segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

15 ANOS SENDO ABAFADA A INVESTIGAÇÃO SOBRE FURNAS E AÉCIO





JUSTIÇA E MÍDIA PARTIDARIZADAS

15 ANOS SE ARRASTANDO, INVESTIGAÇÃO SOBRE FURNAS E AÉCIO ESTÁ NOVAMENTE PARADA HÁ 4 ANOS

"Em 2012, a procuradora federal Andrea Bayão denunciou Dimas Toledo, indicado pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG) para uma diretoria em Furnas, como responsável por um esquema de desvio de recursos e pagamento de "mensalões" [propinas] a parlamentares [do PSDB em grande maioria].


No entanto, uma decisão judicial transferiu o caso para a Justiça estadual do Rio de Janeiro e, desde então, nada foi feito; em quatro anos, a Polícia Civil não conseguiu nem concluir um inquérito sobre o caso, que voltou às manchetes recentemente, depois que dois delatores da Lava Jato, Alberto Youssef e Fernando Moura, apontaram as conexões entre o senador Aécio e Dimas Toledo.

Em 2005, Roberto Jefferson, também denunciado por Andréa Bayão, já havia apontado o mensalão e a autenticidade da Lista de Furnas [e confessou que recebeu o valor indicado na Lista].

Do "Rio 247"


Uma reportagem especial do jornalista Alfredo Mergulhão revela que a investigação sobre o chamado "mensalão de Furnas", operado por Dimas Toledo, diretor indicado para a estatal pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG), voltou praticamente à estaca zero.

A denúncia surgiu em 2005, quando o então deputado Roberto Jefferson, do PTB, delator do chamado 'mensalão', afirmou que havia um esquema semelhante em Furnas, que vinha desde o governo PSDB/FHC.
[e confessou que recebeu o valor indicado na Lista].

O caso começou a ser investigado pelo Ministério Público Federal, quando a procuradora Andréa Bayão denunciou 11 pessoas à 2.ª Vara Federal Criminal do Rio, em 25 de janeiro de 2012, entre elas o ex-diretor Dimas Toledo.

Recentemente, Furnas voltou a frequentar o noticiário porque diversos delatores citaram o senador Aécio Neves como um dos responsáveis pelo esquema – primeiro, o doleiro Alberto Yousseff; depois, o lobista Fernando Moura.

No entanto, após a denúncia da procuradora, o juiz Roberto Dantes de Paula, da Justiça Federal no Rio, entendeu que a análise da denúncia competia à Justiça estadual, pelo fato de Furnas ser uma empresa de capital misto.

Isso fez com que o caso passasse para a Polícia Civil do Rio de Janeiro, que, quatro anos depois, não concluiu seu inquérito sobre o caso. 

"O caso ficou conhecido como "lista de Furnas" e envolvia políticos supostamente beneficiados com dinheiro desviado da estatal com sede no Rio. O esquema reproduzia o praticado no mensalão, segundo a procuradoria. A corrupção em Furnas foi citada nas delações premiadas do doleiro Alberto Youssef e do lobista Fernando Moura, na Operação Lava Jato. Ambos apontam o senador Aécio Neves (PSDB-MG) como beneficiário de desvios. Ele nega", diz a reportagem de Alfredo Mergulhão.

No domingo, o repórter investigativo Joaquim de Carvalho também publicou um perfil completo sobre Dimas Toledo (confira aqui)."

FONTE: do site "Rio 247"  (http://www.brasil247.com/pt/247/rio247/216949/Investiga%C3%A7%C3%A3o-sobre-Furnas-est%C3%A1-parada-h%C3%A1-4-anos.htm).

COMPLEMENTAÇÃO

Após mais de 10 anos, lista de Furnas ainda está paralisada na Justiça



Do "Jornal GGN"

"Depois de 10 anos desde as primeiras informações sobre o esquema de corrupção na estatal Furnas, e quase quatro anos nas mãos da Polícia Civil do Rio de Janeiro, o caso ainda permanece sem avanços na Justiça. O Ministério Público Federal apresentou uma denúncia contra 11 acusados, entre empresários, lobistas e funcionários da companhia, que da Justiça Federal passou para a do Estado do Rio, em março de 2012. O principal apontado em depoimentos e investigações como beneficiário do esquema é o senador Aécio Neves (PSDB-MG).

Do "Estado de S. Paulo":

Denúncia do MPF sobre Furnas volta à fase de inquérito

Por ALFREDO MERGULHÃO

"Suspeita de desvios na central de energia estatal, citada por lobista Fernando Moura na Lava Jato, se arrasta na Polícia Civil do Rio

RIO - Passados dez anos do surgimento das primeiras informações sobre um esquema de corrupção semelhante ao mensalão montado na companhia estatal "Furnas Centrais Elétricas" em benefício de políticos e partidos [em maioria, do PSDB], a ação judicial ainda está longe de apontar culpados. Responsável há quase quatro anos pelas investigações, a Polícia Civil do Rio ainda não apresentou conclusões ao Ministério Público do Estado.

Inicialmente atribuição da Justiça Federal, a ação passou para a Justiça do Estado do Rio após a apresentação pelo Ministério Público Federal de denúncia contra 11 acusados, entre empresários, lobistas, dirigentes e funcionários da estatal vinculada ao sistema Eletrobrás. A remessa do processo ao Judiciário fluminense ocorreu em 26 de março de 2012, por determinação do juízo federal.

