domingo, 14 de agosto de 2011

AMORIM é o antiLAFER (ministro de FHC)

O novo ministro da Defesa jamais diria "o que é bom para os EUA é bom para o Brasil"

“O ‘Conversa Afiada’ publica artigo de Mauricio Dias na revista “Carta Capital” que está nas bancas:

O ANTI-CELSO LAFER

Mauricio Dias

“Já é possível traçar um retrato do novo ministro da Defesa, Celso Amorim, ainda que seja um ministro jovem no cargo. Jovem de poucos dias.

Na Defesa, Amorim ganhou muito mais visibilidade do que tinha nos longos anos que comandou o Itamaraty.

Funções distintas, ações distintas. Mas Amorim não retocou a forma de agir. Firme, sem ser rude, objetivo, embora diplomático, exercitou agora essas virtudes sob o fogo das críticas mais estapafúrdias. Chegaram mesmo a plantar notícias de reações nos quartéis, inventadas, em geral, por oficiais de pijama [estimulados e apoiados pela grande mídia]. Daqueles que reagem ao perceber que a grama já cresce à porta da casa deles.

Amorim tem mesmo vários pontos que desagradam ao ‘establishment’ nacional e internacional [leia-se grande mídia, quase toda controlada por Rupert Murdoch e por interesses israelo-americanos, conforme recentemente revelado na Inglaterra]. Isso ficou claro com o foco das perguntas ao longo das entrevistas que concedeu. Amorim é atacado por argumentos tacanhos e genéricos, por se tratar de ideologia. Posições políticas contrárias às de Amorim não são ideológicas? Existiria no mundo alguém que comentasse qualquer coisa a partir de uma visão não ideológica?

Foram resgatar, por exemplo, artigos escritos por ele em “CartaCapital”, onde ele teria exercitado “ideias mais à esquerda”.

Nesse período, exerceu o papel de articulista livre, sem compromissos. Isto é, sem as amarras das funções públicas e, assim, apresentou discordância com a decisão do governo Dilma de apoiar a resolução do Conselho de Direitos Humanos da ONU, que instituiu um relator especial para o Irã.

Amorim, já fora do cargo e em conversas informais, explicou que era uma discordância pontual, reafirmou apoio ao chanceler Antonio Patriota e pontuou também que os dois trabalharam juntos por 15 anos. Isso gerou relação de absoluta confiança.

O chanceler Amorim jamais tiraria os sapatos no aeroporto Kennedy, em Nova York, por exigência do protocolo imperial da segurança norte-americana. Um ritual humilhante obedecido, por exemplo, pelo ex-chanceler tucano Celso Lafer.

Em artigo escrito para CartaCapital, embora tenha atacado o preconceito ocidental contra os países islâmicos, que, segundo ele, levou à execução de Saddam Hussein, no Iraque, ressalvou: “Não sejamos inocentes. Interesses econômicos e políticos motivaram a decisão de atacar o Iraque”.

Amorim é o antiLafer.

Como ministro da Defesa, Celso Amorim também desarmou várias armadilhas contidas nas perguntas que respondeu ao longo das últimas entrevistas. Uma das indagações transmitia o sentimento contra a presença de um diplomata à frente da função recém-assumida. Teria sido formulada por “um oficial”, conforme foi relatado pela repórter porta-voz: “E se fosse um general mandando no Itamaraty?

Já houve ministro militar: Juracy Magalhães”, respondeu Amorim.

Ele pôs o ponto final da resposta no momento certo. Diplomaticamente. Poderia, no entanto, ter exposto o verdadeiro caráter da pergunta do oficial guarnecido pelo anonimato. A razão de Amorim talvez esteja no contexto político em que Juracy atuou. General da reserva, ele foi chanceler do também general Castelo Branco, primeiro presidente da ditadura. Foi então que formulou o lema inscrito hoje na bandeira do servilismo: “O que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil”.

Amorim é o antiJuracy."

FONTE: reportagem de Mauricio Dias publicada na Carta Capital” desta semana e transcrita no portal “Conversa Afiada”  (http://www.conversaafiada.com.br/politica/2011/08/12/dias-na-carta-amorim-e-o-anti-lafer/ [entre colchetes adicionados por este blog].

2 comentários:

Fluxo disse...

Não foi esse Lafer que tirou os sapatos para poder entrar nos EUA?
Não foi esse Amorim que disse que preferiria ser preso a tirar os sapatos para entrar nos EUA?
Então, qual dos dois dá mais dignidade ao Brasil e orgulho aos Brasileiros?

Unknown disse...

Fluxo,
Exatamente.
O autor não explicitou esses fatos. Também creio que deveria. Mas seu texto deixa clara a rejeição às submissas e humilhantes aceitações dos ditames norte-americanos por Celso Lafer e repulsa ao servilismo de Juracy Magalhães, autor de “O que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil”. Tece louvores a Celso Amorim por ser o oposto de Lafer e Juracy.
Maria Tereza