O antipetismo alavanca Aécio [?]
Por Mauricio Dias, na revista CartaCapital:
"Vistas de agora, parecem óbvias as razões pelas quais Dilma Rousseff (PT) perdia pontos nas pesquisas de intenções de voto e os dois principais adversários dela, Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB), não herdavam nada. Quem falava que a explicação era a falta de projetos, de programas e de propostas da oposição acertou. Mas não é só. Faltava outra coisa, independentemente dos erros da administração Dilma, que catalisasse eleitores em cima do muro. Neste caso, não se trata de uma referência explícita aos tucanos.
Finalmente, a razão foi encontrada: alguém precisava encarnar o antipetismo, que tem um estoque de votos de aproximadamente 30% do total. No Brasil, é muito difícil alguém, com razoável senso de equilíbrio, assumir a liderança do "conservadorismo" ou, para ser mais preciso, líder "da direita".
Aécio Neves aceitou o desafio. A virada foi dada a partir da polêmica [criada pela hoje novamente vantajosa] compra da refinaria de Pasadena pela Petrobras. Ele iniciou com o bê-á-bá: o caminho amplo da denúncia. Botou fim ao pudor político do PSDB de se assumir como partido "conservador", embora oculto atrás da sigla "social-democrata". Muito além de se autodenominar "presidente do agronegócio", o candidato tucano assumiu o papel de principal opositor do governo e também de adversário implacável do PT. Passou a atacar firme a presidenta Dilma, a administração dela e os petistas.
Uma grande parcela do eleitorado, do contingente de “brancos e nulos”, não estava indecisa ou desiludida. Estava sim sem porta-voz, como se observa agora.
Aécio “matou” Aécio e deu outra personalidade ao candidato. Saiu de cena o mineiro cuja imagem [fabricada] sempre foi a de "bonzinho, cordial e sobretudo conciliador". O tucano não precisou nem ensaiar expressões faciais agressivas inexistentes no vocabulário que sempre o caracterizou como "bom moço". A cirurgia plástica feita em 2013 tirou de sua face os traços de amabilidade. Além da aparência, para acompanhar o novo discurso, emergiu um opositor mais duro e menos amável. Temporariamente, ao menos, Aécio acertou ao adotar um "discurso figurativo".
Por Mauricio Dias, na revista CartaCapital:
"Vistas de agora, parecem óbvias as razões pelas quais Dilma Rousseff (PT) perdia pontos nas pesquisas de intenções de voto e os dois principais adversários dela, Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB), não herdavam nada. Quem falava que a explicação era a falta de projetos, de programas e de propostas da oposição acertou. Mas não é só. Faltava outra coisa, independentemente dos erros da administração Dilma, que catalisasse eleitores em cima do muro. Neste caso, não se trata de uma referência explícita aos tucanos.
Finalmente, a razão foi encontrada: alguém precisava encarnar o antipetismo, que tem um estoque de votos de aproximadamente 30% do total. No Brasil, é muito difícil alguém, com razoável senso de equilíbrio, assumir a liderança do "conservadorismo" ou, para ser mais preciso, líder "da direita".
Aécio Neves aceitou o desafio. A virada foi dada a partir da polêmica [criada pela hoje novamente vantajosa] compra da refinaria de Pasadena pela Petrobras. Ele iniciou com o bê-á-bá: o caminho amplo da denúncia. Botou fim ao pudor político do PSDB de se assumir como partido "conservador", embora oculto atrás da sigla "social-democrata". Muito além de se autodenominar "presidente do agronegócio", o candidato tucano assumiu o papel de principal opositor do governo e também de adversário implacável do PT. Passou a atacar firme a presidenta Dilma, a administração dela e os petistas.
Uma grande parcela do eleitorado, do contingente de “brancos e nulos”, não estava indecisa ou desiludida. Estava sim sem porta-voz, como se observa agora.
Aécio “matou” Aécio e deu outra personalidade ao candidato. Saiu de cena o mineiro cuja imagem [fabricada] sempre foi a de "bonzinho, cordial e sobretudo conciliador". O tucano não precisou nem ensaiar expressões faciais agressivas inexistentes no vocabulário que sempre o caracterizou como "bom moço". A cirurgia plástica feita em 2013 tirou de sua face os traços de amabilidade. Além da aparência, para acompanhar o novo discurso, emergiu um opositor mais duro e menos amável. Temporariamente, ao menos, Aécio acertou ao adotar um "discurso figurativo".
Esse acerto foi a alavanca de seu crescimento eleitoral. Subiu 4 pontos, de 16% para 20%, conforme registro do "Datafolha". Marcou também distância em relação a Eduardo Campos, este ainda preso ao constrangimento de [ser traíra e] presidir um partido que foi da base do governo e, principalmente, por ele próprio ter sido ministro de Ciência e Tecnologia no governo Lula.
O ex-governador pernambucano articulou um sistema tradicional de administrar. Aliou-se a 11 partidos e a todos ofereceu um cantinho confortável no governo. Na fase eleitoral, propõe, no entanto, um socialismo disposto a aposentar “velhas figuras de Brasília”, como ele diz. Um discurso abstrato assim deixa Marina Silva, a vice, próxima ao êxtase eleitoral. Mas deixa entrever também a distância entre a palavra e a realidade".
O ex-governador pernambucano articulou um sistema tradicional de administrar. Aliou-se a 11 partidos e a todos ofereceu um cantinho confortável no governo. Na fase eleitoral, propõe, no entanto, um socialismo disposto a aposentar “velhas figuras de Brasília”, como ele diz. Um discurso abstrato assim deixa Marina Silva, a vice, próxima ao êxtase eleitoral. Mas deixa entrever também a distância entre a palavra e a realidade".
FONTE: escrito por Mauricio Dias, na revista CartaCapital e postado por Altamiro Borges no seu "blog do Miro" (http://altamiroborges.blogspot.com.br/2014/05/o-antipetismo-alavanca-aecio.html#more). [Título, imagens do google e entre colchetes adicionados por este blog 'democracia&política'].
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