estão apoiando o país na área econômica e cultural.

É importante que o Afeganistão intente participar da cúpula de líderes da OXC em Ufa. Estou certo, que essa é uma boa chance para começar um diálogo construtivo e eficaz com os vizinhos do Afeganistão – não só nas áreas da economia, mas também no combate contra o terrorismo e o controle de drogas”
.

FONTE: observação inicial entre colchetes e em azul produzida por este blog 'democracia&política' e 
postada em 22/03/08. Artigo seguinte obtido no "Sputnik News" pelo portal "Vermelho"  (http://www.vermelho.org.br/noticia/264866-9).

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