domingo, 24 de agosto de 2014

REVELADO O DOLOSO PORQUÊ DE O ITAÚ APOIAR MARINA




O PORQUÊ DE O ITAÚ APOIAR MARINA: SONEGOU R$ 18,7 BILHÕES, A RF DE DILMA COBRA, MAS O ITAÚ NÃO QUER PAGAR...


Neca Setúbal, mostra o DARF !

E quem ela vai nomear para a Receita ?

O "Conversa Afiada" reproduz, do "Viomundo", texto de André Forastieri:

Junção de socialista com banqueira propõe Banco Central autônomo

Por André Forastieri, no "R7"

"Você precisa conhecer Neca. Ela é a coordenadora do programa de governo de Marina Silva, pela Rede Sustentabilidade, ao lado de Mauricio Rands, do PSB. O documento será divulgado na semana que vem, 250 páginas consensadas por Marina e Eduardo Campos. Educadora, com longo histórico de obras sociais, Neca conheceu Marina em 2007. É uma das idealizadoras e principais captadoras de recursos da Rede Sustentabilidade.

Sua importância na campanha e no partido de Marina Silva já seria boa razão para o eleitor conhecê-la melhor. Ainda mais após a morte de Eduardo Campos. Mas há uma razão bem maior. Neca é o apelido que Maria Alice Setúbal carrega da infância. Ela é acionista da "holding Itausa". Você pode conferir a participação dela neste documento do Bovespa. Ela tem 1,29% do capital total. Parece pouco, mas o valor de mercado da "Itausa" no dia de ontem era R$ 61,4 bilhões. A participação de Maria Alice vale algo perto de R$ 792 milhões.

A Itausa controla o banco Itaú Unibanco, o banco de investimentos Itaú BBA, e as empresas Duratex (de painéis de madeira e também metais sanitários, da marca Deca), a Itautec (hardware e software) e a Elekeiroz (gás). 


Neca herdou sua participação do pai, Olavo Setúbal, empresário e político. Foi prefeito de São Paulo, indicado por Paulo Maluf, e ministro das relações exteriores do governo Sarney. Olavo morreu em 2008. O Itaú doou um milhão de reais para a campanha de Marina Silva em 2010.

Em agosto de 2013 — portanto, no governo Dilma Rousseff — a Receita Federal autuou o Itaú Unibanco. Segundo a Receita, o Itaú deve uma fortuna em impostos. Seriam R$ 18,7 bilhões, relativos à fusão do Itaú com o Unibanco, em 2008. O Itaú deveria ter recolhido R$ 11,8 bilhões em Imposto de Renda e R$ 6,8 bilhões em Contribuição Social sobre o Lucro Líquido. A Receita somou multa e juros.

R$ 18 bilhões é muito dinheiro. É difícil imaginar que a Receita tirou um valor desse tamanho do nada. É difícil imaginar uma empresa pagando uma multa que seja um terço disso. Mas embora o economista-chefe do Itaú esteja hoje no jornal dizendo que o Brasil viveu um primeiro semestre de “estagnação”, o Itaú Unibanco lucrou R$ 4,9 bilhões no segundo trimestre de 2014, uma alta de 36,7%. No primeiro semestre, o lucro líquido atingiu R$ 9,318 bilhões, um aumento de 32,1% em relação ao primeiro semestre de 2013. O Unibanco vai muitíssimo bem. E gera, sim, lucro para pagar os impostos e multa devidos – ainda que em prestações.

A autuação da Receita foi confirmada em 30 de janeiro de 2014 pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento. O Itaú informou que iria recorrer dessa decisão junto ao Conselho Administrativo de Recursos fiscais. Na época da autuação, e novamente em janeiro, o Itaú informou que considerava “remota” a hipótese de ter de pagar os impostos devidos e a multa. Mandei um email hoje para a área de comunicação do Itaú Unibanco perguntando se o banco está questionando legalmente a autuação, e pedindo detalhes da situação. A resposta foi: “Não vamos comentar.

O programa de governo de Marina Silva, que leva a assinatura de Maria Alice Setúbal, merece uma leitura muito atenta, à luz de sua participação acionária no Itaú. Um ano atrás, em entrevista ao "Valor", Neca Setúbal foi perguntada se participaria de um eventual governo de Marina. Sua resposta: “Supondo que Marina ganhe, eu estarei junto, mas não sei como. Talvez eu preferisse não estar em um cargo formal, mas em algo que eu tivesse um pouco mais de flexibilidade.

Formal ou informal, é muito forte a relação entre Neca e Marina. Uma presidenta não tem poder para simplesmente anular uma autuação da Receita. Mas tem influência. E quem tem influência sobre a presidenta, tem muito poder também. Neca Setúbal já nasceu com muito poder econômico, que continua exercendo. Agora, pode ter muito poder político. É um caso de conflito de interesses? Essa é a pergunta que vale R$ 18,7 bilhões de reais."

"PS do Viomundo: Êta Brasil velho de guerra. A candidata do Partido Socialista Brasileiro (PSB) se junta com a banqueira que, em entrevista à "Folha", prega autonomia do Banco Central, ou seja, que o Banco Central responda a banqueiros como ela e não à soberania popular, que é a base da ideia socialista. Falta inventar alguma coisa na política brasileira?"


FONTE: artigo de André Forastieri, no "R7". Transcrito e comentado nos portais "Viomundo" e "Conversa Afiada"   (http://www.conversaafiada.com.br/economia/2014/08/23/neca-setubal-mostra-o-darf/).[Título adicionado por este blog 'democracia&política'].

COMPLEMENTAÇÃO

Por um Banco Central independente, mas do mercado financeiro

Por CARLOS CORDEIRO 

"Não é mera coincidência o fato de a promessa de autonomia do BC num eventual governo Marina Silva parta de uma das principais acionistas do Itaú

A sinalização da candidata Marina Silva de conceder autonomia ao Banco Central, anunciada pela coordenadora de sua campanha Maria Alice Setúbal, uma das principais acionistas do Banco Itaú, tem o mérito de trazer esse importante tema para a agenda do debate nacional e de delimitar com mais clareza os projetos que estão em disputa nas eleições de outubro.

A Constituição de 1988 confere ao Banco Central o papel de zelar pela estabilidade do poder de compra da moeda e pela solidez do sistema financeiro. Sua diretoria é nomeada pelo(a) presidente da República e sancionada pelo Senado Federal. Para cumprir essas funções, dispõe de um conjunto de instrumentos de política monetária, entre elas o manejo da taxa básica de juros, dos depósitos compulsórios e da taxa de redesconto.

Na prática, o BC já goza hoje de autonomia absoluta em relação ao Poder Executivo, a ponto de frequentemente adotar medidas que vão na contramão da política econômica do governo e contra os interesses da sociedade. Ao contrário, as diretorias do Banco Central nas últimas décadas vêm atuando em defesa do mercado financeiro. É tamanha a promiscuidade que quase todos eles, quando deixam o BC, vão trabalhar nos bancos. Não é por outra razão que o BACEN é popularmente conhecido como "o sindicato nacional dos banqueiros".

Mas o mercado financeiro quer mais do que isso. Ele não perdoa a "heresia" dos dois últimos governos de usar os bancos públicos para expandir o crédito e reduzir juros e spreads após a crise de 2008, e a posterior redução da taxa SELIC.

Numa ponta, o mercado exige autonomia total do Banco Central, assegurada em lei, com poderes para estabelecer suas próprias regras e mandatos. Isso significa institucionalizar um quarto poder, paralelo e permanente no centro de decisões estratégicas do país, formado pela casta financeira, sem passar pelo voto popular. É o assassinato da democracia.

Na outra ponta, o mercado financeiro mobiliza todo o seu poder para derrotar nas urnas o atual governo, que considera excessivamente intervencionista e um entrave para a liberalização total dos mercados.

Recentemente, o Santander aconselhou seus clientes de alta renda a votarem contra a reeleição da presidenta Dilma Rousseff. Não é mera coincidência o fato de a promessa de autonomia do BC num eventual governo Marina Silva parta de uma das principais acionistas do Itaú.

Isso tudo ajuda a esclarecer qual é o jogo que está sendo jogado e mostra para a sociedade brasileira a urgência de se fazer o debate sobre qual o sistema financeiro que o Brasil precisa e qual o papel do Banco Central.

Nós defendemos um BC independente dos bancos e a democratização do sistema financeiro, com a participação da sociedade."


FONTE da complementação: escrito por CARLOS CORDEIRO  no jornal digital "Brasil 247"   (http://www.brasil247.com/pt/247/artigos/151044/Por-um-Banco-Central-independente-do-mercado-financeiro.htm). [Título e subtítulo acrescentados por este blog 'democracia&política']. 

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