segunda-feira, 17 de novembro de 2014

ROTOS FALANDO DE ESFARRAPADOS




Noel e o escuro (ou iluminado) armazém de vergonhas da política

Por Fernando Brito

Há de viver eternamente/sendo escravo desta gente/que cultiva a hipocrisia.”.

Os versos de quase um século do genial Noel Rosa são o melhor resumo do sistema político brasileiro.

Quer testar se até as paredes sabem que ninguém se elege coisa alguma sem dinheiro, e muito?

Simples, imagine-se candidato a algum mandato.

Não é possível, não é?

Hoje, a revista "CartaCapital" publica as contas (oficiais) da campanha de Eduardo Cunha. Declarados, R$ 6,4 milhões, a quarta mais cara do país.

Na realidade, sabe-se lá quantas vezes mais.

Mas essa gente gasta tanto dinheiro – cinco vezes mais do que receberá de salários nos quatro anos de mandato – por generosidade, não é?

O sistema eleitoral brasileiro é um depósito de favores, convenientemente mantido em penumbra.

Quando se deseja, contra quem se deseja, acende-se um holofote, focando-o onde convém no armazém de vergonhas.

O que estamos vivendo é nem mais nem menos isso.

Rotos falando de esfarrapados, porque assim estão todos, salvo raras exceções.

Mas os mesmos moralistas, quando se fala em reforma política e financiamento público exclusivo das campanhas, arrepiam os espinhos e mostram as presas.

Dinheiro público para políticos! Absurdo!

E as “mordidas” municipais, estaduais, federais, “deputádicas e senatórias”, que elegem nossos moralistas, são de dinheiro o quê, senão público?

E, assim, a política fica não apenas na mão de quem tem dinheiro porque tem voto e tem voto porque tem dinheiro.

Mas na de quem tem o controle dos interruptores dos holofotes, que, como os iluminadores desse teatro da política, definem o que vai ser visto e o que fica oculto".


FONTE: escrito por Fernando Brito em seu blog "Tijolaço"  (http://tijolaco.com.br/blog/?p=23072).

Nenhum comentário: