sábado, 30 de maio de 2015

O CASO GRIPEN E A TECNOLOGIA DE DEFESA




A tecnologia de defesa e o caso Gripen


"Em toda nação industrializada, os dois maiores investimentos em inovação ocorrem nas áreas de saúde e de defesa. Por razões estratégicas, a área de defesa prioriza o controle tecnológico nacional. E essas duas visões marcaram a escolha do sueco Gripen como o avião de combate a ser desenvolvido no país.

A análise da Aeronáutica foi central para a escolha do avião – superando a maior tradição dos FX dos Estados Unidos e da francesa Dassault. E o ponto central para a escolha foi a ampla transferência de tecnologia prevista no acordo.

Quarta-feira, no "59º Fórum de Debates Brasiliana", o Brigadeiro Paulo Roberto de Barros Chã, Presidente da Comissão Coordenadora do Programa Aeronave de Combate (COPAC) apresentou amplo quadro dos acordos de transferência de tecnologia com a Saab-Scania, fabricante do Gripen.

Para toda compra pública no exterior acima de US$ 5 milhões, a Constituição exige acordos "offset", ou seja a contrapartida a ser oferecida pelo vendedor.

Nas primeiras discussões sobre o FX (a compra de aviões pela FAB), chegava-se a falar em contrapartidas que nada tinham a ver com o objeto do contrato.

Desta vez, a Força Aérea exigiu que todas as contrapartidas fossem na forma de transferência de tecnologia, ou então de investimentos em equipamentos da Aeronáutica.

Ao todo, a COPAC gerencia 22 projetos, sempre em parceria com o setor privado e, algumas vezes, em parceria com outros países.

No caso das armas de combate do Gripen, o desenvolvimento envolveu as empresas Opto Eletrônica, Mectron, Avibras.

O projeto H-XBR, para fabricação de helicópteros de médio porte, começou com parceria inicial com a França, até se obter o domínio da fabricação.

O projeto Gripen NG, a COPAC definiu um conjunto de áreas relevantes, para as contrapartidas exigidas dos suecos, passando por aviônicas e sensores, integração de motor, integração de armamentos entre outras.

Por uma dessas jabuticabas brasileiras, o TCU (Tribunal de Contas da União) não aceita que a Aeronáutica indique as empresas brasileiras que receberão a transferência de tecnologia. Por isso mesmo, em uma área crítica de segurança nacional, [graças à regra antinacional do TCU] são os fornecedores estrangeiros que indicam os parceiros nacionais...

O acordo "offset" do Gripen envolve US$ 9,1 bilhões. Estão nele as empresas Embraer, Akaer, Atech, AEL, Mectron e o DCTA (da FAB).

Essas empresas absorverão conhecimento na área de materiais compostos, simuladores de vôo, planejamento de missão, sistemas de treinamento baseados em computador, design, desenvolvimento e suporte de sistemas relacionados com a aviônica.

A parceria levou à Suécia 160 engenheiros e 80 técnicos da Embraer, 26 da Atech, 12 da Mectron, 7 da Akaer, 43 da INBRA, 8 da AEL.

Em que pese problemas orçamentários, mudanças de governo e de prioridades, a indústria da defesa logrou criar casos de sucesso.

É o caso da Optron, uma empresa de produtos óticos de São Carlos que acabou desenvolvendo sistemas sofisticados para satélites brasileiros. Ou a AEL, empresa com 70 funcionários antes de 2001, hoje com 230, participando de projetos no Novo Centro Tecnológico de Defesa, no Polo Espacial, e nos satélites brasileiros."

FONTE: escrito por Luis Nassif no "Jornal GGN"  (http://jornalggn.com.br/noticia/a-tecnologia-de-defesa-e-o-caso-gripen). [Trecho entre colchetes acrescentado por este blog 'democracia&política'].

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