sábado, 23 de maio de 2015

POR QUE A PETROLEIRA FRANCESA "TOTAL" ANUNCIA NA TV GLOBO?




Por que a Total Petróleo anuncia na TV Globo?

"No período eleitoral de 2014, vi uma propaganda na TV muito bem feita que pensei ser da Petrobras. Mas era da Total, empresa de petróleo multinacional cuja sede é na França.

Achei muito estranho. A Total não atua no varejo no Brasil, não tem rede de postos, para anunciar em meios de comunicação de massa. Então, o retorno em vendas, uma das razões de ser da qualquer propaganda, seria zero.

Outro motivo mais justificável seria uma propaganda institucional. É comum quando a imagem da empresa sofre algum desgaste, por exemplo quando há acidente com danos ambientais, ou que vitima trabalhadores, ou quando a empresa se vê envolvida em algum escândalo. Também não é o caso da Total no Brasil. O retorno, nesse caso, também seria zero.

Em países onde empresas estrangeiras são consideradas imperialistas por ficarem com a maior parte do lucro do petróleo, deixando muito pouco da riqueza para o povo, também é comum esse tipo de propaganda institucional para melhorar a imagem e fazer um contraponto neoliberal aos nacionalistas que pregam mudanças nos contratos. Mas, no Brasil, a Total não tem nenhum problema de má imagem desse tipo.

A petroleira francesa até aceitou participar da extração de petróleo no campo de Libra no pré-sal com participação minoritária, ao lado da majoritária Petrobras. Aceitou as regras de partilha, onde a fatia do leão da riqueza fica com o povo brasileiro. Portanto, também não tem esse tipo de problema, e o retorno da propaganda também seria zero.

Aliás, se a Total tivesse que fazer propaganda institucional seria em 2013, após participar do consórcio de Libra com a Petrobras. Ali seria hora de fazer uma propaganda comemorativa para marcar a presença institucional de investir no Brasil e esse blá-blá-blá corporativo que grandes empresas costumam fazer quando anunciam grandes investimentos, mesmo que não atuem no varejo.

Mais surpreendente é que a propaganda é internacional, não foi feita no Brasil, nem concebida para o Brasil. É visível cenas gravadas em países africanos, inclusive com placas em outros idiomas. No Youtube, quando pesquisamos, vemos que o anúncio existe dublado em diversas línguas.

Agora, a propaganda está de volta na tela da TV Globo (não sei se é veiculada em outros canais também). Ao que tudo indica, o retorno em vendas e para as operações no Brasil em termos de negócios com as regras atuais continua sendo zero.

Assim, a propaganda seria dinheiro jogado fora. Mas departamentos de marketing altamente profissionais de multinacionais não rasgam dinheiro.

Por que então anunciar na TV Globo?

Não podemos afirmar ao certo, mas que dá para desconfiar, isso dá. O único motivo que consigo vislumbrar, que não seja rasgar dinheiro, é os anúncios serem uma forma de patrocínio à linha editorial das Organizações Globo para defender mudanças no modelo de partilha e enfraquecimento da Petrobras, de forma que as petroleiras privadas estrangeiras fiquem com uma fatia maior da riqueza do pré-sal.

Só consigo ver retorno financeiro para a Total nesse tipo de propaganda se a pregação da Globo desse certo contra a Petrobras e contra o modelo de partilha no pré-sal, onde cerca de 80% da riqueza ficam para o povo brasileiro.

O presidente da Total do Brasil, em entrevistas, já defendeu o fim da exclusividade da Petrobras no pré-sal. Os jornais e telejornais da Globo também defendem a mesma coisa [assim como o PSDB, com seus projetos de lei no Senado que atendem os interesses das petroleiras estrangeiras]. Junta a fome de um com a vontade de comer do outro.

Não é proibido nem ilegal anunciar com objetivo de patrocinar linhas editoriais que atendam ao lobismo corporativo. Mas o povo brasileiro tem o direito de saber qual é o jogo político pesado em torno da riqueza do pré-sal que está sendo jogado na telinha da TV Globo."

FONTE: do blog "Os amigos do Presidente Lula"  (http://osamigosdopresidentelula.blogspot.pt/2015/05/por-que-total-petroleo-anuncia-na-tv.html). [Trecho entre colchetes acrescentado por este blog 'democracia&política'].

Nenhum comentário: