sexta-feira, 25 de setembro de 2009

HONDURAS: MÍDIA BRASILEIRA VÊ CRISE, MAS EUA E OEA VEEM OPORTUNIDADE

Amorim: mídia do Brasil vê crise enquanto o mundo vê oportunidade

"O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou nesta quinta-feira (24), em Nova York, que a imprensa tem tratado o retorno de Zelaya a Honduras como uma crise, mas a situação deve ser encarada como uma oportunidade para resolver o problema no país.

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou nesta quinta-feira, em Nova York, que a imprensa tem tratado o retorno de Zelaya a Honduras como uma crise, mas a situação deve ser encarada como uma oportunidade para resolver o problema no país.

"Muito da mídia brasileira diz que a volta do Zelaya criou uma crise. Mas a secretária de Estado (americana, Hillary Clinton), o secretário-geral da OEA (Organização dos Estados Americanos, José Miguel Insulza), todos eles viram isso como uma oportunidade para resolver o problema", afirmou.

"Essa oportunidade, no caso, envolve riscos. Mas é uma oportunidade para que haja um diálogo, que é o que nós estamos querendo propiciar."

"Agora, para que haja um diálogo, é preciso que se abra o aeroporto, deixe que o avião chegue lá, uma missão da OEA chegue lá. Ou outra missão, se quiser ir o (ex) presidente (dos Estados Unidos, Jimmy) Carter, se quiser ir o presidente (da Costa Rica, Óscar) Arias."

Aeroportos

Nesta quinta-feira, o governo interino de Honduras autorizou a reabertura dos aeroportos do país pela primeira vez desde a última segunda-feira, quando Zelaya retornou à capital, Tegucigalpa, e se refugiou na embaixada brasileira. Mas apenas vôos domésticos estão autorizados. Vôos internacionais foram proibidos.

A OEA anunciou que enviará uma missão a Honduras ainda neste final de semana e determinou o retorno dos embaixadores que haviam se retirado após a deposição de Zelaya.

Na sexta-feira, o Conselho de Segurança da ONU deverá realizar uma reunião para discutir a crise em Honduras.

Zelaya foi deposto em 28 de junho. Ele foi preso em sua casa, ainda de pijamas, por um grupo de militares e levado ao exílio na Costa Rica.

A comunidade internacional não reconhece o governo interino instalado após a deposição, comandado por Roberto Micheletti, e considera Zelaya o presidente legítimo de Honduras.

"Não estou dizendo que seria correto ou que seria justo (as medidas tomadas por Zelaya, que provocaram sua deposição), mas que há procedimentos corretos para fazer isso. Não é pegar um fuzil, colocar na cabeça de um Presidente da República e sequestrá-lo para outro país", disse Amorim."

FONTE: informação divulgada ontem (24/09) pela agência britânica de notícias BBC (Brasil) e postada no portal "Vermelho".

2 comentários:

Unknown disse...

Faces do golpismo

Há duas atitudes aparentemente distintas perante o golpe de Estado hondurenho.
Uma destila o tradicional veneno antidemocrático, de retórica agressiva e valores distorcidos. Encontramo-la no udenismo renovado que aflorou no vácuo moral das classes médias urbanas. Para a vertente, Zelaya caiu porque mereceu, porque o “chavismo” deve ser combatido a porrete.
A outra face, enganadoramente inofensiva, escuda-se na apatia manhosa do pior provincianismo. Prefere a omissão do colonizado jeca, escancarando a banguela, tirando o chapéu para o painho estadunidense. Tem vergonha de ser brasileiro e defende que o país ocupe seu lugar na latrina do mundo subalterno. Convenientemente ignóbil, não “consegue” perceber que as próximas eleições hondurenhas vão justamente sacramentar o golpe, tornando-o irreversível e impune.
Ambas as posturas são complementares e indissociáveis. Mescladas nas diversas gradações combinatórias possíveis, constituem o estofo ideológico de todo movimento golpista: sempre há uma vanguarda atuante, apoiada na massa de manobra servil, que lhe garante a ilusão da legitimidade.
É importante entender esse mecanismo em funcionamento durante episódios externos e distantes, para reconhecê-lo quando operar em nosso próprio ambiente.

Unknown disse...

Prezado Scalzilli,
Ótimo comentário! Em conteúdo e forma. Agradável, claro, criativo e exatamente verdadeiro.
Obrigado
Maria Tereza