O caso ficou conhecido como "lista de Furnas" e envolve políticos "supostamente" beneficiados com dinheiro desviado da estatal com sede no Rio. O esquema reproduzia o praticado no "mensalão" [tucano e petista], segundo a procuradoria. A corrupção em Furnas foi citada nas delações premiadas do doleiro Alberto Youssef e do lobista Fernando Moura, na Operação Lava Jato. Ambos apontam o senador Aécio Neves (PSDB-MG) como beneficiário de desvios. Ele nega.

Os documentos do MPF foram enviados à Justiça Estadual e ao Ministério Público Estadual dois meses após a procuradora da República Andréa Bayão ter denunciado 11 pessoas à 2ª Vara Federal Criminal do Rio, em 25 de janeiro de 2012, entre elas o ex-diretor Dimas Toledo, o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB) e o lobista Nilton Monteiro. O juiz Roberto Dantes de Paula, da Justiça Federal no Rio, entendeu que a análise da denúncia competia à Justiça estadual, pelo fato de Furnas ser uma empresa de capital misto. Daí a transferência para a Justiça local.

Desde então, a apuração se arrasta. O caso está na Delegacia Fazendária do Rio desde 4 de outubro de 2012, mas o inquérito – com 26 caixas de documentos – ainda não foi remetido ao MPE. A delegada Renata Araújo disse que aguarda um depoimento, provavelmente em março, para finalizar a investigação. O procurador-geral de Justiça no Estado, Marfan Martins Vieira, não respondeu ao jornal "Estado" sobre a demora na conclusão do caso.

O desvio de recursos públicos, conforme o MPF, ocorreu na contratação de empresas para realizar obras nas Usinas Termoelétricas de São Gonçalo e de Campos (RJ) e para prestar serviço de assessoria técnica à Furnas. Os valores desviados – R$ 54,9 milhões [valor histórico, não corrigido], segundo o MPF – seriam usados para abastecer campanhas eleitorais.



Pressão

Para a Procuradoria, os desvios eram comandados por Dimas Toledo, então diretor de Planejamento de Engenharia e Construção de Furnas. Em 2003, sob risco de perder o cargo, ele teria elaborado uma relação com nomes de políticos beneficiados pelos desvios, como forma de pressionar o governo a mantê-lo no cargo.

Constam na lista os nomes de 156 políticos que fizeram campanha eleitoral em 2002. A autenticidade, contudo, sempre foi contestada pelos citados [Mas a Polícia Federal emitiu laudo atestando a autenticidade e o MP também a confirmou]. O documento veio a público pelo lobista Nilton Monteiro, que chegou a ser preso em Belo Horizonte acusado de estelionato.

[Ver "MP CONFIRMA LISTA DE 156 POLÍTICOS NO ESQUEMA DE CORRUPÇÃO DO PSDB", postado neste blog 'democracia&política' em 21/12/2014: http://democraciapolitica.blogspot.com.br/2014/12/mp-confirma-lista-de-156-politicos-no.html]

Duas versões da lista foram apresentadas à PF, para perícia. A Procuradoria da República, ao oferecer a denúncia, se baseou nos relatórios policiais. Um trecho do laudo da PF diz que a lista original não tem evidências de montagem ou alterações e que foram "constatadas diversas convergências" entre a assinatura contida no documento e as fornecidas por Toledo para comparação. Mas a PF faz uma observação sobre a assinatura: "Não se pode afirmar isso com certeza". Em 2006, o relatório [político] final da CPI dos Correios concluiu que a lista é falsa, com base na análise de dois institutos de perícia [contratados por parlamentares].

A lista de Furnas voltou a ser mencionada em delações da Lava Jato. Youssef e Moura afirmaram que Aécio teria recebido propina proveniente da estatal. Youssef disse ter ouvido do ex-deputado José Janene (PP), morto em 2010, que parte dos recursos desviados de Furnas seria dividida com o senador.

Moura afirmou à Justiça que Aécio receberia um terço da propina de Furnas. Disse ainda ter ouvido do ex-ministro José Dirceu, logo após as eleições de 2002, que o diretor de Furnas era "o único cargo que o Aécio pediu pro Lula", quando este foi eleito presidente. Lula e Aécio mantinham boa relação à época.

Em nota, o PSDB qualificou a lista de Furnas como fraude. Sobre as citações dos delatores, a equipe de Aécio considerou como "declarações absurdas e irresponsáveis que se baseiam apenas em 'ouvi dizer' e já foram desmentidas pelos próprios citados". A assessoria de Aécio acrescentou que ele entrará com pedido de interpelação de Moura para que confirme a citação a seu nome para tomar as medidas legais cabíveis. 

Em relação a Youssef, disse que o próprio já afirmou nunca ter tido contato ou relação com Aécio, "não havendo, portanto, no que diz respeito ao senador, sequer do que se defender".

A Procuradoria-Geral da República, responsável pela denúncia de políticos com foro, não informou se a apuração iniciada pelo MPF no Rio teve continuidade. O Supremo Tribunal Federal também não confirmou se há processo em tramitação neste caso."

[Quando se trata de denúncia de crimes de políticos do PSDB, basta uma nota do partido ou da assessoria do parlamentar acusado  para que a imprensa aceite a explicação e abafe o assunto. Geralmente, a Justiça também engaveta o processo].

FONTE da complementação: escrito por ALFREDO MERGULHÃO no "O Estado de S. Paulo" e transcrito no "Jornal GGN"   (http://jornalggn.com.br/noticia/apos-10-anos-lista-de-furnas-ainda-esta-paralisada-na-justica). [Título, subtítulo e trechos entre colchetes acrescentados por este blog 'democracia&política'].

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