quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Vox Populi: “O GOVERNO E AS PESQUISAS”


“Parece que a imprensa gostou do novo tipo de pesquisa que ela própria criou em junho: ‘a pesquisa ignorada’. Acaba de sair a segunda rodada, com trabalhos de campo realizados entre 2 e 5 de agosto. O instituto responsável é o mesmo Datafolha e a pesquisa tem muitas similaridades com a outra.

O mais interessante não é que os resultados de ambas sejam, basicamente, idênticos, mostrando que os níveis de aprovação do governo Dilma são elevados. A principal semelhança é a indiferença com que foram tratadas, igual àquela que os veículos dedicam às de origem dúbia, que podem até ser divulgadas, mas sem destaque ou comentário.

Como não é assim que os trabalhos do Datafolha costumam ser avaliados, o silêncio deve ter outra explicação. Talvez tenham sido acolhidos desse modo por não mostrarem aquilo que se achava que deveriam apontar.

É, no fundo, engraçado que um jornal mande fazer uma pesquisa ouvindo quase 5,3 mil pessoas (a um preço nada baixo) e a trate como material de segunda. Na edição em que foi divulgada, a notícia estava na primeira página, mas ocupava espaço igual ao do título que dizia que "Os paraguaios são a nova mão de obra das confecções do Bom Retiro" (o que, na melhor das hipóteses, é de interesse puramente paroquial).

É, também, curioso que um novo investimento tenha sido feito tão pouco tempo depois do anterior. Entre a pesquisa de junho, concluída no dia 10, e a de agosto, passaram-se apenas sete semanas, período bem mais curto que o padrão adotado pelo instituto no acompanhamento dos quatro últimos governos: seja nos de Fernando Henrique, seja nos de Lula, o normal havia sido fazer levantamentos a cada três meses (ou mais).

De acordo com a pesquisa, o governo Dilma é considerado "ótimo" ou "bom" por 48% dos entrevistados, taxa igual à de março (47%) e junho (49%). A presidente bisou o desempenho de Lula em novembro de 2007 (quando foi feito o terceiro levantamento do Datafolha naquele ano), superou o que ele alcançava em agosto de 2003 (que tinha sido de 45%), o de FHC em setembro de 1995 (que fora de 42%) e, de longe, o dele em setembro de 1999 (de apenas 13%, em função da volatilidade da moeda naquele momento), sempre de acordo com o instituto paulista.

Em outras palavras: Dilma está à frente de um governo amplamente aprovado pela população. Somente o consideram "ruim" ou "péssimo" 11% dos eleitores, o que quer dizer que apenas uma em cada 10 pessoas está insatisfeita.

Na imprensa, os poucos que discutiram os números ficaram mais preocupados em desmerecê-los que explicá-los, o que se evidenciou no intenso uso de conjunções e locuções que os gramáticos chamam "subordinativas concessivas" (embora, apesar de, não obstante etc.), em construções como "apesar da crise, ainda desfruta...", "mesmo com as demissões (de ministros) mantém...", "48% aprovam apesar de...".

Se os cidadãos vissem o governo através dos olhos da chamada "grande imprensa", não faria, de fato, sentido que o avaliassem de maneira positiva. A rigor, se o Brasil retratado por ela coincidisse com aquele que a população experimenta na sua vida, o que deveríamos ter era uma inversão nas proporções de aprovação/reprovação.

Ao que parece, não é isso que acontece. O Brasil vivido pela vasta maioria dos brasileiros não tem quase nada a ver com aquele que aparece nessa imprensa.

Sempre se pode dizer que o povo é ignorante e que aplaude o governo porque não sabe de nada. Sempre se pode adotar um tom de pretensa superioridade, de quem acha que a popularidade de Dilma (e de Lula) se explica pelos R$ 10 que o cidadão paga de prestação pela torradeira. Sempre se pode achar que os pobres pensam com a barriga e só os bem nascidos com o intelecto.

O certo é que havia uma expectativa de que Dilma caísse nas pesquisas. Maior que a que existia em junho, quando da "crise Palocci", pois tudo teria piorado: mais "crises", mais "desgastes", mais "preocupações".

A pesquisa foi encomendada para mostrar a queda e, como não a confirmou, foi para a geladeira. O mesmo destino que teve a antecedente e que terão as próximas. Até que saia uma em que ela oscile negativamente. Aí teremos o carnaval que vem sendo postergado.”

FONTE: escrito por Marcos Coimbra, Sociólogo e Presidente do Instituto Vox Populi. Transcrito no blog “Os amigos do Presidente Lula” (http://osamigosdopresidentelula.blogspot.com/2011/08/o-governo-e-as-pesquisas.html#more [imagem do Google adicionada por este blog ‘democracia&política’]

2 comentários:

Probus disse...

TODOS CONTRA A LEI AZEREDO

Projeto de Lei de Cibercrimes será debatido na Câmara

A lei que tipifica crimes cibernéticos será discutida ainda este mês na Câmara dos Deputados. Está marcado para o dia 24 de agosto um debate, entre políticos, especialistas e representantes da sociedade civil, sobre o Projeto de Lei 84/99, a chamada Lei Azeredo. O texto já recebeu aprovação da Comissão de Cência e Tecnologia e Informática da Câmara, e agora aguarda parecer da Comissão de Constituição e Justiça da Casa. O debate estava previsto para junho, mas foi adiado por causa do recesso parlamentar.

O projeto tramita no Congresso desde 1999, quando foi escrito pelo ex-deputado Luiz Piauhylino. Foi aprovado na Câmara em 2003 e enviado para o Senado, onde ficou parado até 2008. Em agosto daquele ano, o então senador pelo PSDB de Minas Gerais, Eduardo Azeredo, elaborou um substitutivo ao texto, e o enviou para discussão no Senado. Hoje, Azeredo é deputado e é um dos militantes pela aprovação de seu substitutivo.

Essa foi a redação que gerou polêmica, principalmente por obrigar os provedores de internet a guardar informações de data e hora de acesso aos seus servidores. Segundo os opositores, isso daria a empresas como Terra, UOL ou Google a obrigação de fiscalizar seus usuários, pois acabariam responsabilizadas pelos seus ilícitos. O texto chegou a ser apelidado de AI-5 Digital, em referência à censura à livre circulação de informações da Ditadura Militar.

Apesar de tratar de um tema a princípio técnico, o PL 84 é motivo de embates políticos e ideológicos no Congresso e entre especialistas. Enquanto o PSDB e seus aliados defendem a aprovação do texto, o PT e os governistas são contra, e defendem a criação do Marco Civil — documento que trata das dos direitos e responsabilidades de cada um na internet. Este, de autoria do Ministério da Justiça, porém, nunca foi enviado para votação dos parlamentares.

No próximo dia 24 de agosto, serão discutidos os prós e contras da Lei Azeredo, bem como sua necessidade. A proposta do debate é dos deputados federais Sandro Alex (PPS-PR), Eduardo Azeredo (PSDB-MG) e Luiza Erundina (PSB-SP).

Defenda a liberdade na internet!

ASSINE A PETIÇÃO

http://www.avaaz.org/po/save_brazils_internet/?vl

Unknown disse...

Probus,
Importante e oportuno!
Maria Tereza