sexta-feira, 22 de maio de 2015

É SÓ ISSO O PSDB?




É SÓ ISSO O PSDB?

Por LELÊ TELES

"Era um programa 'do PSDB' ou um programa 'contra o PT'? E vão chegar em 2018 assim, sem apresentar nenhuma solução para os problemas que eles pontuaram, sem exibir uma única alternativa viável?

Vocês viram o programa do PSDB? Cara, o que foi aquilo?

Começou com um aloprado samba tucano, samba de panela sem ritmo, plem, plem, plem...

'Man', por que eles fizeram aquilo? Colar a imagem de um partido em meia dúzia de aloprados de varanda?

Confesso que ensaiei fechar os olhos, pressenti que mostrariam em seguida aquela horrenda selfie bunda-mole do Pequeno Kim.

Mas aí entraram uns caracteres, explicando que o PSDB não era mais da turma do quanto pior melhor, embora continuasse a ser da turma do contra, mas agora somente contra tudo o que está errado.

Cara, que alívio.

Pensei, ôpaaa, adoro autocrítica. Vão descer o sarrafo em Beto Richa, quiçá apareça o próprio Beto, com um pitbull pendurado na virilha e o rosto cravejado de balas de borracha, dando aula de humildade, pedindo desculpas aos professores e apresentando a sua renúncia.

Meti a mão na travessa de pipoca e enchi a boca.

Qual nada. Cortaram para um jovem ator a falar sobre mentiras.

Aí é que veio o estalo, não, Beto é a cereja, agora é Alckmin. Mentira é com ele, dirá que mentiu aos paulistas sobre racionamentos e má gestão dos recursos hídricos, contará a verdade sobre o Trensalão, a lista de Furnas, a privataria, a compra de votos para a reeleição do príncipe... dirá a verdade sobre o abjeto maquiamento da violência, a felonia dos "atos de resistência" de sua polícia demofóbica...

Que nada.

Apareceu Dilma Rousseff. A presidenta andava tão sumida que achei que ela tinha voltado para a clandestinidade. Ó ela lá fazendo promessas de campanha. Pegaram ela na mentira. Nisso foram honestos.

Mais uma mão de pipoca, boca cheia.

Aí tomei um engasgante susto. Saíram da mentira e cortaram para o nosso "Man of the Year". FHC jogou aquele agá de sempre, deu uma receita "para passar a limpo o Brasil", segundo ele era só reconhecer que os desmandos na Petrobrás começaram muito antes do governo Dilma.

É isso, receita infalível e simplória como fritar um ovo.

Pedro Barusco, ex-gerente da Petrobrás afirmou que a fuleiragem passou a comer solta desde 1997, nas barbas do "Man of the Year". Era isso, Fernando Henrique iria assumir.

Qual nada.


O sociólogo jogou tudo nas costas de Lula. Disse que a farra começou ali e que nunca se roubou tanto por uma causa. Talvez quisesse dizer que no tempo dele se roubava sem causa nenhuma, roubava-se por roubar, e isso era digno.

Foi o mesmo que disse Roberto Jefferson na CPI do Mensalão, com uma mala cheia de dólares. "Esse eu tô levando pra casa, Dirceu tá levando o dele para o partido. Quem é o bandido de nós dois?"

Voltemos a FHC. Todos sabemos que essa volta ao passado faz parte de uma corrida desesperada ao futuro, a 2018.

FHC viu Lula na academia, malhando, preparando-se para a volta triunfal. Ressentido, o príncipe dorme balbuciando o nome de Lula, com ele sonha e tem pesadelos e já acorda pensando em escrever um artigo sobre o seu desafeto.

Na psicanálise, essa obsessão invejosa e deletéria pela figura pública do ex-metalúrgico se chama recalque.

Beijei o ombro e catei mais pipocas. Estiquei o retrátil do sofazão e esperei o próximo tucano bicar a tela.

Carlos Sampaio surge coadjuvando. Droga, cadê o Pequeno Kim? Deram um textinho tão bobo para Sampaio, coitado, foi só uma escada para um "insert" inteligente de uma família largada debaixo do maior pé d'água, depois de lhe arrancarem o guarda-chuva.

"Man", fiquei com pena daquela família. Eu ali, comendo pipoca e eles lá, se molhando.

Depois de uma sessão de tortura psicológica, mostrando que o Brasil está à beira do abismo e o Estado completamente aparelhado pelos 'cumpanhêros', chega, em um helicóptero recheado de uns pacotes [!?!] coloridos, o bom Aécio.

Olhos vidrados, cabeça encanecendo, o mineiro protesta, diz que Dilma jogou um 171 no eleitor só para ganhar as eleições, que cometeu um estelionato eleitoral... e remoeu essa lenga-lenga até o fim.

"Man", esse rapaz ainda tá nessa de eleição, quando esse cabra vai superar isso?

Daí acabou minha pipoca e terminou o programa.

Cadê Beto, cadê Alckmin, cadê Perillo, quêde o grande Lobão e o Pequeno Kim? Era só isso?

Era um programa do PSDB ou um programa contra o PT? E vão chegar em 2018 assim, sem apresentar nenhuma solução para os problemas que eles pontuaram, sem exibir uma única alternativa viável, sem dizer o que fazem seus governadores, senadores e deputados pelo bem do Brasil?

A oposição se contentou com esse papel patético de ficar na janela batendo panela?

O programa foi ao ar na terça à noite, na quarta pela manhã a China já havia anunciado a injeção de 150 bilhões de reais no Brasil, abrindo as portas da Ásia e do pacífico; Fachin é aprovado para o STF e a Petrobrás se destaca entre as petroleiras mundiais.

Era como se uma mão invisível retirasse o guarda-chuva que abrigava Aécio, FHC, Alckmin e Sampaio.

A imagem dessa família emplumada debaixo de chuva tocou-me o coração. Coloquei-me ali, no lugar deles.

Virtualmente encharcado, tive uma miragem, vi a turma do Pequeno Kim caminhando debaixo de chuva por uma rodovia no cerrado, rumo a Brasília, Carlos Sampaio a lhes esperar com uma chávena de mate quente, um guarda-chuva e uns cookies frescos.

2018?

Olha, é melhor esses caras irem tirando o cavalinho da chuva.

Definitivamente, o PSDB é o partido dos midiotas. Daqueles que tilintam taças em restaurantes, berram em hospitais, gritam no ouvido de bebês, soltam ratos no plenário, pagam bunda-lelê no congresso, xingam, mostram o dedo médio e batem panelas em varandas.

É só isso o PSDB. Nada mais, nada demais.

Palavra da salvação."

FONTE: escrito por LELÊ TELES no portal "Brasil 247"  (http://www.brasil247.com/pt/247/artigos/181683/%C3%89-s%C3%B3-isso-o-PSDB.htm).

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