terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

CRESCE PESO DAS EXPORTAÇÕES AOS ÁRABES NA BALANÇA COMERCIAL

Li ontem no portal UOL, coluna “Canal Executivo”, a seguinte reportagem de Alexandre Rocha, da Agência de Notícias Brasil-Árabe:

“As exportações do Brasil aos países árabes renderam US$ 545,7 milhões em janeiro, uma redução de 12,14% em comparação com o mesmo mês do ano passado, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior compilados pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira.

A queda, no entanto, foi bem menor do que a das vendas externas totais do Brasil, que diminuíram 26,3% na mesma comparação.

Nesse cenário, a participação do mundo árabe como destino das mercadorias brasileiras aumentou de 4,68% em janeiro de 2008 para 5,57% no mês passado, uma porcentagem recorde. Entre as regiões para onde o Brasil exporta, só houve aumento real nos embarques para a Ásia no primeiro mês do ano.

Os produtos que mais pesaram na redução das vendas aos árabes foram as carnes e os minérios. No caso dos produtos agrícolas em geral, o diretor do Departamento de Promoção Internacional do Ministério da Agricultura, Eduardo Sampaio Marques, disse que as exportações atingiram níveis excelentes no início do ano passado, o que explica em parte os valores menores no mês passado, já que os embarques de janeiro de 2009 ainda estão acima da média de anos anteriores.

As vendas de carne de frango, por exemplo, somaram US$ 97 milhões, com 81 mil toneladas embarcadas no mês passado, ante US$ 150 milhões e 91 mil toneladas no primeiro mês de 2008. Os números de 2009, porém, ainda são muito superiores aos de janeiro de 2007, quando as exportações renderam US$ 72 milhões e 63 mil toneladas foram comercializadas.

“E 2007 já tinha sido um ano bom”, disse Marques. Em sua avaliação, o que mais puxou os números do setor de frangos para baixo em janeiro deste ano foi a queda do preço do produto no mercado internacional.

No ramo da carne bovina, no entanto, a situação é diferente. Ocorreram reduções significativas tanto nas receitas de exportação quanto na quantidade embarcada. Esse fenômeno ocorreu nas vendas totais do setor, não apenas para o mercado árabe.

Durante entrevista coletiva realizada na semana passada, o diretor-executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Otávio Hermont Cançado, disse que a crise financeira teve forte influência no desempenho, já que faltou crédito para exportadores e importadores.

Na mesma linha de Marques, Cançado acrescentou que as exportações de janeiro de 2008 ficaram acima do normal, pois muitos exportadores anteciparam as vendas na época. Na seara do mundo árabe, porém, os embarques foram de apenas 12 mil toneladas no mês passado, menos até do que em janeiro de 2006 e de 2007.

De modo geral, as exportações do agronegócio aos árabes não tiveram um desempenho tão negativo. A receita atingida em janeiro foi de US$ 397,5 milhões, uma redução de apenas 4,7% em comparação com o mesmo mês do ano passado. Alguns produtos, como açúcar, milho e óleo de soja, registraram crescimentos expressivos nas vendas. Vale ressaltar que as exportações totais de óleo de soja diminuíram no mês.

As exportações do setor agropecuário para alguns países importantes também não decepcionaram, como para a Arábia Saudita, Argélia, Iêmen e Sudão. O milho, por exemplo, ajudou a impulsionar as vendas para o mercado saudita, tomando o lugar do açúcar no segundo lugar da pauta, atrás apenas das carnes. Na Argélia o destaque foi o óleo de soja, no Iêmen e no Sudão, o açúcar.

MINÉRIO

Fora do agronegócio, as vendas de minérios, terceiro item da pauta das exportações do Brasil aos árabes, caiu 45,5% em comparação com janeiro de 2008. De acordo com o gerente de dados econômicos do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Antonio Lannes, a crise fez diminuir a demanda internacional por aço, o que, por sua vez, atingiu o comércio de minério de ferro. Com vasta disponibilidade de energia, países árabes, especialmente os do Golfo, vinham investindo fortemente na área de siderurgia. “Imagino que eles estejam fazendo ajustes na produção e, por isso, comprando menos minério”, disse.

As exportações totais do Brasil nessa seara até aumentaram em janeiro, mas, segundo Lannes, o desempenho foi puxado quase exclusivamente pela China, que estava com baixos estoques de minério e precisou ampliar as importações para fazer frente à demanda criada pelo pacote bilionário lançado pelo governo local para combater a crise. Para o gerente, esse quadro pode estar mostrando “uma luz no fim do túnel” no que diz respeito ao minério de ferro.

SUPERÁVIT

Já as importações de produtos do mundo árabe caíram 58,96% e ficaram em US$ 321,85 milhões em janeiro. Dessa maneira, o Brasil voltou a ter superávit na balança comercial com a região, de US$ 223,82 milhões. As importações totais do Brasil também diminuíram no período, mas em menor nível: 16,6%.

De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, a diminuição dos gastos com petróleo por causa da queda no preço da commodity ajudou a puxar para baixo as compras externas brasileiras em janeiro. No caso dos árabes, trata-se do principal produto de exportação ao Brasil.”

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