[A literatura permissiva por ela citada deve ser sobre a impunidade daqueles que condenam sem provas]
[Da tucana "FOLHA"] Janio de Freitas: Cadê as provas?
Por Miguel do Rosário
"Em sua coluna de domingo, o experiente Janio de Freitas, colunista da [tucana] "Folha", pergunta aos procuradores da Lava Jato: onde estão as provas?
Eu entendi o seu texto da seguinte maneira:
Tudo bem, observa Freitas, que alguns dos deputados ou ex-deputados acusados têm uma ficha mais suja do que pau de galinheiro. Tão suja que torna mais fácil ainda acusá-los sem provas.
O valente jornalista [inclusive, valente por escrever suas opiniões imparciais no jornal tucano "Folha'] se pergunta: mesmo diante de deputados tão suspeitos, como aliás são suspeitos uma porção de outros deputados, não seria de bom tom, do ponto-de-vista de uma justiça cega e democrática, que os procuradores tivessem elementos consistentes para mantê-los presos?
Diante das perguntas de repórteres, as respostas – observa o colunista – “não puderam sair da vaguidão”.
Os procuradores (…) foram bastante fracos. Mas as respostas eram “isso [as provas] vai ser apurado durante a ação”, “ainda não temos”, “estamos buscando”, coisas assim.
A pretendida indicação objetiva de prova foi mais insatisfatória. “Deu mais de mil telefonemas” para tal ou qual entidade pode ser um indício, mas, no caso, nada prova. Pior ainda: “Ele tinha entrada na Caixa”. Ainda que somadas, constatações assim podem fazer convicção, mas é improvável que façam condenação."
Pois é, prezado Janio, bem vindo ao Brasil e às suas conspirações midiático-judiciais. Só ressalvaria uma coisa: apesar de sua experiência, você esqueceu que, nos últimos tempos, a existência de provas tornou-se um detalhe pueril para prender alguém. Alguns magistrados superiores já andaram condenando até mesmo sem provas, porque “a literatura assim o permite”…
Abaixo, trecho da coluna de Janio publicado hoje, na "Folha".
“Prova da falta de prova"
17/05/2015
"As entrevistas dos integrantes da força-tarefa da Lava Jato, para comunicar a denúncia formal contra quatro ex-deputados, confirmam a impressão de que as delações premiadas movimentam muitas acusações e suspeitas, mas não suprem a carência de investigações para produzir provas. E, sem provas, as delações agitam e impressionam, no entanto não superam a sua precariedade para enfrentar as exigências de um julgamento correto.
Não que as acusações aos quatro sejam infundadas. Podem ser em tudo verdadeiras. É mesmo o que sugerem os currículos de Pedro Corrêa e Luiz Argôlo, e ainda as afirmações recentes sobre o ex-petista André Vargas e Aline Corrêa, filha de Pedro. Chega a parecer que foram escolhidos, para inaugurar a galeria dos denunciados, por não provocarem questionamentos às acusações expostas.
O que não diminuiu os pedidos, dos repórteres aos entrevistados, de esclarecimentos e mais pormenores sobre pontos envolvendo as esperadas provas. As respostas não puderam sair da vaguidão. Os procuradores não tergiversavam, foram bastante fracos. Mas as respostas eram “isso [as provas] vai ser apurado durante a ação”, “ainda não temos”, “estamos buscando”, coisas assim.
A pretendida indicação objetiva de prova foi mais insatisfatória. “Deu mais de mil telefonemas” para tal ou qual entidade pode ser um indício, mas, no caso, nada prova. Pior ainda: “Ele tinha entrada na Caixa”. Ainda que somadas, constatações assim podem fazer convicção, mas é improvável que façam condenação.
Para uma operação que há um ano e dois meses já punha suspeitos na cadeia, o coletado contra os quatro denunciados e, ao que parece, dos mais fáceis acusáveis é, pelo que foi exposto, muito pouco. A impressão de disparidade entre as delações premiadas prioritárias e as investigações policiais necessárias permanece. Agora, ela sim, com prova. (…)”
Ao final da coluna, Janio rebate observação recente de Fernando Henrique Cardoso:
“Bem claro
"Fernando Henrique em Nova York: “Esses malfeitos vêm de outro governo, isso deve ficar bem claro. Vêm do governo Lula. Começou aí”.
Se é para “ficar bem claro”, vêm de outro governo sim. Como disse Pedro Barusco, em sua delação premiada e na Câmara, “começou em 1997″ na Petrobras do governo PSDB/Fernando Henrique. Ou o que é dito em delação premiada só vale contra adversários de Fernando Henrique?”
Eu entendi o seu texto da seguinte maneira:
Tudo bem, observa Freitas, que alguns dos deputados ou ex-deputados acusados têm uma ficha mais suja do que pau de galinheiro. Tão suja que torna mais fácil ainda acusá-los sem provas.
O valente jornalista [inclusive, valente por escrever suas opiniões imparciais no jornal tucano "Folha'] se pergunta: mesmo diante de deputados tão suspeitos, como aliás são suspeitos uma porção de outros deputados, não seria de bom tom, do ponto-de-vista de uma justiça cega e democrática, que os procuradores tivessem elementos consistentes para mantê-los presos?
Diante das perguntas de repórteres, as respostas – observa o colunista – “não puderam sair da vaguidão”.
Os procuradores (…) foram bastante fracos. Mas as respostas eram “isso [as provas] vai ser apurado durante a ação”, “ainda não temos”, “estamos buscando”, coisas assim.
A pretendida indicação objetiva de prova foi mais insatisfatória. “Deu mais de mil telefonemas” para tal ou qual entidade pode ser um indício, mas, no caso, nada prova. Pior ainda: “Ele tinha entrada na Caixa”. Ainda que somadas, constatações assim podem fazer convicção, mas é improvável que façam condenação."
Pois é, prezado Janio, bem vindo ao Brasil e às suas conspirações midiático-judiciais. Só ressalvaria uma coisa: apesar de sua experiência, você esqueceu que, nos últimos tempos, a existência de provas tornou-se um detalhe pueril para prender alguém. Alguns magistrados superiores já andaram condenando até mesmo sem provas, porque “a literatura assim o permite”…
Abaixo, trecho da coluna de Janio publicado hoje, na "Folha".
“Prova da falta de prova"
17/05/2015
"As entrevistas dos integrantes da força-tarefa da Lava Jato, para comunicar a denúncia formal contra quatro ex-deputados, confirmam a impressão de que as delações premiadas movimentam muitas acusações e suspeitas, mas não suprem a carência de investigações para produzir provas. E, sem provas, as delações agitam e impressionam, no entanto não superam a sua precariedade para enfrentar as exigências de um julgamento correto.
Não que as acusações aos quatro sejam infundadas. Podem ser em tudo verdadeiras. É mesmo o que sugerem os currículos de Pedro Corrêa e Luiz Argôlo, e ainda as afirmações recentes sobre o ex-petista André Vargas e Aline Corrêa, filha de Pedro. Chega a parecer que foram escolhidos, para inaugurar a galeria dos denunciados, por não provocarem questionamentos às acusações expostas.
O que não diminuiu os pedidos, dos repórteres aos entrevistados, de esclarecimentos e mais pormenores sobre pontos envolvendo as esperadas provas. As respostas não puderam sair da vaguidão. Os procuradores não tergiversavam, foram bastante fracos. Mas as respostas eram “isso [as provas] vai ser apurado durante a ação”, “ainda não temos”, “estamos buscando”, coisas assim.
A pretendida indicação objetiva de prova foi mais insatisfatória. “Deu mais de mil telefonemas” para tal ou qual entidade pode ser um indício, mas, no caso, nada prova. Pior ainda: “Ele tinha entrada na Caixa”. Ainda que somadas, constatações assim podem fazer convicção, mas é improvável que façam condenação.
Para uma operação que há um ano e dois meses já punha suspeitos na cadeia, o coletado contra os quatro denunciados e, ao que parece, dos mais fáceis acusáveis é, pelo que foi exposto, muito pouco. A impressão de disparidade entre as delações premiadas prioritárias e as investigações policiais necessárias permanece. Agora, ela sim, com prova. (…)”
Ao final da coluna, Janio rebate observação recente de Fernando Henrique Cardoso:
“Bem claro
"Fernando Henrique em Nova York: “Esses malfeitos vêm de outro governo, isso deve ficar bem claro. Vêm do governo Lula. Começou aí”.
Se é para “ficar bem claro”, vêm de outro governo sim. Como disse Pedro Barusco, em sua delação premiada e na Câmara, “começou em 1997″ na Petrobras do governo PSDB/Fernando Henrique. Ou o que é dito em delação premiada só vale contra adversários de Fernando Henrique?”
FONTE: escrito pelo jornalista Miguel do Rosário no blog "Tijolaço" (http://tijolaco.com.br/blog/?p=26796). [Título e trechos entre colchetes acrescentados por este blog 'democracia&política']
Nenhum comentário:
Postar um comentário