Por Fernando Brito
Os “coxinhas” e os nem tão
“coxinhas”, que se consideram acima dos partidos e das ideologias, deveriam ler
esta matéria que o “OperaMundi” publicou [esta semana].
Conta como a falecida
primeira-ministra inglesa Margareth Tatcher, uma espécie de Lady Gaga do
conservadorismo, “encomendou” um discurso para que a Rainha Elisabeth II
anunciasse o início da Terceira – e última – Guerra Mundial.
Aos que têm menos de 40 anos,
certamente, isso parece algo insano e impossível.
Para nós, cinquentões, também era
insano, mas não impossível.
Talvez por isso tenhamos aprendido
que a paz se funda no equilíbrio e o equilíbrio se funda numa atitude de poder, mais que no poder,
propriamente dito.
Mikhail Gorbatchev, Tatcher, Ronald
Reagan, Karol Wojtyla foram protagonistas daqueles anos.
Os três últimos foram agressivos,
ousados, duros em seus propósitos. O primeiro capitulou mentalmente ante os
adversários e acabou reduzido a zero por um ébrio demagogo chamado – alguém se lembra? – Boris Yeltsin.
Acabou ali o mundo bipolar e seu
medo
Mas o mundo, porém, tornou-se, por
isso, unipolar.
E o pólo, como se sabe, é de onde
provêm as forças de atração, que a tudo arrastam.
Vivemos, então, algo como a Pax Romana, onde a
divergência era quase – quase? – pecaminosa.
O discurso conservador era, mal
disfarçadamente, o tirânico, que só permanece em coisas tipo Míriam Leitão e
Fernando Henrique Cardoso: “fazer o dever
de casa”.
Ou, numa tradução simples e direta:
“tudo o que o mestre mandar!”
Esses foram os tempos, meus caros e
mais jovens amigos.
E a má notícia: ainda são.
Porque o capitalismo sem freios e
limites, como provou a crise de 2008, é a ogiva nuclear de hoje.
Capaz de matar milhões de pessoas,
destruindo suas vidas com o desemprego, o arrocho dos salários, a decadência e
a exclusão.
Um câncer.
Econômico, mas tão mortal ou mais
que a radiação atômica produz.
E aos que não mata, torna em zumbis,
incapazes dos sentimentos grandiosos de generosidade humana.
Que são o que define “civilização” e
a separa da barbárie.”
FONTE: escrito por Fernando Brito em seu blog “Tijolaço” (http://www.tijolaco.com.br/index.php/como-a-loucura-neoliberal-quase-destruiu-o-mundo/).
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