Entrevista concedida a correspondentes estrangeiros no Rio de Janeiro, em 06 Maio 2014.
"O ministro do Desporto do Brasil, Aldo Rebelo [em resposta à críticas de jornalistas ingleses], minimizou quarta-feira (7) os problemas de violência que têm surgido nos estádios locais, a semanas de o país receber o Mundial de futebol, comparando-a à situação de países em guerra.
Quando questionado sobre os perigos [à vida e quanto ao calor] para os adeptos britânicos em Manaus, disse ["Não acho que os ingleses enfrentem maiores riscos do que os que encaram no Iraque ou Afeganistão, onde recentemente perderam centenas de jovens soldados, e os ingleses se acostumaram a temperaturas altas na era colonial - e na guerra do Iraque"].
Lembrando ainda a história colonial dos ingleses nos trópicos, acrescentou: "Há um cemitério inglês em Recife, mas não creio que a sua população aumentará durante o Campeonato do Mundo".
Ainda sobre o tema da segurança, que tem sido questionada com várias situações de violência e tumultos no futebol brasileiro, o governante citou uma longa lista de assassinatos em grandes eventos desportivos.
"A tragédia na Alemanha quando os atletas foram sequestrados e assassinados", nas olimpíadas de Munique 1972, os Jogos de Atlanta em 1996, em que "houve um ataque com mortos no Parque Olímpico", e ainda "um ataque a uma estação de comboios em Volgogrado com vítimas civis" em fevereiro antes dos Jogos de Inverno de Sochi, na Rússia.
Aldo Rebelo recordou ainda o assassinato de um primeiro-ministro sueco (Olof Palme, em 1986) e da ministra das relações externas (Anna Lindh, 2003), "confrontos Taliban nos arredores de Londres" ou "os subúrbios parisienses em chamas durante semanas, tal como em Londres", bem como atentados em redes de metro.
"Todos têm a sua tragédia e este ano comemora-se o maior massacre, que foi a primeira Guerra Mundial. Temos os nossos desafios, as nossas tragédias, sérios problemas em termos de segurança", admitiu.
Ainda assim, o responsável acredita que o Brasil "é muito menos exposto a esses riscos de violência nacional, religiosa ou étnica", admitindo que "há alguma violência de direito comum, quotidiano" para a qual as forças da ordem estão a "tomar precauções", tendo mesmo adquirido "equipamentos modernos e sofisticados para a segurança pública".
"Vamos fazer tudo para proteger o público, convidados, turistas e jornalistas", concluiu."
FONTE: site "DefesaNet" (http://www.defesanet.com.br/eventos/noticia/15279/ALDO---Ministro-compara-o-Brasil-ao----Iraque/). [Título, imagem do google e trechos entre colchetes acrescentados por este blog 'democracia&política'].
COMPLEMENTAÇÃO
Recomendações aos brasileiros sobre os turistas na Copa
"A Copa pode ser um momento difícil para os brasileiros, tendo que aguentar gente sem a mínima educação, achando que são os civilizados visitando os bárbaros.
Por Emir Sader
O brasileiro é conhecido por sua simpatia e amabilidade com todo mundo, inclusive com os turistas. Mas é preciso tomar precauções quando nos preparamos para recebemos grande quantidade de turistas, munidos de preconceitos, clichês, taras etc. Vamos recebê-los com a hospitalidade de sempre, mas temos que levar em conta certas normas, baseadas na nossa experiência de tratamento com os turistas, mas também em conhecimento de coisas que acontecem hoje no mundo e que nos obriga a ficarmos muito alertas com os turistas, especialmente os da Europa, dos EUA e de outras regiões do mundo que se consideram superiores aos outros, “civilizados” que vêm a um país “bárbaro”.
São gente em geral com boa disposição com o Brasil mas que, colocando para fora algumas taras pessoais, alimentando preconceitos e clichês, podem se tornar pessoas sumamente perigosas, violentas, sob o efeito do álcool, de drogas e outros estupefacientes.
Vai ser um momento muito bom, mas também muito cheio de provas para nós, brasileiros. Podemos ter certeza de que sairemos bem dessa circunstância, mas para isso temos que obedecer a certas normas e comportamentos.
1. Muitos turistas, especialmente vindos de alguns países da Europa, já contratam, em agências de turismo, programas de turismo sexual, inclusive de pedofilia. Vamos ser muito duros com eles, nos mantermos vigilantes, denunciarmos suas atitudes, acompanharmos os procedimentos policiais e garantirmos que eles sejam punidos exemplarmente aqui mesmo.
2. Muitos turistas acham que vivem aqui no paraíso das drogas, que podem consumir o que bem entenderem, entrar em contato com traficantes e aviõezinhos, fumar e cheirar o que bem entendam. Devemos cuidar para que depois não venham denunciar que caíram em algum golpe de forma inocente.
3. Muitos torcedores – especialmente europeus – costumam se comportar de maneira preconceituosa e desrespeitosa com pessoas que julgam de menor nível de vida e, especialmente, de outras etnias. Os europeus desenvolveram, ao longo da sua história, uma concepção de que “negro serve para ser escravo”, para trabalhar como raça inferior para que eles se enriquecessem. Até hoje, muitos ainda consideram os negros uma raça inferior. Por isso que grita ofensas aos jogadores negros nos campos de futebol, jogam bananas para alguns deles.
Devemos estar muito vigilantes com esses comportamentos estúpidos de alguns turistas. Discriminação aqui é crime inafiançável, previsto na Constituição. Por lá, eles tendem a ser condescendentes com esse tipo de comportamento, porque é o sentimento que grande parte deles tem em relação aos imigrantes, por exemplo, fazendo com que a força política que mais cresça lá seja a extrema direita, que ataca fortemente [contra] os direitos dos imigrantes e os discrimina fortemente, desejando expulsá-los dos seus países.
4. Muitos turistas vêm de países em que a mídia e mesmo meios governamentais os preparam para vir encontrar um caldeirão de conflitos e violências por aqui. Acreditam que podem ser assaltados a cada esquina, que vão encontrar macacos, cobras, em cada rua, que não podem sair à noite pelas ruas. Que, ao contrário do que Lula propalou pelo mundo afora, a miséria, a pobreza, o desemprego, só aumentam, há uma crise social prestes a explodir.
5. Na Europa em particular, os níveis de desemprego são altíssimos. Em países como a Espanha, Portugal, Grécia, mais do que 50% dos jovens são desempregados, há anos. Eles não estão acostumados mais a situações de pleno emprego. Podem estranhar. Não têm um líder popular como o Lula. Podem estranhar. Ainda mais se lerem os jornais, lembrarem do que leram nos seus países, podem achar que há um Estado policial que impede as pessoas a se manifestarem por emprego, por salário, por licença desemprego. Podem se comportar de maneira estranha.
Em suma, a Copa pode ser um momento difícil para os brasileiros, tendo que aguentar muita gente sem a mínima educação, achando que são os “civilizados”, se achando os “democratas”, sem saber conviver com pessoas diferentes em étnicas em comportamentos, em valores. Mas acho que vamos sobreviver, com nossa hospitalidade, nosso costuma de conviver com gente diferente, nossa forma bem humorada de levar adiante os problemas, de gozar os “gringos” que vierem metidos a besta."
FONTE da complementação: escrito pelo cientista político Emir Sader no site "Carta Maior" (http://www.cartamaior.com.br/?/Blog/Blog-do-Emir/Recomendacoes-aos-brasileiros-sobre-os-turistas-na-Copa/2/30913).
3. Muitos torcedores – especialmente europeus – costumam se comportar de maneira preconceituosa e desrespeitosa com pessoas que julgam de menor nível de vida e, especialmente, de outras etnias. Os europeus desenvolveram, ao longo da sua história, uma concepção de que “negro serve para ser escravo”, para trabalhar como raça inferior para que eles se enriquecessem. Até hoje, muitos ainda consideram os negros uma raça inferior. Por isso que grita ofensas aos jogadores negros nos campos de futebol, jogam bananas para alguns deles.
Devemos estar muito vigilantes com esses comportamentos estúpidos de alguns turistas. Discriminação aqui é crime inafiançável, previsto na Constituição. Por lá, eles tendem a ser condescendentes com esse tipo de comportamento, porque é o sentimento que grande parte deles tem em relação aos imigrantes, por exemplo, fazendo com que a força política que mais cresça lá seja a extrema direita, que ataca fortemente [contra] os direitos dos imigrantes e os discrimina fortemente, desejando expulsá-los dos seus países.
4. Muitos turistas vêm de países em que a mídia e mesmo meios governamentais os preparam para vir encontrar um caldeirão de conflitos e violências por aqui. Acreditam que podem ser assaltados a cada esquina, que vão encontrar macacos, cobras, em cada rua, que não podem sair à noite pelas ruas. Que, ao contrário do que Lula propalou pelo mundo afora, a miséria, a pobreza, o desemprego, só aumentam, há uma crise social prestes a explodir.
5. Na Europa em particular, os níveis de desemprego são altíssimos. Em países como a Espanha, Portugal, Grécia, mais do que 50% dos jovens são desempregados, há anos. Eles não estão acostumados mais a situações de pleno emprego. Podem estranhar. Não têm um líder popular como o Lula. Podem estranhar. Ainda mais se lerem os jornais, lembrarem do que leram nos seus países, podem achar que há um Estado policial que impede as pessoas a se manifestarem por emprego, por salário, por licença desemprego. Podem se comportar de maneira estranha.
Em suma, a Copa pode ser um momento difícil para os brasileiros, tendo que aguentar muita gente sem a mínima educação, achando que são os “civilizados”, se achando os “democratas”, sem saber conviver com pessoas diferentes em étnicas em comportamentos, em valores. Mas acho que vamos sobreviver, com nossa hospitalidade, nosso costuma de conviver com gente diferente, nossa forma bem humorada de levar adiante os problemas, de gozar os “gringos” que vierem metidos a besta."
FONTE da complementação: escrito pelo cientista político Emir Sader no site "Carta Maior" (http://www.cartamaior.com.br/?/Blog/Blog-do-Emir/Recomendacoes-aos-brasileiros-sobre-os-turistas-na-Copa/2/30913).
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